Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
sexta-feira, outubro 31, 2008
quinta-feira, outubro 30, 2008
segunda-feira, outubro 27, 2008
O que dizer numa hora dessas?
Pimenta nos olhos dos outros é colírio.
Ou:
Faça o que eu digo, não faça o que eu faço.
Que vistam os respectivos chapéus.
Até.
Ou:
Faça o que eu digo, não faça o que eu faço.
Que vistam os respectivos chapéus.
Até.
domingo, outubro 26, 2008
A Sopa 08/13
Tenho pouco cabelo.
Isso é uma verdade inquestionável. Não nego o fato, aliás, estou bem tranqüilo com a situação. É da vida, para que lutar contra algo que não depende de mim, que é determinado geneticamente?
Se estou bem comigo mesmo, se não importo em ter os cabelos escassos, o mesmo não acontece com o mundo. As pessoas se preocupam com o fato de eu ter perdido cabelo (mesmo que não todo), e acham que eu não percebi o acontecido. O que me faz lembrar de uma máxima da vida em sociedade: existem comentários que não se deve fazer, por óbvios demais.
Nunca deves dizer para uma mulher que ela está gorda. Nunca, jamais. Ela sabe que está, e o comentário só resultará em mais ansiedade e mágoa dela com ela mesma e com quem foi indelicado a ponto de fazer esse tipo de comentário. A outra situação em que qualquer palavra é desnecessária (no sentido de fazer um alerta, ou algo semelhante) é dizer a alguém que “estás ficando careca”. Se está ficando, já sabe que se tornará. Quem é que – em sã consciência – passas anos sem se olhar no espelho até o dia em que um amigo prestativo comenta sobre sua calvície, olham-se no espelho e – chocado – percebe que cabelos longos já não existem (nem curtos). De novo, o óbvio: se alguém parece estar ficando careca, não há necessidade de se apontar esse fato porque a “vítima” JÁ SABE QUE ESTÁ PERDENDO CABELO!
É sério, você – prestativo leitor – que acha importante alertar seus pares de que estão sofrendo da perda progressiva e inexorável de seus cabelos, saiba que não há esta necessidade: ele já sabe disso. Mais, ele não precisa de conselhos de tratamentos com medicamento ou até mesmo implantes: se ele quisesse, já os teria procurado.
O pior, contudo, não é isso.
O pior são os “ex-carecas”, aqueles que fizeram algum tipo de tratamento que “melhorou” a situação e agora querem que faças o mesmo, querem dividir o sucesso que alcançaram. Mesmo que nunca tenha te visto antes, sejam totais estranhos, ou até mesmo pacientes.
Aconteceu comigo. Estava, esses tempos, com um paciente e, durante a entrevista médica, perguntei sobre história de problemas de pele e queda de cabelo. Respondeu que não, que havia feito implante de cabelo e que teria ficado perfeito. Nem havia reparado nesse detalhe, quando comentou, no espírito do paciente que quer que seu tratamento resolva o dos outros: “Bem que poderias fazer um...”
Olhei para ele em silêncio (palhaço!, imbecil!, filhadaputa!, vai tomar no teu cu!) e disse que ia pensar...
Tem gente que não tem noção.
Até.
Isso é uma verdade inquestionável. Não nego o fato, aliás, estou bem tranqüilo com a situação. É da vida, para que lutar contra algo que não depende de mim, que é determinado geneticamente?
Se estou bem comigo mesmo, se não importo em ter os cabelos escassos, o mesmo não acontece com o mundo. As pessoas se preocupam com o fato de eu ter perdido cabelo (mesmo que não todo), e acham que eu não percebi o acontecido. O que me faz lembrar de uma máxima da vida em sociedade: existem comentários que não se deve fazer, por óbvios demais.
