Eu não faço terapia.
Já fiz, contudo, há muito tempo, mais de trinta anos atrás, ainda no início dos anos noventa do século passado, ainda no segundo milênio da Era Cristã. E foi muito bom à época.
Foi mais ou menos um ano depois do acidente de carro do qual fui vítima e quando fiquei treze dias em coma internado em uma UTI, aos dezoito anos de idade, em uma história já contada algumas vezes e que está no meu livro ‘A Sopa no Exílio’, publicado pela Editora Bestiário. Fiz terapia porque aquele período após os acontecimentos, passado o período em que fui o centro das atenções de todos à minha volta, quando me dei conta definitivamente do que havia acontecido e, mais, do que poderia ter acontecido, realmente me perturbou. Foi bom para entender algumas coisas e, mais, me entender à época.
Após, nunca mais houve o timing – digamos assim – para que eu fizesse novamente, e acabei ao longo do tempo aprendendo algumas estratégias para lidar com as situações da vida que seriam talvez melhor levadas com o auxílio, com o trabalho de uma terapia. Isso não me torna melhor e nem pior do que ninguém, óbvio, e continuo certo de que terapia é algo extremamente útil. E não sou capaz de dizer que o período que fiz foi suficiente ou não, e nem isso importa, afinal a vida seguiu e estamos aqui, ainda na luta.
Sigo, por outro lado, constantemente refletindo e analisando a vida, tentando olhar com uma visão crítica e aprendendo com essas observações. É o meu jeito atual de lidar com as coisas, e – de novo – não quero dizer que isso é certo ou errado. É o meu jeito atual, é a forma que lido com as coisas.
Entre os temas atuais de meus pensamentos mais ou menos recorrentes está a finitude da vida e o viver o dia de hoje, viver o presente, que é tudo o que temos. O passado já foi, não existe mais, não pode ser alterado (apenas a forma como o interpretamos) e o futuro é uma possibilidade. Que será criado a partir do que fazemos agora.
Até.
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