segunda-feira, agosto 31, 2020

A Sopa

(Crônicas de uma Pandemia – Cento e Sessenta e Nove Dias)

 



Ontem não teve Sopa, porque hoje o dia é especial.

 

Há vinte e quatro anos era sábado. E chovia.

Horas antes, fui até o local da festa, que deveria estar pronto, só que a equipe que ia colocar o som ainda não tinha aparecido. Se eles não aparecessem, seria uma festa de casamento sem música. Depois da igreja, uma festa à capela, pensei. Azar, não havia nada que eu pudesse fazer naquele momento. Fui para a casa.

Em casa, hora de fazer a barba. Com todo o cuidado, “na ponta dos dedos”. No final, um deslize e craw! um talho no meu pescoço. Uma falta de prática ou um condicionamento cósmico, afinal o meu sogro havia tido o mesmo problema no seu casamento? Não importava muito naquele momento.

Cinco meses antes, quando fui marcar a data, o padre ficou surpreso quando eu disse que queríamos nos casar em agosto. “Ninguém casa em agosto”, ele disse, “dizem que dá azar”. Respondi para ele que dia trinta e um à noite já era praticamente setembro, e – além disso – a festa ia começar em agosto e ir até setembro, o que só podia ser um bom sinal, afinal de contas.

Quando a vi pela primeira vez, dia 02 de janeiro de 1995, pensei que ela era muita areia para o meu caminhãozinho. Que eu teria que fazer muito para merecê-la, para ser digno de estar com ela.

É o que venho tentando desde então.

E muito feliz.

Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim 
Que nada nesse mundo levará você de mim 
Eu sei e você sabe que a distância não existe 
Que todo grande amor 
Só é bem grande se for triste 
Por isso, meu amor 
Não tenha medo de sofrer 
Que todos os caminhos me encaminham pra você 
Assim como o oceano 
Só é belo com luar 
Assim como a canção 
Só tem razão se se cantar 
Assim como uma nuvem 
Só acontece se chover 
Assim como o poeta 
Só é grande se sofrer 
Assim como viver 
Sem ter amor não é viver 
Não há você sem mim 
E eu não existo sem você


Te amo, Jacque.

Até

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