Nunca deves dizer para uma mulher que ela está gorda. Nunca, jamais. Ela sabe que está, e o comentário só resultará em mais ansiedade e mágoa dela com ela mesma e com quem foi indelicado a ponto de fazer esse tipo de comentário. A outra situação em que qualquer palavra é desnecessária (no sentido de fazer um alerta, ou algo semelhante) é dizer a alguém que “estás ficando careca”. Se está ficando, já sabe que se tornará. Quem é que – em sã consciência – passas anos sem se olhar no espelho até o dia em que um amigo prestativo comenta sobre sua calvície, olham-se no espelho e – chocado – percebe que cabelos longos já não existem (nem curtos). De novo, o óbvio: se alguém parece estar ficando careca, não há necessidade de se apontar esse fato porque a “vítima” JÁ SABE QUE ESTÁ PERDENDO CABELO!
É sério, você – prestativo leitor – que acha importante alertar seus pares de que estão sofrendo da perda progressiva e inexorável de seus cabelos, saiba que não há esta necessidade: ele já sabe disso. Mais, ele não precisa de conselhos de tratamentos com medicamento ou até mesmo implantes: se ele quisesse, já os teria procurado.
O pior, contudo, não é isso.
O pior são os “ex-carecas”, aqueles que fizeram algum tipo de tratamento que “melhorou” a situação e agora querem que faças o mesmo, querem dividir o sucesso que alcançaram. Mesmo que nunca tenha te visto antes, sejam totais estranhos, ou até mesmo pacientes.
Aconteceu comigo. Estava, esses tempos, com um paciente e, durante a entrevista médica, perguntei sobre história de problemas de pele e queda de cabelo. Respondeu que não, que havia feito implante de cabelo e que teria ficado perfeito. Nem havia reparado nesse detalhe, quando comentou, no espírito do paciente que quer que seu tratamento resolva o dos outros: “Bem que poderias fazer um...”
Olhei para ele em silêncio (palhaço!, imbecil!, filhadaputa!, vai tomar no teu cu!) e disse que ia pensar...
Tem gente que não tem noção.
Até.
sábado, outubro 25, 2008
sexta-feira, outubro 24, 2008
Tudo muda
Nos dias de hoje, sexta-feira final do dia significa ir para casa.
Antes, eram as festas.
Hoje, as minhas mulheres.
Ô, vidão!
Até.
Antes, eram as festas.
Hoje, as minhas mulheres.
Ô, vidão!
Até.
quinta-feira, outubro 23, 2008
terça-feira, outubro 21, 2008
Manual de Explicação do Porto-Alegrense
por Fabrício Carpinejar*
O porto-alegrense não se aproxima com calma. Cumprimenta alto, gritado, estapafúrdio. Não confunda com assalto: é seu jeito mesmo. Tenta assustar tudo o que pode na primeira vez, para a amizade soar mais tranqüila dali por diante. É o inverso do baiano, a voz não é mansa para se erguer naturalmente com o avanço da conversa. É tudo ou nada, é agora ou nunca. Um atropelo de vogais. Um "eiiii", um "oiiiiii", um "bah". Sem chance. Sem recuperação. Um abuso para os mais travados.
A varanda já é sala de estar no rosto do gaúcho. Não há tempo para recuar. O abraço gira em si, como um nó de marinheiro. A Revolução Farroupilha o perturbou. Está sempre desejando o que ainda nem foi apresentado.
Conjuga o tu como se fosse você, para não engolir vento.
Canta o hino rio-grandense de cor e salteado. Canta o hino de seu clube de cor e salteado. Não abandona um argumento mesmo quando percebe que está enganado. É fiel ao erro.
Sabe ser profundo quando distraído. É de uma profundidade inesgotável. Sabe ser solitário quando atento. É de uma solidão ultrajante.
Aceita ser vítima de piada de um familiar. A mesma piada na boca de um estranho é preconceito. Recebe qualquer um de braços abertos para depois investigar. Paranóico, pulou do ventre para não ser chamado de 'filho da mãe'. Não admite neutralidade e empate, muito menos voto de Minerva. Minerva é somente o nome de um sabão em pó. É preciso escolher, está do lado dele ou contra ele. Cuidado, o silêncio é compreendido como oposição.
