Toronto nunca esteve nos meus planos.
Exatamente por isso - provavelmente - é que algumas vezes eu não me dê conta de onde estou. Daí, sem mais nem menos, vem aquela revelação: puxa vida, estou no Canadá! No ônibus, ou andando na rua, vejo a CN Tower, e não parece real. Depois de tanto ver fotos, sites da internet, estou em frente à torre, mas ainda não parece de verdade.
Aconteceu a mesma coisa na primeira vez em que estive em Paris. Até ver a Torre Eiffel, não conseguia me sentir na cidade. Ao vê-la, não parecia real. Uma montagem, quem sabe. Demorou até me adaptar...
Então, talvez se - ao invés de Toronto - eu estivesse passando esse tempo em Paris, estaria passando os meus dias boquiaberto, caminhando lentamente pelo bulevares, curtindo cada minuto na cidade. Isso porque já faz anos que sou um apaixonado por Paris, um encantado com a 'Cidade-Luz'.
Conheço Toronto há apenas um mês. Ainda não tive tempo de 'digerir' a cidade, de começar a vivê-la. É uma questão de tempo, de adaptação, de reconhecer o terreno, ter os meus roteiros do dia-a-dia, de criar as preferências. É um novo relacionamento, cujo início é sempre marcado por uma certa formalidade, por pudores exagerados. À medida que a convivência aumenta, cria-se a intimidade, e o tratamento muda. De 'senhora', passarei a tratar a cidade por 'tu'. Simples questão de tempo e convivência.
Ainda vou me surpreender várias vezes com o fato de estar aqui, é esperado. Sempre imaginei morar um tempo fora do Brasil, mas achava improvável. Agora, cá estou eu todos os dias no metrô ouvindo discman (hoje foi Chico Buarque) e lendo o jornal a caminho do hospital. Parece banal.
Mas acho que não é.
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