Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
sábado, fevereiro 28, 2009
terça-feira, fevereiro 24, 2009
A Sopa 08/29
Fevereiro de 2009.
Segunda-feira de carnaval e estamos voltando para Porto Alegre depois de passar o feriado na praia, no litoral norte gaúcho. A estrada movimentada, mesmo ainda restando a terça-feira para aproveitar a festa. Talvez seja por causa do tempo: chove desde a madrugada.
Ao contrário das previsões anunciadas nos dias precedentes ao final de semana, o tempo esteve ótimo no sábado e domingo, com muito calor, sol e mar azul (por mais improvável que possa parecer essa combinação numa praia ao sul de Santa Catarina). No domingo, após nossa caminhada na praia, o banho de mar foi refrescante como há muito não sentia. Aliás, graças a esse final de semana pude dizer que o verão não passou em branco. Isso porque até agora não tinha conseguido tomar um mísero banho de mar, porque ou era o tempo ou era o mar que não colaboravam. Tudo esquecido após um mergulho nas águas azuis do Atlântico.
Mas falava da volta para casa, Marina, Jacque e eu, com chuva e, em momentos, MUITA chuva. Sem pressa, dirigindo com todo cuidado, seguíamos pela BR-290 ao som dos Beatles. As meninas no banco de trás, eu de olho na estrada.
Num desses momentos de muita chuva, reparamos numa motocicleta que ultrapasso. Nela, um casal. Ele pilotando e ela na carona, abraçada a ele. Chove muito nesse instante. Nenhuma mochila, apenas um pequeno compartimento na parte de trás do banco, um espaço certamente para poucas coisas. Ele, vestindo bermuda, tênis e camiseta e de sandália e uma daquelas camisas de alcinhas. Ambos encharcados e, imagino, com frio, afinal além de estar chovendo e eles estarem de moto, a temperatura caiu desde o dia anterior, com a chegada da frente fria que trouxe a chuva que ora nos castiga.
Ficamos pensando no que aquele casal está passando, e nas repercussões do evento na vida deles. Se casados, provavelmente aquele foi o último passeio deles antes de ela dizer para ele “crescer e trocar essa maldita moto por um carro” ou algo do gênero. Caso sejam apenas namorados, e continuarem juntos depois desse “banho de água fria’ na relação, pode apostar que vão continuar juntos por muito tempo. Ou não.
Pensando na situação, percebi a lição de vida da semana.
Carnaval é sempre um teste para os relacionamentos, de uma maneira ou de outra.
Até.
Segunda-feira de carnaval e estamos voltando para Porto Alegre depois de passar o feriado na praia, no litoral norte gaúcho. A estrada movimentada, mesmo ainda restando a terça-feira para aproveitar a festa. Talvez seja por causa do tempo: chove desde a madrugada.
Ao contrário das previsões anunciadas nos dias precedentes ao final de semana, o tempo esteve ótimo no sábado e domingo, com muito calor, sol e mar azul (por mais improvável que possa parecer essa combinação numa praia ao sul de Santa Catarina). No domingo, após nossa caminhada na praia, o banho de mar foi refrescante como há muito não sentia. Aliás, graças a esse final de semana pude dizer que o verão não passou em branco. Isso porque até agora não tinha conseguido tomar um mísero banho de mar, porque ou era o tempo ou era o mar que não colaboravam. Tudo esquecido após um mergulho nas águas azuis do Atlântico.
Mas falava da volta para casa, Marina, Jacque e eu, com chuva e, em momentos, MUITA chuva. Sem pressa, dirigindo com todo cuidado, seguíamos pela BR-290 ao som dos Beatles. As meninas no banco de trás, eu de olho na estrada.
Num desses momentos de muita chuva, reparamos numa motocicleta que ultrapasso. Nela, um casal. Ele pilotando e ela na carona, abraçada a ele. Chove muito nesse instante. Nenhuma mochila, apenas um pequeno compartimento na parte de trás do banco, um espaço certamente para poucas coisas. Ele, vestindo bermuda, tênis e camiseta e de sandália e uma daquelas camisas de alcinhas. Ambos encharcados e, imagino, com frio, afinal além de estar chovendo e eles estarem de moto, a temperatura caiu desde o dia anterior, com a chegada da frente fria que trouxe a chuva que ora nos castiga.