Basta elogiar algo de sua cidade que ele vira turista. Repete os programas para ser encontrado. Comparece quatro vezes no mesmo lugar até ser reparado. Continua aparecendo até ser esquecido.
Há poucas bancas nas ruas se comparado a Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Recebe jornal em casa, debaixo da porta como um tapete. Adepto da locução escrita, ler para conversar. Morre bem informado.
Trata os escritores como se fossem músicos. Conversa sobre suas obras no ônibus, na lanchonete, no meio da rua. Seu suspiro é um autógrafo.
Bebe para discutir, não discute para beber. A bebida é anzol do chiste. Abole a frase inicial para ficar com a última. O que valoriza é a reputação. Faz as pazes no dia seguinte quando ama. Quando odeia, bem, dirá que nunca o conheceu.
Seu time é o melhor do mundo, sua cidade é a melhor do mundo, sua carne é a melhor do mundo. Às vezes é. Tão gaúcho que conta que é gaúcho para os próprios gaúchos. Ele se elogia com receio de não ser lembrado.
Porto Alegre é uma cidade para atravessar a pé. Com o último botão da camisa aberto. Quem toma chimarrão, ronca acordado. É engraçado passear pela Usina do Gasômetro ou Brique da Redenção no domingo. A térmica é um filho aprendendo a caminhar. Balançando de mãos dadas com seus pais. O crepúsculo do Guaíba transforma a orla no teto de uma igreja. Dá vontade de amar alguma santa e pecar bem mais do que se viveu.
* Fabrício Carpinejar é jornalista, cronista, poeta e professor. O texto foi transcrito do seu blog, 'Fim da Linha'
O porto-alegrense não se aproxima com calma. Cumprimenta alto, gritado, estapafúrdio. Não confunda com assalto: é seu jeito mesmo. Tenta assustar tudo o que pode na primeira vez, para a amizade soar mais tranqüila dali por diante. É o inverso do baiano, a voz não é mansa para se erguer naturalmente com o avanço da conversa. É tudo ou nada, é agora ou nunca. Um atropelo de vogais. Um "eiiii", um "oiiiiii", um "bah". Sem chance. Sem recuperação. Um abuso para os mais travados.
A varanda já é sala de estar no rosto do gaúcho. Não há tempo para recuar. O abraço gira em si, como um nó de marinheiro. A Revolução Farroupilha o perturbou. Está sempre desejando o que ainda nem foi apresentado.
Conjuga o tu como se fosse você, para não engolir vento.
Canta o hino rio-grandense de cor e salteado. Canta o hino de seu clube de cor e salteado. Não abandona um argumento mesmo quando percebe que está enganado. É fiel ao erro.
Sabe ser profundo quando distraído. É de uma profundidade inesgotável. Sabe ser solitário quando atento. É de uma solidão ultrajante.
Aceita ser vítima de piada de um familiar. A mesma piada na boca de um estranho é preconceito. Recebe qualquer um de braços abertos para depois investigar. Paranóico, pulou do ventre para não ser chamado de 'filho da mãe'. Não admite neutralidade e empate, muito menos voto de Minerva. Minerva é somente o nome de um sabão em pó. É preciso escolher, está do lado dele ou contra ele. Cuidado, o silêncio é compreendido como oposição.
Basta elogiar algo de sua cidade que ele vira turista. Repete os programas para ser encontrado. Comparece quatro vezes no mesmo lugar até ser reparado. Continua aparecendo até ser esquecido.
Há poucas bancas nas ruas se comparado a Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Recebe jornal em casa, debaixo da porta como um tapete. Adepto da locução escrita, ler para conversar. Morre bem informado.
Trata os escritores como se fossem músicos. Conversa sobre suas obras no ônibus, na lanchonete, no meio da rua. Seu suspiro é um autógrafo.
