Desde que vim para o Canadá e estou com computador e internet, tenho passado bastante tempo "surfando" na rede mundial de computadores. Através do Orkut, descobri vários outros brasileiros que estão não só no Canadá, mas em diversos países pelo mundo. E tenho também dedicado algum tempo para visitar outros blogs.
Se vê de tudo, obviamente. Afinal, a internet é um espaço democrático, aceita tudo. Se por um lado isso é bom, por outro tem distorções.
É engracado ver alguns blogs cheios de certezas, de opinões definitivas sobre todos os assuntos, críticas ácidas e algumas vezes cruéis àqueles que pensam diferente de seus autores.
Eu já fui assim.
Houve um tempo em que eu tinha essas certezas todas. Em que a verdade era clara, cristalina, e única. Ou estava ao lado do que é certo, ou estava 100% errado. Bom ou mal, preto ou branco. Tudo mais simples, não era preciso pensar muito.
Mas as coisas mudam, e o tempo e a experiência nos fazem ver o mundo de maneira diferente, como não poderia deixar de ser. Percebemos, então, que a maioria das certezas desmorona como castelos de areia que o mar leva embora. Descobrimos que nem tudo é como parece num primeiro instante, que nem sempre vamos saber o que fazer ou dizer ao nos defrontarmos com uma situação nova, e que isso não é necessariamente ruim. Que às vezes simplesmente temos que dar de ombros e seguir caminhando.
Quanto mais vivo, menos certezas absolutas eu tenho. E mais tranqüilo fico.
Certezas absolutas e verdades únicas só levam a fanatismos e intolerâncias.
Lembro da música 'Loucos de Cara' do Vítor Ramil:
"Se um dia qualquer, tudo pulsar num imenso vazio,
coisas saindo do nada, indo pro nada,
Se mais nada existir, mesmo o que sempre chamamos real,
e isso pra ti for tão claro, que nem percebas.
Se um dia qualquer, ter lucidez for o mesmo que andar,
e não notares que andas, o tempo inteiro
É sinal que valeu, pega carona no carro que vem,
se ele é azul não importa,
Fica na tua"
Quanto mais sei, mais sei que não sei.