Ficamos pensando no que aquele casal está passando, e nas repercussões do evento na vida deles. Se casados, provavelmente aquele foi o último passeio deles antes de ela dizer para ele “crescer e trocar essa maldita moto por um carro” ou algo do gênero. Caso sejam apenas namorados, e continuarem juntos depois desse “banho de água fria’ na relação, pode apostar que vão continuar juntos por muito tempo. Ou não.
Pensando na situação, percebi a lição de vida da semana.
Carnaval é sempre um teste para os relacionamentos, de uma maneira ou de outra.
Até.
sexta-feira, fevereiro 20, 2009
quarta-feira, fevereiro 18, 2009
Dos Amigos
Amigo de verdade não é aquele que está do teu lado nas horas difíceis, afinal ser solidário com a tragédia alheia é bem fácil. Amigo que é amigo compartilha e celebra contigo a tua felicidade, o teu sucesso.
Até.
Até.
terça-feira, fevereiro 17, 2009
Exercício e Filosofia
Estou mais uma vez lutando para vencer o sedentarismo.
Após quase um ano inteiro afastado das atividades físicas, por conta de um problema na coluna cervical que me causou dores memoráveis e a sensação de ter envelhecido vinte anos em poucos meses, agora tento retomar a prática de exercícios regulares. Com cuidado e parcimônia, começo a tentar melhorar o meu condicionamento aeróbico, que anda igual a um senhor de mais ou menos uns setenta anos (sem exageros, claro...).
Tudo isso tem a ver com um cuidado maior com minha saúde que estou me impondo por conta do nascimento da Marina. Sabe como é, não posso deixar minha filha órfã de pai, ou sendo obrigada a – em poucos anos – tomar conta de um sequelado. Confesso, então, que minha motivação é o medo: de não estar presente, de não poder cuidar. A vida muda muito com o nascimento de um filho, não?
Como já não sou mais criança, antes de começar qualquer atividade física que eu pudesse planejar, eu fui consultar um cardiologista. Que agora é o meu médico ou – como ele mesmo me disse – um orientador de saúde, já que não tenho nenhuma doença a ser tratada, tudo será – ao menos por enquanto – prevenção.
E a atividade física se enquadra aí, como parte de hábitos de vida saudáveis.
Após os exames de laboratório e o teste de esforço, me liberou para a prática de esportes, com uma recomendação: em virtude do problema do ano passado e do longo tempo sem me exercitar, deveria começar de leve, bem devagar. E, semana passada, comecei com caminhadas alternadas com a bicicleta ergométrica.
Hoje à tarde, com poucos pacientes no consultório (o verão é de vacas magras para pneumologistas), saí mais cedo e, antes de ir buscar a Marina na escola, fui ao parque para caminhar. Tênis adequado, boné, óculos escuros e o iPod, meu velho companheiro de caminhadas e corridas, que estava meio no ostracismo. Ao invés do ouvir música, fui ouvindo podcasts, da Nature, da American Cientific e de filosofia.
Caminhei ouvindo Schopenhauer em “O Vazio da Existência”.
Duplo exercício, duplo exercício.
Até.
Após quase um ano inteiro afastado das atividades físicas, por conta de um problema na coluna cervical que me causou dores memoráveis e a sensação de ter envelhecido vinte anos em poucos meses, agora tento retomar a prática de exercícios regulares. Com cuidado e parcimônia, começo a tentar melhorar o meu condicionamento aeróbico, que anda igual a um senhor de mais ou menos uns setenta anos (sem exageros, claro...).
Tudo isso tem a ver com um cuidado maior com minha saúde que estou me impondo por conta do nascimento da Marina. Sabe como é, não posso deixar minha filha órfã de pai, ou sendo obrigada a – em poucos anos – tomar conta de um sequelado. Confesso, então, que minha motivação é o medo: de não estar presente, de não poder cuidar. A vida muda muito com o nascimento de um filho, não?
