terça-feira, março 15, 2022

Perdiditos en Uruguay (26)

A Viagem, sétimo dia (2).

 

                         

Teatro Solís


O Teatro Solís é um dos símbolos arquitetônicos não só de Montevideo, mas de todo o Uruguai. Foi inaugurado em 1856 com a apresentação de uma ópera de Verdi, e seu nome homenageia o navegante Juan Días de Solís, descobridor do Rio da Prata. Fica ao lado da Plaza Independencia, próximo à Ciudad Vieja. É um teatro tipo italiano, com características típicas dos teatros líricos, com orquestra e quatro anéis conhecidos como Baixo Tertulia, Tertulia alto, Panela e Paraíso. Era um dos nossos objetivos de visita.

 

Não o fizemos, contudo.

 

Estava fechado, e só abriria bem mais tarde naquele dia porqie haveria uma apresentação de teatro. Paciência, ficou para a próxima, que idealmente não deve demorar muito... Da frente do Teatro, decidimos tomar um café no Starbucks que fica a poucos metros dali. Entramos, fizemos nossos pedidos (a Roberta pediu um frapuccino de mate, verde e ruim, sejamos sinceros, não tomou todo). Assim que havia feito os pedidos, enquanto aguardávamos nossos cafés, a Marina percebeu que eles tinham, entre os copos servidos, uma edição especial de copos associados à Taylor Swift, cantora da qual a Marina é muito fã.

 

Enlouqueceu, claro.

 

Começou a prestar a atenção no que as pessoas estavam tomando para ver se deixavam um copo sobre a mesa para que ela pudesse pegar... Ninguém fazia, todos educados a ponto de levar para o lixo reciclável o que era reciclável e no lixo orgânico o que era para tal. Frustração. Opções? Alguém sugeriu pegar um copo usado do lixo, lavá-lo e levar para casa.

 

Essa possibilidade foi considerada, as Arinas até sondaram as lixeiras para ver de qual pegariam, plano esse que foi abortado apenas quando a Roberta foi no balcão e pediu um copo para uma das funcionárias. Conseguiu, e não deixou a mãe e a prima virarem catadoras de lixo. Ao mesmo tempo, a Marina ficou radiante com o presente, fazendo vários vídeos emocionada com o copo.... Vai entender...

 

                               


Dali fomos para o Shopping Punta Carretas, no bairro de mesmo nome, e ao supermercado, onde compramos provisões para um lanche de final de tarde, além de comprarmos cuias, garrafas térmicas e erva-mate para fazermos um mate uruguaio. O supermercado espetacular, daqueles que nos faz ter vontade de morar no Uruguai apenas para ir fazer compras ali...

 

                                    


Voltamos ao hotel, fui à academia fazer esteira, e – após o banho – nos reunimos no nosso quarto para um happy hour com chimarrão (em mini cuia uruguaia) e petiscos. Todos nos reunimos, sentamo-nos nas camas e no chão, e começamos falando de filmes, de música, e a conversa evoluiu para o que foi uma grande sessão de terapia, em que falamos das dinâmicas de nossa relação enquanto grupo, enquanto família.

 

Poderia alguém dizer que foi lavar roupa suja, mas não. Muito antes pelo contrário, para ser honesto. Foi uma conversa franca, tranquila, leve, em que dissemos o que pensávamos e sentíamos em relação aos outros, e aí pareceu – definitivamente na viagem – que ajustamos nossa sintonia para a mesma vibração.

 

Todos saímos mais leves dali, para ainda irmos jantar no Hard Rock Café Montevideo, onde o ambiente também estava alto-astral. 


                                  

 

Chovia na hora em que saímos do Hard Rock, e a música que tocava em minha cabeça, e que serviu de trilha sonora para um stories do Instagram era Duerme Montevideo, do Vitor Ramil.

 

                                 

Duerme, Montevideo



Dentro de um velho carro

O tempo não quer passar
Por mais que eu ande, as ruas em mim
Não mudam de lugar

Plátanos perdem folhas
Cobrindo o chão de luar
Lá onde o pensamento me põe
Querendo se encontrar

Duerme, Montevideo
Sonha que estou em ti
Um sonho que dure uma eternidade

Duerme, Montevideo
Sonha que vivo em ti
Viver é maior que a realidade

Dentro da noite clara
O tempo quer se mostrar
Quer ser o meu avô e o meu pai
Quer ser um rio que é um mar

Casas me reconhecem
A rambla me vê cruzar
Lá onde o pensamento me vai
Querendo se encontrar

Duerme, Montevideo
Sonha que estou em ti
Um sonho que dure uma eternidade

Duerme, Montevideo
Sonha que vivo em ti
Viver é maior que a realidade

Dentro de um oriente
O tempo quer madrugar
Quer ver um sol que há muito se foi
Na luz do que virá

Venha esse novo dia
Venha me esperar
Lá, onde o pensamento estiver
Querendo me encontrar

Duerme, Montevideo
Sonha que estou em ti
Um sonho que dure uma eternidade

Duerme, Montevideo
Sonha que vivo em ti
Viver é maior que a realidade

 

Dormimos bem.

 

Até.

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