Bebe para discutir, não discute para beber. A bebida é anzol do chiste. Abole a frase inicial para ficar com a última. O que valoriza é a reputação. Faz as pazes no dia seguinte quando ama. Quando odeia, bem, dirá que nunca o conheceu.
Seu time é o melhor do mundo, sua cidade é a melhor do mundo, sua carne é a melhor do mundo. Às vezes é. Tão gaúcho que conta que é gaúcho para os próprios gaúchos. Ele se elogia com receio de não ser lembrado.
Porto Alegre é uma cidade para atravessar a pé. Com o último botão da camisa aberto. Quem toma chimarrão, ronca acordado. É engraçado passear pela Usina do Gasômetro ou Brique da Redenção no domingo. A térmica é um filho aprendendo a caminhar. Balançando de mãos dadas com seus pais. O crepúsculo do Guaíba transforma a orla no teto de uma igreja. Dá vontade de amar alguma santa e pecar bem mais do que se viveu.
* Fabrício Carpinejar é jornalista, cronista, poeta e professor. O texto foi transcrito do seu blog, 'Fim da Linha'
segunda-feira, outubro 20, 2008
domingo, outubro 19, 2008
A Sopa 08/12
Sempre acreditei que são as pequenas decisões que mudam a vida.
Uma teoria, claro, mas é de teorias que é feito o mundo. E é a partir das tentativas de provar nossas teorias, nossas idéias, é que construímos o conhecimento. Uma teoria é verdadeira até que provamos o contrário.
A teoria das pequenas decisões que mudam o mundo é de mais difícil comprovação, afinal como provar que foi por ler um jornal numa terça-feira de manhã que descobri – vinte e um anos atrás - que havia uma escola técnica que tinha um segundo grau técnico em operador de computador e que tinha prorrogado as inscrições para a prova de admissão por mais uma semana, e que era necessária a carteira de identidade para a inscrição, ou pelo menos o protocolo com número da mesma, e eu não tinha a carteira e consegui ir fazer no último dia e tirei uma foto de péssima qualidade que escureceu e por isso tive uma identidade com uma foto minha borrada e escura até me formar em medicina, quase dez anos depois, mas me adianto, dizia que me inscrevi no último dia para a prova de admissão da escola técnica de comércio e fiz a prova e entrei na escola para um curso técnico em computação, o que significava uma base fraca nas disciplinas de segundo grau, mais especificamente química, física e biologia, mas no fundo não era importante porque eu ia cursar jornalismo, porque escrevo desde sempre, só que quando fui me inscrever resolvi que queria fazer medicina, uma influência distante do meu avô médico, que havia morrido quando eu tinha sete anos de idade, e acabei passando o terceiro ano do segundo grau em dúvida entre medicina e jornalismo, um dia até resolvi definitivamente por jornalismo, mas decisões definitivas aos dezesseis anos nunca são tão definitivas, e não fui aprovado no vestibular da universidade federal mas passei na puc, em primeira chamada, um dos mais novos da turma que foi até o fim, e não perdi o semestre mesmo tendo passado duas semanas em coma numa UTI e mais duas internado com infecção porque a universidade entrou em greve no dia do acidente, e me formei em mil novecentos em noventa e quatro, iniciando a residência em clínica médica e pneumologia em dois janeiro de janeiro de mil novecentos e noventa e cinco, que foi o dia que conheci a Jacque, e casamos um ano e meio depois, e lá se vão doze anos, sendo que vivemos por dois anos em dois hemisférios, com encontros virtuais diários e reais de tempos em tempos, porque estive no norte do mundo fazendo pós-doutorado, mas voltei para casa e para o pampa, e para um futuro que ainda reservava e reserva muitas surpresas, estou certo.
Tudo isso porque eu li uma nota no jornal naquele dia de novembro de mil novecentos e oitenta e cinco.
Mas eu falava de decisões, e não existem apenas as pequenas decisões. Existem também as grandes decisões, as grandes encruzilhadas, os momentos-chave. Penso, contudo, que frente aos grandes dilemas da vida, apenas temos a ilusão de que podemos decidir: nestes casos, a decisão já está tomada. O fluxo, a onda, nos leva. Se estivermos atentos às pequenas decisões, as grandes cuidarão de si mesmas.