Como já não sou mais criança, antes de começar qualquer atividade física que eu pudesse planejar, eu fui consultar um cardiologista. Que agora é o meu médico ou – como ele mesmo me disse – um orientador de saúde, já que não tenho nenhuma doença a ser tratada, tudo será – ao menos por enquanto – prevenção.
E a atividade física se enquadra aí, como parte de hábitos de vida saudáveis.
Após os exames de laboratório e o teste de esforço, me liberou para a prática de esportes, com uma recomendação: em virtude do problema do ano passado e do longo tempo sem me exercitar, deveria começar de leve, bem devagar. E, semana passada, comecei com caminhadas alternadas com a bicicleta ergométrica.
Hoje à tarde, com poucos pacientes no consultório (o verão é de vacas magras para pneumologistas), saí mais cedo e, antes de ir buscar a Marina na escola, fui ao parque para caminhar. Tênis adequado, boné, óculos escuros e o iPod, meu velho companheiro de caminhadas e corridas, que estava meio no ostracismo. Ao invés do ouvir música, fui ouvindo podcasts, da Nature, da American Cientific e de filosofia.
Caminhei ouvindo Schopenhauer em “O Vazio da Existência”.
Duplo exercício, duplo exercício.
Até.
segunda-feira, fevereiro 16, 2009
Venezuela
Uma idéia simples.
Não tenho informação suficiente para julgar o governo Chavez. Sério. É virtualmente impossível ter uma idéia clara do que acontece no país da "Revolução Bolivariana" em virtude do viés ideológico que pauta a imprensa brasileira, para um lado e para outro. Mesmo assim, é possível tirar algumas conclusões óbvias sobre a natureza do governo encabeçado por Hugo Chavez.
Qualquer um que lute pela possibilidade de se perpetuar no poder (via revolução, ou referendos populares, não importa) não passa de um potencial golpista.
É o que penso do Chavez: um ditadorzinho de merda.
Até.
Não tenho informação suficiente para julgar o governo Chavez. Sério. É virtualmente impossível ter uma idéia clara do que acontece no país da "Revolução Bolivariana" em virtude do viés ideológico que pauta a imprensa brasileira, para um lado e para outro. Mesmo assim, é possível tirar algumas conclusões óbvias sobre a natureza do governo encabeçado por Hugo Chavez.
Qualquer um que lute pela possibilidade de se perpetuar no poder (via revolução, ou referendos populares, não importa) não passa de um potencial golpista.
É o que penso do Chavez: um ditadorzinho de merda.
Até.
domingo, fevereiro 15, 2009
A Sopa 08/28
Um texto do tempo em que morava no Canadá. Era fevereiro, inverno, e eu lutava – como agora – para deixar de ser sedentário…
Nunca fui assim, posso garantir.
Essa coisa de ‘odeio segunda-feira’ para mim nunca passou de lenda, bobagem até. Pensemos o seguinte: um sétimo da vida é composto de segundas-feiras. Logo, estaríamos de mau humor durante uma porção significativa de nossa existência. Só para ser mais preciso, segundo o IBGE (dados de 2003), a expectativa ou esperança de vida do brasileiro ao nascer é de 70,3 anos, o que quer dizer aproximados 25660 dias, dos quais um sétimo desses dias estaríamos de mal com a vida, o que equivaleriam a DEZ anos de mau humor. Dez anos!
Pois é, então esse papo de “odiar segunda-feira” é lenda.
Até porque essa coisa de “odiar” algo ou alguém é uma característica meio fresca. Pior ainda se disser que, se pudesse, jogava a segunda-feira no chão e sapeteava nela… Bom deixa pra lá, o que queria dizer era outra coisa.
Notei que as segundas-feiras agora tem um efeito sobre mim. Primeiro, achei que era porque eu ia dormir muito tarde aos domingos, por ficar vendo televisão, e acordava segunda-feira cansado. Era uma explicação lógica.
