quinta-feira, março 17, 2022

Perdiditos en Uruguay (28)

A Viagem, nono dia.

 

Segunda-feira, manhã. Após o café da manhã e checkout, começamos nossa rota em direção ao ponto mais perto que estaríamos de Buenos Aires em toda nossa viagem, Colônia del Sacramento.

 

É de Colônia que sai o Buquebus, transporte fluvial que liga – através do Rio da Prata – Uruguai e Argentina. Pode-se sair de Montevideo ou de Colônia del Sacramento, e o destino de chegada é o Puerto Madero, em Buenos Aires. A viagem demora cerca de hora e quinze a partir de ou para Colônia.  Até havíamos pensado em fazer esse passeio nessa viagem, mas o custo (ia sair cerca de mil reais por pessoa só de passagem de ida e volta) e o tempo nos fizeram repensar essa ideia, e aproveitar esse valor em outras experiências.

 

Eu gosto de Buenos Aires, devo dizer.

 

Foi lá que a Jacque e eu passamos nossa lua de mel, no já longínquo ano de 1996, e depois acabamos indo novamente em família em 1997. Depois, um longo período sem visitar a cidade que não fosse a trabalho (em 2003, eu acho) até 2006, logo após minha volta do Canadá, quando fomos em dois casais, a Karina e o Paulo (o ex-marido dela e pai da Roberta e do Gabriel) e a Jacque e eu, viagem em que o Paulo ganhou o Trofeu Obelisco de Viagem, até onde lembro pelo humor dele, que já não era o mesmo de outrora... Voltei à Buenos Aires em 2015, para um evento médico, com alguns amigos pneumologistas, e, além de assistir ao evento, acabou sendo quase uma viagem de colégio, de tanto que nos divertimos, tomamos bons vinhos, comemos boas parrillas, e aproveitamos a cidade. 

 

Com o tempo, e os diferentes governos e crises argentinas, ficou cada vez menos atrativo viajar para lá, e as histórias de dificuldades com a polícia rodoviária local sempre me tiraram a vontade de voltar à Argentina. Exceto pela Patagônia, que sempre está em meus planos.

 

Saímos de Montevideo em direção à Colônia, e coloquei uma playlist chamada ‘Rockn’roll’, que havia feito tempos atrás para a Marina conhecer esse tipo de música. Começa com AC/DC, Highway to Hell, e segue nessa pegada. Nossa audição não durou muito: fui obrigado a trocar após protestos gerais...


O trajeto entre Montevideo e Colônia del Sacramento, nosso próximo destino é de 208km, cerca de 2h45. Como de costume no Uruguai, estrada boa e sem grande movimento, mesmo durante a saída da capital. Fizemos a viagem em duas etapas, além das tradicionais paradas horárias para a dança das cadeiras do banco de trás. A parada foi em San Jose de Mayo, mais ou menos na metade do caminho, próximo ao meio-dia, momento em que o comércio começava a fechar suas portas para o almoço.

 

Viajar para o interior do Uruguai é, também, e de certa forma, viajar para o passado. Cinemas de rua, carros antigos, a praça central com a Catedral, a Intendência. Em pleno centro da praça, o monumento que diz “Todos los Orientales Renuncian a La Lucha Armada Y Someten Sus Respectivas Aspiraciones a La Decision Del País Consultado com Arreglo a La Constitucion Y a Sus Leyes”. Chegando à praça, um calçadão com (àquela hora) lojas fechadas. Na esquina, um restaurante com grande letreiro da Pepsi, o que – para mim – lembra mais ainda o passado.


                                         

 Na praça, em San Jose de Mayo


Após passear ao redor da praça, e pelo calçadão das lojas fechadas, paramos no restaurante do letreiro da Pepsi para comprar picolés e usar o banheiro, não nessa ordem. Sentamo-nos um pouco na praça antes de voltarmos para o carro, enquanto comíamos os picolés, ou fizemos isso antes de comprar, já não sei ao certo. De qualquer forma, encerramos a visita e seguimos para Colônia del Sacramento. A segunda etapa da viagem do dia, de San Jose até Colônia, é de cerca de 110km e 1h40. 

 

                                                

San Jose de Mayo


A história de Colônia del Sacramento é antiga, e tem origem na antiga cidade de Colônia do Santíssimo Sacramento, fundada em janeiro de 1689 por Manuel Lobo, então Governador da Capitania Real do Rio de Janeiro, a mando ao Império Português. Foi local disputado, devido a sua localização geográfica, no Rio da Prata e em frente à Buenos Aires, tendo sido território português e espanhol alternadamente, em conflitos que estavam relacionados ao comércio, tráfico de escravos e contrabando. Em 1817, D. João VI incorporou toda a região do Uruguai aos domínios de Portugal no Brasil. Com a Independência do Brasil em 1822, a Colônia passou a integrar os domínios do novo paísaté a Independência da República Oriental do Uruguai, em 1828. A área onde localiza-se a fundação portuguesa faz parte do Centro Histórico, reconhecido pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.

 

                                               

Farol, Colônia del Sacramento


Chegamos em Colônia e fomos direto para a Nova Posada, simpática pousada a cerca de 700m do Centro Histórico, ótima localização, mas – assim como em Punta del Este – sem estacionamento. Também como na praia anterior, deixei o carro estacionado na rua, atrás da Prefeitura e em frente à pousada. Sem problemas.


                                               

Nova Posada, Colônia del Sacramento


Após o checkin, fomos caminhar a almoçar (lá pelas 15h). Entramos numa parrilla, nos colocaram num salão separado, apenas nós, pedimos o almoço, e esperamos. Esperamos. E esperamos mais um pouco (talvez não tenha sido tanto, mas a fome fez parecer uma eternidade...). Quando veio, a comida era bem boa, mas o destaque foi a Karina, que pediu uma taça de vinho rose e ficou como se tivesse tomado um balde de vinho: contava e ria sozinha das próprias piadas e trocadilhos...

 

                                 

Passeando por Colônia


Após o almoço, fomos conhecer o Centro Histórico, e o seu farol. O dia, de sol com poucas nuvens no horizonte, estava belíssimo. Fizemos a visita, caminhando lentamente, olhando tudo em detalhes e fotografando. Um ótimo passeio, mas que – eu responsabilizo o “passinho shopping center” - me deixou com MUITA dor cervical. Acabei voltando à pousada e fiquei um tempo deitado para ver se aliviava. Não assisti ao pôr do sol com eles, mas à noite os encontrei para jantarmos juntos.

 

                                                 

Pôr do sol

Pedimos uma ‘picada’, uma tábua de petiscos variada.

 

A Karina achou horrível. Eu gostei.

 

Voltamos à pousada, pois no dia seguinte visitaríamos Carmelo, e – quem sabe – uma vinícola.

 

                                               

Final do dia, Colônia


Até. 

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