Até.
(publicado em 02/05/2006)
Uma teoria, claro, mas é de teorias que é feito o mundo. E é a partir das tentativas de provar nossas teorias, nossas idéias, é que construímos o conhecimento. Uma teoria é verdadeira até que provamos o contrário.
A teoria das pequenas decisões que mudam o mundo é de mais difícil comprovação, afinal como provar que foi por ler um jornal numa terça-feira de manhã que descobri – vinte e um anos atrás - que havia uma escola técnica que tinha um segundo grau técnico em operador de computador e que tinha prorrogado as inscrições para a prova de admissão por mais uma semana, e que era necessária a carteira de identidade para a inscrição, ou pelo menos o protocolo com número da mesma, e eu não tinha a carteira e consegui ir fazer no último dia e tirei uma foto de péssima qualidade que escureceu e por isso tive uma identidade com uma foto minha borrada e escura até me formar em medicina, quase dez anos depois, mas me adianto, dizia que me inscrevi no último dia para a prova de admissão da escola técnica de comércio e fiz a prova e entrei na escola para um curso técnico em computação, o que significava uma base fraca nas disciplinas de segundo grau, mais especificamente química, física e biologia, mas no fundo não era importante porque eu ia cursar jornalismo, porque escrevo desde sempre, só que quando fui me inscrever resolvi que queria fazer medicina, uma influência distante do meu avô médico, que havia morrido quando eu tinha sete anos de idade, e acabei passando o terceiro ano do segundo grau em dúvida entre medicina e jornalismo, um dia até resolvi definitivamente por jornalismo, mas decisões definitivas aos dezesseis anos nunca são tão definitivas, e não fui aprovado no vestibular da universidade federal mas passei na puc, em primeira chamada, um dos mais novos da turma que foi até o fim, e não perdi o semestre mesmo tendo passado duas semanas em coma numa UTI e mais duas internado com infecção porque a universidade entrou em greve no dia do acidente, e me formei em mil novecentos em noventa e quatro, iniciando a residência em clínica médica e pneumologia em dois janeiro de janeiro de mil novecentos e noventa e cinco, que foi o dia que conheci a Jacque, e casamos um ano e meio depois, e lá se vão doze anos, sendo que vivemos por dois anos em dois hemisférios, com encontros virtuais diários e reais de tempos em tempos, porque estive no norte do mundo fazendo pós-doutorado, mas voltei para casa e para o pampa, e para um futuro que ainda reservava e reserva muitas surpresas, estou certo.
Tudo isso porque eu li uma nota no jornal naquele dia de novembro de mil novecentos e oitenta e cinco.
Mas eu falava de decisões, e não existem apenas as pequenas decisões. Existem também as grandes decisões, as grandes encruzilhadas, os momentos-chave. Penso, contudo, que frente aos grandes dilemas da vida, apenas temos a ilusão de que podemos decidir: nestes casos, a decisão já está tomada. O fluxo, a onda, nos leva. Se estivermos atentos às pequenas decisões, as grandes cuidarão de si mesmas.
Até.
(publicado em 02/05/2006)
sábado, outubro 18, 2008
quinta-feira, outubro 16, 2008
Pérolas da Sabedoria Popular
Cena ocorrida na última quarta-feira:
Entro na sala do café dos funcionários numa clínica em que atendo no centro de Porto Alegre, e duas secretárias conversam. Uma termina de contar uma história e a outra sentencia, definitiva:
"Se cunhado fosse bom, não começava com cu..."
Até.
Entro na sala do café dos funcionários numa clínica em que atendo no centro de Porto Alegre, e duas secretárias conversam. Uma termina de contar uma história e a outra sentencia, definitiva:
"Se cunhado fosse bom, não começava com cu..."