Mas essa semana eu fiz um teste: descansei durante o final de semana, e fui dormir mais ou menos cedo ontem. Resultado: hoje pela manhã eu estava tão cansado quanto nas outras semanas. Será que é a segunda-feira, que terá algum efeito nocivo em nós humanos, foi a pergunta que me fiz.
Até que me dei conta que não, era o meu corpo tentando me fazer virar sedentário e não ir fazer atividade física. Mas não conseguiu. Cheguei do hospital, fiz um lanche, troquei de roupa e fui para lá. Após uma hora de atividade física, saí para a rua fria, e o cenário tinha mudado: do cinza de final de tarde que tem caracterizado últimos dias de Toronto, a paisagem de inverno.
Neve. Por tudo. Carros, calçadas, tudo branco.
Parece que fica tudo mais quieto, mais em paz.
Volto para casa a pé, sentindo o vento gelado no rosto, os flocos de neve caindo e a temperatura de –4ºC. A música que toca no iPod é Ruby Tuesday, dos Rolling Stones, em magistral interpretação do Nei Lisboa, em gravação ao vivo, do CD Hi-Fi, de 1998.
Chego em casa, banho quente e fico olhando pela janela a neve que cai.
Tudo bem, tudo em paz.
Até.
Nunca fui assim, posso garantir.
Essa coisa de ‘odeio segunda-feira’ para mim nunca passou de lenda, bobagem até. Pensemos o seguinte: um sétimo da vida é composto de segundas-feiras. Logo, estaríamos de mau humor durante uma porção significativa de nossa existência. Só para ser mais preciso, segundo o IBGE (dados de 2003), a expectativa ou esperança de vida do brasileiro ao nascer é de 70,3 anos, o que quer dizer aproximados 25660 dias, dos quais um sétimo desses dias estaríamos de mal com a vida, o que equivaleriam a DEZ anos de mau humor. Dez anos!
Pois é, então esse papo de “odiar segunda-feira” é lenda.
Até porque essa coisa de “odiar” algo ou alguém é uma característica meio fresca. Pior ainda se disser que, se pudesse, jogava a segunda-feira no chão e sapeteava nela… Bom deixa pra lá, o que queria dizer era outra coisa.
Notei que as segundas-feiras agora tem um efeito sobre mim. Primeiro, achei que era porque eu ia dormir muito tarde aos domingos, por ficar vendo televisão, e acordava segunda-feira cansado. Era uma explicação lógica.
Mas essa semana eu fiz um teste: descansei durante o final de semana, e fui dormir mais ou menos cedo ontem. Resultado: hoje pela manhã eu estava tão cansado quanto nas outras semanas. Será que é a segunda-feira, que terá algum efeito nocivo em nós humanos, foi a pergunta que me fiz.
Até que me dei conta que não, era o meu corpo tentando me fazer virar sedentário e não ir fazer atividade física. Mas não conseguiu. Cheguei do hospital, fiz um lanche, troquei de roupa e fui para lá. Após uma hora de atividade física, saí para a rua fria, e o cenário tinha mudado: do cinza de final de tarde que tem caracterizado últimos dias de Toronto, a paisagem de inverno.
Neve. Por tudo. Carros, calçadas, tudo branco.
Parece que fica tudo mais quieto, mais em paz.
Volto para casa a pé, sentindo o vento gelado no rosto, os flocos de neve caindo e a temperatura de –4ºC. A música que toca no iPod é Ruby Tuesday, dos Rolling Stones, em magistral interpretação do Nei Lisboa, em gravação ao vivo, do CD Hi-Fi, de 1998.
Chego em casa, banho quente e fico olhando pela janela a neve que cai.
Tudo bem, tudo em paz.
Até.
sábado, fevereiro 14, 2009
quarta-feira, fevereiro 11, 2009
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
Futebol
Depois de um bom tempo, volto a falar de futebol nas segundas-feiras.
Justamente após uma vitória do Inter num Grenal, ocorrido ontem na cidade de Erechim, 362km de Porto Alegre. Mas não é para tocar flauta nem fazer algum tipo de deboche com o co-irmão. Quero falar o óbvio, que não precisaria ser dito nunca, mas não vou me furtar de dizer: o Grenal é um jogo como outro qualquer.
