quinta-feira, setembro 30, 2004

Do tempo e seus efeitos

Desde que vim para o Canadá e estou com computador e internet, tenho passado bastante tempo "surfando" na rede mundial de computadores. Através do Orkut, descobri vários outros brasileiros que estão não só no Canadá, mas em diversos países pelo mundo. E tenho também dedicado algum tempo para visitar outros blogs.

Se vê de tudo, obviamente. Afinal, a internet é um espaço democrático, aceita tudo. Se por um lado isso é bom, por outro tem distorções.

É engracado ver alguns blogs cheios de certezas, de opinões definitivas sobre todos os assuntos, críticas ácidas e algumas vezes cruéis àqueles que pensam diferente de seus autores.

Eu já fui assim.

Houve um tempo em que eu tinha essas certezas todas. Em que a verdade era clara, cristalina, e única. Ou estava ao lado do que é certo, ou estava 100% errado. Bom ou mal, preto ou branco. Tudo mais simples, não era preciso pensar muito.

Mas as coisas mudam, e o tempo e a experiência nos fazem ver o mundo de maneira diferente, como não poderia deixar de ser. Percebemos, então, que a maioria das certezas desmorona como castelos de areia que o mar leva embora. Descobrimos que nem tudo é como parece num primeiro instante, que nem sempre vamos saber o que fazer ou dizer ao nos defrontarmos com uma situação nova, e que isso não é necessariamente ruim. Que às vezes simplesmente temos que dar de ombros e seguir caminhando.

Quanto mais vivo, menos certezas absolutas eu tenho. E mais tranqüilo fico.

Certezas absolutas e verdades únicas só levam a fanatismos e intolerâncias.

Lembro da música 'Loucos de Cara' do Vítor Ramil:

"Se um dia qualquer, tudo pulsar num imenso vazio,
coisas saindo do nada, indo pro nada,
Se mais nada existir, mesmo o que sempre chamamos real,
e isso pra ti for tão claro, que nem percebas.
Se um dia qualquer, ter lucidez for o mesmo que andar,
e não notares que andas, o tempo inteiro
É sinal que valeu, pega carona no carro que vem,
se ele é azul não importa,
Fica na tua"

Quanto mais sei, mais sei que não sei.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ola Marcelo.
Estou retribuindo sua visita no meu Blog. Acho que os Blogs passam uma imagem tao confiante assim pq sao baseados em uma experiencia unica, vivida pelo autor e que talvez desconheca que a mesma acao possa ser feita de formas diferentes. Vou refletir mais sobre seu comentario nos meus proximos posts. Abraco.
Mauricio V. Almeida - http://canadiando.zip.net

Anônimo disse...

Pois é Taddy . Eu tb. Sei que passo aquela imagem do "eu sei tudo", mas não é bem assim.Tem uma parte de um musica do Erasmo que diz : "Todos me dizem quando fico sério, ele é um homem e entende tudo. Por dentro com a alma atarantada...sou uma criança não entendo nada".
Como é bom ser inoscente !!!!!!!!
Um abraço do Jéferson

Anônimo disse...

Muito interessante ver o Marcelo "dono-da-verdade"Tadday, se transformando em um cara mais mais maduro, mais pensativo, mais eclético, ou talvez menos definitivo...não sei se tudo era parte da lenda preconizada por ti que dizia que os outros podiam até ter opiniões diferentes, mas tu não, pois tinhas um "compromisso com a verdade"...Bem legal isso,não estamos simplesmente envelhecendo, estamos nos tornado cada vez mais sábios...ADOREI ouvir isso de ti! Mil beijos da tua Jacquinha

Comedida disse...

Pois é...isto já foi um tópico e é motivo do nome do meu blog. Chega de radicalismos. Chega de 100%. Chega de tudo ou nada. sempre vivi assim e hoje busco as nuances. Talves seja porque sempre fui inocente como o Jefferson falou e acreditava que uma divisão tão absoluta e exata era possível, entre bom e ruim, bem e mal, certo e errado, feio e belo, amor e ódio. O desafio com o passar do tempo passa a serencontrar o meio termo, o equilíbrio, o morno, o médio, não o medíocre, mas viver o continuum.
Beijo, Aline