Até.
quarta-feira, outubro 15, 2008
Futebol
Não tenho por hábito tratar de futebol neste espaço (principalmente nos dias atuais, em que o glorioso Sport Club Internacional não anda bem como deveria andar levando-se em conta o seu elenco, mas deixa para lá...), mas vou abrir uma exceção.
E falar do co-irmão azul.
Como todos sabem, e por incrível que possa parecer, o Grêmio caminhava a passos firmes para ser campeão brasileiro de 2008, desagradando a maioria do Rio Grande, mas isso também não vem ao caso. Todos sabiam que, pelo andar das coisas, o Grêmio só perderia o título brasileiro se acontecesse uma tragédia ou se fosse ROUBADO. Pois é, está acontecendo.
Assim como em 2005 o STJD ROUBOU o título do Inter para dar ao Corinthians, anulando partidas e talicoisa, esse ano o mesmo covil de ladrões que, se denomina superior tribunal de justiça desportiva, está aplicando no grêmio o mesmo que fez com o Inter, mas dessa vez de uma maneira um pouco menos escandalosa: faltando nove rodadas para o final do campeonato, puniu três titulares do Grêmio com pesadas penas por incidentes no jogo com o Botafogo. O centroavante Morales, que nem expulso foi, foi punido com oito jogos!
É uma vergonha.
Quase torço para o Grêmio superar as adversidades.
Quase.
Não, na verdade não torço.
Fico revoltado com o fato, mas torcer para o Grêmio não dá.
Até.
E falar do co-irmão azul.
Como todos sabem, e por incrível que possa parecer, o Grêmio caminhava a passos firmes para ser campeão brasileiro de 2008, desagradando a maioria do Rio Grande, mas isso também não vem ao caso. Todos sabiam que, pelo andar das coisas, o Grêmio só perderia o título brasileiro se acontecesse uma tragédia ou se fosse ROUBADO. Pois é, está acontecendo.
Assim como em 2005 o STJD ROUBOU o título do Inter para dar ao Corinthians, anulando partidas e talicoisa, esse ano o mesmo covil de ladrões que, se denomina superior tribunal de justiça desportiva, está aplicando no grêmio o mesmo que fez com o Inter, mas dessa vez de uma maneira um pouco menos escandalosa: faltando nove rodadas para o final do campeonato, puniu três titulares do Grêmio com pesadas penas por incidentes no jogo com o Botafogo. O centroavante Morales, que nem expulso foi, foi punido com oito jogos!
É uma vergonha.
Quase torço para o Grêmio superar as adversidades.
Quase.
Não, na verdade não torço.
Fico revoltado com o fato, mas torcer para o Grêmio não dá.
Até.
domingo, outubro 12, 2008
A Sopa 08/11
Doze de outubro, dia da criança.
Já faz um bom tempo que não ganho mais presentes, mas – muito mais importante – faz muito tempo que não os espero... Começo a falar sobre o tempo, sua passagem e seus efeitos, assunto que sempre me fascinou, desde o tempo em que era um guri, até os dias de hoje, médico e pai de família, ainda que há bem pouco tempo.
Tenho pensado muito na meia idade.
Não sei – honestamente – se já cheguei lá. Caso não tenha chegado, me aproximo a passos largos. Sem dramas, mas começo a pensar em que ponto da vida me encontro, o que fiz e o que tenho ainda a fazer. Já plantei uma árvore, já escrevi um livro, já fiz um filho. O que me resta, antes da morte?
Lembro de uma noite de julho, há vinte anos, em que sentado num balanço (já era bem crescido para andar de balanço), conversando com uma amiga (que se perdeu no meio do caminho), antecipei essa pergunta sob forma de angústia com relação ao meu futuro profissional. Argumentava eu, naquele momento, que se fizesse medicina já sabia qual seria o meu futuro: trabalhar, casar, ter filho(s), envelhecer e morrer. Usando um termo ultrapassado já naquela época, morreria burguês (e como todos sabem, e Cazuza cantou, a burguesia fede...) e não teria grandes feitos a serem lembrados.
