Eu pequei.
Minha culpa, minha máxima culpa.
Confesso a vocês, contrito, um pecado cometido no final de semana que passou, no sábado, para ser mais preciso. À tarde. Por uma hora inteira.
Saí de casa.
Sozinho.
Para andar de bicicleta.
Durante cerca de uma hora, de roupa adequada, capacete, óculos e máscara facial, pedalei vinte e um quilômetros pelas ruas de Porto Alegre, parte pela orla, que estranhamente estava com o trânsito bloqueado para carros como normalmente fica, mas não deveria durante o período em que pouco devemos sair de casa. Não era o único (o que não diminui a gravidade do pecado). Diversas pessoas fazendo o mesmo, sozinhas ou no máximo em duplas. O menor movimento de carros tornou mais seguro trajeto que fiz.
O vento esteve contra boa parte do trajeto, em que minha preocupação maior variava entre os efeitos de um mês sem pedalar na força das pernas e me manter afastado de outros praticantes de exercício. Sempre usando a máscara facial, e ouvindo música, claro. A playlist chamada ‘Quarentena’, do Spotify.
Foi estressante, confesso.
O pensamento recorrente era de que eu estava desrespeitando as regras de distanciamento social (apesar de estar sozinho, sem conversar com ninguém, procurando não me aproximar de ninguém) e de ficar em casa. Mesmo que o próprio Ministro da Saúde tenha dito que não teria problema. E se alguém me visse? Pior, se eu fosse fotografado e – na segunda-feira, hoje – eu aparecesse na capa do jornal com a manchete ‘Pneumologista não respeita a quarentena’. Paranoia, eu sei, mas vai saber...
Tinha me planejado me exercitar dessa forma no sábado e no domingo.
Desisti.
Não vale o estresse, e a hora é de ser solidário. Vou ficar em casa, para proteção de todos (exceto para ir ao consultório e ao mercado, comprar gêneros alimentícios).
De novo, aceitem minhas desculpas.
Até.
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