(Crônicas de uma Pandemia – Cento e Sessenta e Nove Dias)
Ontem não teve Sopa, porque hoje o dia é especial.
Há vinte e quatro anos era sábado. E chovia.
Horas antes, fui até o local da festa, que deveria estar pronto, só que a equipe que ia colocar o som ainda não tinha aparecido. Se eles não aparecessem, seria uma festa de casamento sem música. Depois da igreja, uma festa à capela, pensei. Azar, não havia nada que eu pudesse fazer naquele momento. Fui para a casa.
Em casa, hora de fazer a barba. Com todo o cuidado, “na ponta dos dedos”. No final, um deslize e craw! um talho no meu pescoço. Uma falta de prática ou um condicionamento cósmico, afinal o meu sogro havia tido o mesmo problema no seu casamento? Não importava muito naquele momento.
Cinco meses antes, quando fui marcar a data, o padre ficou surpreso quando eu disse que queríamos nos casar em agosto. “Ninguém casa em agosto”, ele disse, “dizem que dá azar”. Respondi para ele que dia trinta e um à noite já era praticamente setembro, e – além disso – a festa ia começar em agosto e ir até setembro, o que só podia ser um bom sinal, afinal de contas.
Quando a vi pela primeira vez, dia 02 de janeiro de 1995, pensei que ela era muita areia para o meu caminhãozinho. Que eu teria que fazer muito para merecê-la, para ser digno de estar com ela.
É o que venho tentando desde então.
E muito feliz.
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você
Te amo, Jacque.
Até
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