Quanta bobagem.
Aos dezesseis anos, ainda via o mundo em preto e branco, de maneira simplista e ainda não enxergando muitas coisas que só vemos com o tempo. São precisos muitos anos para tornarmos realmente jovens.
Bom, decidi tomar o caminho que eu temia por imaginar previsível. Previsível? Não poderia estar mais enganado! De previsíveis esses últimos vinte anos não tiveram nada, assim como não seria previsível qualquer caminho que eu viesse a tomar, qualquer rumo que eu tivesse escolhido.
Por que a vida não é previsível.
E não é uma linha reta que percorremos desde o momento que nascemos até o inexorável fim, a morte: a vida é muito mais que isso. A vida é o caminho, a estrada, e que é cheia de curvas e desníveis e desvios. O que fazemos durante o percurso é o que faz valer à pena percorrê-la. Tão ou mais importante que o destino numa viagem é o trajeto até lá; assim como a volta é parte fundamental da viagem, mas não devo entrar na metafísica...
Onde me encontro hoje?
Caminhando para os quarenta anos (em três anos e meio), ainda jovem, muito jovem, com muitos projetos de curto, médio e longo prazos, alguns talvez irrealizáveis, mas quem se importa? Trabalhar o suficiente para viver bem e poder realizar alguns desses planos, e me divertir com os amigos enquanto andamos juntos por essa estrada.
Até.
Já faz um bom tempo que não ganho mais presentes, mas – muito mais importante – faz muito tempo que não os espero... Começo a falar sobre o tempo, sua passagem e seus efeitos, assunto que sempre me fascinou, desde o tempo em que era um guri, até os dias de hoje, médico e pai de família, ainda que há bem pouco tempo.
Tenho pensado muito na meia idade.
Não sei – honestamente – se já cheguei lá. Caso não tenha chegado, me aproximo a passos largos. Sem dramas, mas começo a pensar em que ponto da vida me encontro, o que fiz e o que tenho ainda a fazer. Já plantei uma árvore, já escrevi um livro, já fiz um filho. O que me resta, antes da morte?
Lembro de uma noite de julho, há vinte anos, em que sentado num balanço (já era bem crescido para andar de balanço), conversando com uma amiga (que se perdeu no meio do caminho), antecipei essa pergunta sob forma de angústia com relação ao meu futuro profissional. Argumentava eu, naquele momento, que se fizesse medicina já sabia qual seria o meu futuro: trabalhar, casar, ter filho(s), envelhecer e morrer. Usando um termo ultrapassado já naquela época, morreria burguês (e como todos sabem, e Cazuza cantou, a burguesia fede...) e não teria grandes feitos a serem lembrados.
Quanta bobagem.
Aos dezesseis anos, ainda via o mundo em preto e branco, de maneira simplista e ainda não enxergando muitas coisas que só vemos com o tempo. São precisos muitos anos para tornarmos realmente jovens.
Bom, decidi tomar o caminho que eu temia por imaginar previsível. Previsível? Não poderia estar mais enganado! De previsíveis esses últimos vinte anos não tiveram nada, assim como não seria previsível qualquer caminho que eu viesse a tomar, qualquer rumo que eu tivesse escolhido.
Por que a vida não é previsível.
E não é uma linha reta que percorremos desde o momento que nascemos até o inexorável fim, a morte: a vida é muito mais que isso. A vida é o caminho, a estrada, e que é cheia de curvas e desníveis e desvios. O que fazemos durante o percurso é o que faz valer à pena percorrê-la. Tão ou mais importante que o destino numa viagem é o trajeto até lá; assim como a volta é parte fundamental da viagem, mas não devo entrar na metafísica...
Onde me encontro hoje?
Caminhando para os quarenta anos (em três anos e meio), ainda jovem, muito jovem, com muitos projetos de curto, médio e longo prazos, alguns talvez irrealizáveis, mas quem se importa? Trabalhar o suficiente para viver bem e poder realizar alguns desses planos, e me divertir com os amigos enquanto andamos juntos por essa estrada.
