Pois é, hoje à tarde embarco para um vôo de sete horas e vinte minutos até Frankfurt, onde farei a conexão para o vôo de uma hora e dez minutos até o aeroporto de Malpensa, na perifeira de Milão, onde chego às 10:15 am, hora local, 4:15 am hora de Toronto. O lance é entrar no avião e mudar para o fuso do meu destino, seis horas à frente, e – claro – tomar um comprimidinho para dormir.
Serão duas semanas pela Itália, da Lombardia, ao norte, até a Sicília, ao sul, terminando em Roma onde, claro, que ficaremos pouco tempo porque para Roma, non basta una vitta.
Visitar alguns lugares novamente, como a Galeria degli Uffizi, em Florença, por exemplo, e rever Boticelli e seus ‘Nascimento de Vênus’ e ‘Primavera’. Na caminho em direção à Roma, vindos da Sicília, parar em Amalfi, prestar homenagem a Flávio Gioia, o inventor da bússola, e quem sabe comer um spaguetti com frutos do mar no restaurante San Andrea, ao lado da catedral de mesmo nome. Sem esquecer do limoncello, o famoso licor de limão da região, que cheguei a fazer lá em casa, em Porto Alegre.
Durante esse tempo, e na medida do possível, vou contando aqui o que está se passando, por onde estamos passando, algumas impressões e fotos. Se tivesse mais tempo e mais organização, talvez eu usasse esse tempo para escrever o guia de viagens “Conhecer a Itália é Sopa”, algo mais ou menos no estilo da expedição ‘Pé-na-areia’ do Ricardo Freire, para atualização do seu guia de praia Freire’s, que vocês podem acompanhar online aqui.
Enquanto isso, deixo com vocês a segunda parte do texto ‘Stress’, publicado ontem.
Como eu dizia, segunda foi um dia tenso. Eu queria ir ao Brasil para o aniversário da Jacque e – aproveitando que estaria lá mesmo – cortar o cabelo.
Você pode estar se perguntando “Que cabelo?”, e eu digo, vá procurar sua turma, palhaço... Mas o fato é que cortar o cabelo havia se tornado numa fonte de stress para mim, por algumas peculiaridades que lhes conto agora. Primeiro, porque não há muitas opções de cortes para o meu tipo e quantidade de cabelos. O que seria uma facilidade, pode se tornar um problema. Eu não gosto de volume nas laterais da cabeça, naquela parte acima da orelha, e também não gosto que o corte fique arredondado, dando um aspecto de cotonete ao todo… É um corte quase militar, na verdade.
Enquanto em Porto Alegre, nada disso era problema, afinal eu cortava o cabelo há dez anos no mesmo lugar, com a mesma pessoa. Tranqüilo, já nem precisava falar nada, só concordava que era para fazer o mesmo de sempre. A não ser na vez que cortei tudo, era sempre “o de sempre”. Nestes dez anos, na única vez em que tive que cortar em outro lugar, ouvi a última coisa que alguém que está cortando o cabelo quer ou deve ouvir: “Agora é tarde…”.
Já há quase dois meses em Toronto, ainda não havia tido coragem de cortá-lo, com medo do que poderiam fazer. Lembrem-se, a pessoa é o seu cabelo. O cabelo também é o nosso cartão de visitas. Pois é, dois meses sem cortar, o cabelo crescendo e eu parecendo cada vez mais careca (num dos paradoxos da existência), tinha que fazer alguma coisa: cortá-lo.
Que momento mais apropriado para fazer isso que numa ida à Porto Alegre?
Pois é, estava cheio de razões – e das boas – para viajar.
Mas a contra-revolução foi mais forte, e me conveceram a não cometer esta loucura. E o meu cabelo, que quanto mais crescia, caía?
O jeito era tomar uma atitude. E foi o que eu fiz, resoluto.
As opções que eu tinha eram comprar uma máquina e cortar eu mesmo, procurar um cabelereiro ou – como homem que sou – ir a um barbeiro. Decidi pela última alternativa. Com uma indicação de um colega, próximo ao hospital, fui num barbeiro. Italiano.
Joe, mais ou menos sessenta anos, o barbeiro arquetípico. Pense num barbeiro italiano: esse é o Joe. Só faltou cantar o Barbeiro de Sevilha (mas aí teria que ser o Pernalonga – ou pica-pau -, lembram do desenho? Um clássico).
Conversamos durante o corte. Eu falava de lugares na Itália e ele me perguntava sobre o Brasil. Inglês com forte sotaque italiano, e eu com o meu sotaque latino. Dei instruções, sugeri que cortasse mais aqui, ali, inclusive sugeri que passasse a máquina nos lados… Estava esperando que ele me entregasse a tesoura e dissesse que eu devia ser melhor barbeiro do ele, ou me expulsasse dali aos gritos de “Cáspita!”, ou pegasse a navalha e cortasse minha garganta para que eu parasse de falar...
Mas foi tudo bem. Mês que vem eu volto, menos estressado.
Ou vou à Porto Alegre.
Até.
4 comentários:
Eu concordo. Eu to num dilema...querendo cortar meu cabelo de um jeito diferente, mas com medo de arriscar e ficar ridicula.
Marido corta com um barbeiro italiano tambem, ali pertinho de casa! Beijos e boa viagem!!
Marcelo:
Passei somente para desejar-lhe boa viagem.
Abraços.
Edgard.
Que sua viagem seja ótima! Aproveite bastante e nos conte como foi!!
Bjocas
Ah! E nos encontraremos por aí sim!! Vc é que tem que nos esperar pra provarmos da famosa sopa de ervilhas!!
;o)
Quem canta o Barbeiro de Sevilha é o Pica-Pau, enquanto corta o cabelo e faz a barba do Wally Walrus...ou Leôncio nas adaptações para português;
Vitor.
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