terça-feira, março 01, 2022

Perdiditos en Uruguay (14)

A Viagem, segundo dia.

 

Segunda-feira, 31 de janeiro de 2022.

 

Já antes de dormir, na noite anterior, havíamos – a Jacque e eu - decidido, sob protestos da Marina que não queria, que ela coletaria um novo PCR para COVID logo cedo de manhã para ter o resultado ainda na segunda-feira para entrarmos no Uruguai no dia planejado. Assim fizemos.

 

Acordamos por volta das 7h e fomos nós três, ainda antes de tomar café da manhã, a um laboratório de análises clínicas em São Lourenço, para coletar na primeira hora e ter o resultado o mais cedo possível. Que seria no dia seguinte, segundo nos informaram quando chegamos no local. Talvez ficasse pronto, mas não poderiam prometer. Perguntei se caso coletássemos em Pelotas, cidade maior, a 74km de distância em direção sul, mais próximos do Uruguai, portanto. Responderam que era possível, já que todos os exames dali eram enviados no final da manhã para lá.

 

Estava decidido: iríamos à Pelotas coletar um novo PCR.

 

Voltamos ao hotel e, durante o café da manhã, a Roberta fez algumas ligações para serviços de informações sanitárias do governo uruguaio na tentativa de esclarecer nossa dúvida. Num espanhol impecável, e nós olhando encantados com sua fluência, não conseguiu descobrir o que queríamos a despeita do domínio da língua a ponto de quase brigar com o funcionário que não sabia sobre o que falava...

 

Carregamos o carro, nos despedimos do Tio Beto, e seguimos para Pelotas.

 

Chegando lá, fomos até uma das sedes do laboratório onde nos encaminharam para um drive thru de coleta. Ali, finalmente conseguimos coletar o exame. O detalhe era que TALVEZ ficasse pronto no mesmo dia. Mais certo mesmo era na manhã seguinte. Não tínhamos opção a não ser torcer para que ficasse pronto. Após a coleta, fomos até um Mac Donald’s para um lanche antes de seguirmos em direção mais ao sul, até a fronteira.

 

O trajeto de Pelotas até Chuí são mais três horas de viagem, via BR-471, passando pelo Estação Ecológica do Taim e Santa Vitória do Palmar, até chegar em Chuí, extremo sul do Brasil. É um trajeto plano, praticamente em linha reta, com pouco movimento. Pode dar sono, mas essa não era uma possibilidade em nossa viagem...



A estrada  


Ainda antes de chegar no Taim, paramos num autodenominado ‘último posto de gasolina’ em muitos quilômetros para ir ao banheiro, abastecer o carro pela primeira vez desde a saída (por garantia) e talvez comprar algum lanche. A “loja de conveniências” não era tudo aquilo, mas a Roberta comprou um salgadinho vegano sabor churrasco, o cúmulo da hipocrisia na minha revoltada avaliação, mas que não chegou a ser consumido porque foi encontrado, ainda antes de abri-lo, um cabelo “perdido” junto a eles...

 

Paramos no Taim para observar as capivaras e fazer fotografias, antes de seguir para o Chuí, nosso (esperávamos) último destino no Brasil, para descansar, olhar os Free Shops, procurar chips para usar o celular no Uruguai, e aguardar o resultado do PCR da Marina, na esperança de que saísse ainda naquela tarde e que – claro – fosse positivo para nós, ou seja, negativo. Estávamos nos últimos momentos de dúvida, mas a possibilidade de a Marina não poder entrar abriu um mar de possibilidades.

 

             

            As capivaras no Taim                                                     O Grupo


Se não desse, a deixaríamos nos esperando no Chuí e voltaríamos no dia seguinte para buscá-la; ou deixaríamos ela e o Gabriel lá e no dia seguinte eles entrariam juntos. Mas como justificar o Gabriel entrando no Uruguai com uma menor de idade, mesmo prima dela? Estariam fugindo. Ou ainda, para não ser problema, poderíamos emancipá-la e ela se casar com o Gabriel (a Julia que não estava com a gente não ia gostar muito dessa hipótese mesmo sendo um casamento fake...). De qualquer jeito, o Gabriel poderia ser preso por tráfico internacional de menores.

 

Imaginamos uma série de possibilidades, e em todas, de alguma maneira, o Gabriel acabaria preso. Achamos melhor esperar pelo resultado e decidir o que fazer depois.

 

Chegamos ao Chuí e deixei o carro estacionado no parking da America Free Shop, visitamos a loja, e saímos para passear. Naquele momento, eu já sentia uma dor na cervical que iria me acompanhar em toda viagem, em maior ou menor intensidade, e que me faria consumir todos os analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares que a Karina e a Jacque haviam levado. Mas não seria isso que me derrubaria.

 

                                    

Free shop, Chuí


Eu havia perguntado para o segurança da loja onde eu poderia comprar o chip de celular para usar no Uruguai, fundamental para comunicação com o Brasil e para poder utilizar o Waze, que nos guiaria em nosso passeio. Ele indicou uma loja da Antel, aonde fomos e – para surpresa e alegria do grupo – eles vendiam um SIM Card da Antel para 10 dias (nosso tempo de estada lá) com 70 (setenta!) GB de internet. Compramos seis logo. Todos viajaríamos conectados...

 

Antes da viagem eu havia pesquisado a melhor forma de fazer, e nem o plano da minha operadora e nem os anúncios de chips internacionais me agradaram por serem – na minha opinião – caros. Havia decidido comprar no Chuí, o que se mostrou, além de acertado, uma pechincha. A internet era MUITO boa, e usamos direto, mas nem perto de gastar os 70GB...

 

Conectados, caminhamos um pouco por lá e decidimos para em uma parrilla para comer algo e passar o tempo. Eram aproximadamente 17h, e eles estavam entre refeições, sem fogo na parrilla. Comemos milanesas enquanto acessávamos o site do laboratório de cinco em cinco minutos, ansiosos pelo resultado. Nada.

 

O horário limite para o resultado era 18h, caso contrário somente na manhã seguinte, quando estariam vencendo as 72 horas dos nossos exames. E agora?

 

Conseguiríamos o resultado? Entraríamos no Uruguai sem problemas? O Gabriel passaria um tempo numa prisão Uruguai? Deixaríamos a Marina para trás? Nesse momento, eu estava por muito pouco para mandar tudo para o espaço e ir para Santa Catarina, numa viagem maluca de muitas horas. A tensão no grupo era evidente.

 

O que aconteceria?

 

Amanhã, amanhã...

 

Até.

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