Até.
sábado, outubro 11, 2008
Sábado (e Cartola)
Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção querida
Embora eu saiba que estás resolvida
em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés
(pequena homenagem ao centenário do nascimento do gênio)
quinta-feira, outubro 09, 2008
Há um ano (2)
quarta-feira, outubro 08, 2008
Há um ano
segunda-feira, outubro 06, 2008
domingo, outubro 05, 2008
A Sopa 08/10
Dia de eleições no Brasil.
Estamos elegendo prefeitos e vereadores. Durante a campanha, ao ouvir e ver o horário eleitoral gratuito e os debates (sim, eu assisto, mesmo que eventualmente), percebi – uma vez mais – que realmente estou ficando velho.
Já não tenho paciência para algumas coisas.
Ao assistir/ouvir os programas eleitorais, percebi que o fazia muito mais por diversão do que para realmente tirar algum proveito, em termos de conhecer candidatos e propostas. Os discursos são sempre muito iguais, as propostas muito parecidas, todos muito retos e sabedores das soluções do mundo. Sem falar nas bizarrices dos candidatos a vereador que, aliás, prometem coisas que não podem prometer e têm como prioridades todos os aspectos da vida, anulando o sentido da palavra ‘prioridade’.
E aqueles que se dizem jovens e, por isso, por jovens, capazes de resolver todos os problemas. ‘A força do jovem’... Besteira. Ou aquele que disse que “democracia não é de tempos em tempos apertar botõezinhos, mas sim os trabalhadores unidos em comitês que vão tomar o poder e o povo então vai governar diretamente, e meu número é...”. E o DJ que é o candidato do hip hop, apoiado por outro DJ. Sem falar que todos prometem passagem de ônibus gratuita para estudantes e trabalhadores desempregados. Imagino quem pagará a conta, afinal nada é de graça na vida...
Pois é, mesmo assim, sem saco para ouvir certas bobagens, votei. Para quem, não interessa a ninguém, evidentemente. O que interessa é poder fazer parte do processo, escolher um candidato e cobrar dele depois. Trabalhar para melhorar as coisas.
É isso.
Até.
Estamos elegendo prefeitos e vereadores. Durante a campanha, ao ouvir e ver o horário eleitoral gratuito e os debates (sim, eu assisto, mesmo que eventualmente), percebi – uma vez mais – que realmente estou ficando velho.
Já não tenho paciência para algumas coisas.
Ao assistir/ouvir os programas eleitorais, percebi que o fazia muito mais por diversão do que para realmente tirar algum proveito, em termos de conhecer candidatos e propostas. Os discursos são sempre muito iguais, as propostas muito parecidas, todos muito retos e sabedores das soluções do mundo. Sem falar nas bizarrices dos candidatos a vereador que, aliás, prometem coisas que não podem prometer e têm como prioridades todos os aspectos da vida, anulando o sentido da palavra ‘prioridade’.
E aqueles que se dizem jovens e, por isso, por jovens, capazes de resolver todos os problemas. ‘A força do jovem’... Besteira. Ou aquele que disse que “democracia não é de tempos em tempos apertar botõezinhos, mas sim os trabalhadores unidos em comitês que vão tomar o poder e o povo então vai governar diretamente, e meu número é...”. E o DJ que é o candidato do hip hop, apoiado por outro DJ. Sem falar que todos prometem passagem de ônibus gratuita para estudantes e trabalhadores desempregados. Imagino quem pagará a conta, afinal nada é de graça na vida...
Pois é, mesmo assim, sem saco para ouvir certas bobagens, votei. Para quem, não interessa a ninguém, evidentemente. O que interessa é poder fazer parte do processo, escolher um candidato e cobrar dele depois. Trabalhar para melhorar as coisas.
É isso.
Até.
sábado, outubro 04, 2008
sexta-feira, outubro 03, 2008
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