Cuidado.
Um alerta que sempre faço a mim mesmo (e, ainda assim, algumas vezes me passo): temos que ter cuidado com o que dizemos e/ou escrevemos. Sempre, é óbvio, mas em especial em tempos extraordinários como esse que vivemos, de nossa vida estar em suspenso e não sabermos até quando. E ainda mais em tempos de redes sociais.
Estamos praticando o distanciamento social, de quarentena.
Uma orientação médica, técnica, determinada por estudo de evidências científicas, não baseadas em “achismo” ou medo. Que seguimos porque é o certo. E seguiremos até que essa orientação mude, o que ocorrerá caso do surgimento de novas evidências científicas que porventura mudem isso.
Assim é a ciência. As verdades são verdades até que surjam provas em contrário. A Terra não é plana, não é o Sol que gira em torno da Terra, todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele, a mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida e é produzida na direção de linha reta na qual aquela força é aplicada, a toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos.
Durante muito tempo, eu brincava que as pessoas podiam ter opiniões, mas eu não: meu compromisso era com a verdade... Brincadeira, claro, e poderíamos aqui entrar em uma longa discussão sobre dogmatismo e relativismo moral, mas não é esse o meu foco. Quero voltar ao cuidado com o que dizemos e/ou falamos e esse momento de apreensão que vivemos.
Estamos num mundo onde todos se acham na obrigação de emitir opiniões, de “gritar” ao mundo o que pensam. As redes sociais são um prato cheio disso e, mais, como Umberto Eco disse no já longínquo ano de 2015, as redes sociais deram voz a uma “legião de imbecis”. O que reforça o cuidado que procuro ter com o que digo. Aqui mesmo, neste espaço, há alguns anos, já tive problemas por escrever um texto não politicamente correto – uma piada interna entre amigos – e ser “censurado” por pessoas que não me conheciam. Acontece, e passei a ter mais cuidado com o que escrevo.
Todo esse longo preâmbulo para dizer que, por esses dias, quando um médico – seja qual for a especialidade – vai às redes sociais dar sua opinião sobre a atual pandemia, seja ela qual for, existe uma potencialmente grande audiência que está ansiosa para ter sua opinião pessoal “validada” por um especialista. Se o que esse especialista diz vai contra o que mundo científico pensa a respeito, que é baseado nas evidências disponíveis, ele pode estar incorrendo no erro de estimular as pessoas que esperavam por alguém que validasse suas falsas crenças a desrespeitarem as recomendações vigentes, e não só se colocar em risco, mas colocar outros em grande risco.
O que estamos vivendo não é brincadeira.
Temos que ter cuidado com o que dizemos.
Até.
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