Em outras palavras, é um jogo que vale três pontos, como todos os outros do campeonato. Perder – exceto pela questão anímica – é o mesmo que perder outro jogo. Então é bobagem de qual seja o time priorizar um jogo frente a outro num mesmo campeonato.
Digo tudo isso porque a semana que passou foi de Grenal, e, meio da semana, havia tido uma rodada do campeonato gaúcho em que os dois times jogaram contra times do interior, ambos com equipes não-titulares: o Grêmio apenas com reservas, e o Inter com time com alguns poucos titularers. O Grêmio perdeu para o Veranópolis e o Inter ganhou da Ulbra. Foram para o Grenal e a vitória foi do Inter.
O Grêmio acabou perdendo dois jogos, mesmo risco que correu o Inter. Se tivesse jogado os dois jogos com titulares, talvez tivessem ganhado no meio da semana e – para quem perdesse – o prejuízo não seria duplo em caso de derrota no clássico.
Mas não sou entendido, dirão alguns.Tudo bem, apenas tenho lógica e bom senso.
Até.
Justamente após uma vitória do Inter num Grenal, ocorrido ontem na cidade de Erechim, 362km de Porto Alegre. Mas não é para tocar flauta nem fazer algum tipo de deboche com o co-irmão. Quero falar o óbvio, que não precisaria ser dito nunca, mas não vou me furtar de dizer: o Grenal é um jogo como outro qualquer.
Em outras palavras, é um jogo que vale três pontos, como todos os outros do campeonato. Perder – exceto pela questão anímica – é o mesmo que perder outro jogo. Então é bobagem de qual seja o time priorizar um jogo frente a outro num mesmo campeonato.
Digo tudo isso porque a semana que passou foi de Grenal, e, meio da semana, havia tido uma rodada do campeonato gaúcho em que os dois times jogaram contra times do interior, ambos com equipes não-titulares: o Grêmio apenas com reservas, e o Inter com time com alguns poucos titularers. O Grêmio perdeu para o Veranópolis e o Inter ganhou da Ulbra. Foram para o Grenal e a vitória foi do Inter.
O Grêmio acabou perdendo dois jogos, mesmo risco que correu o Inter. Se tivesse jogado os dois jogos com titulares, talvez tivessem ganhado no meio da semana e – para quem perdesse – o prejuízo não seria duplo em caso de derrota no clássico.
Mas não sou entendido, dirão alguns.Tudo bem, apenas tenho lógica e bom senso.
Até.
domingo, fevereiro 08, 2009
A Sopa 08/27
Déjà vu.
De tempos em tempos, a história se repete, e somos obrigados a ouvir, ler ou assistir pela televisão a mesma ladainha vinda de grupos ditos “pró-vida”, ou seja, lá como se chamem. Falo do caso de Eluana Englaro, italiana, assim como falei há um tempo de Terry Schiavo, lembram?
Eluana tinha 20 anos em 1992 quando sofreu um grave acidente de carro que a deixou em coma. Dois anos depois, se não me engano, foi declarada em estado vegetativo permanente, ou seja, irreversível. Permanecia, desde então, sendo alimentada “artificialmente” (por uma sonda), até que há três meses, após cerca de dez anos de um árdua batalha judicial, conseguiu que a Suprema Corte italiana autorizasse que se suspendesse a alimentação para que ela pudesse morrer em paz.
Como seria de esperar (ou não) “meio mundo” resolveu dar palpites na história, e até parece haver uma divisão dentro do governo italiano sobre o assunto. Enquanto o – no mínimo – fanfarrão Primeiro-Ministro Berlusconi (o mesmo que disse que era impossível impedir os estupros porque era impossível ter tantos policiais quanto meninas bonitas) e seus ministros aprovaram um decreto-lei que proíbe a suspensão da alimentação e da hidratação a pacientes que não podem expressar sua vontade, o presidente italiano, Giorgio Napolitano, disse que não vai assinar o decreto, porque esse (o decreto) é contrário a uma sentença judicial já julgada e em execução.
Pelo menos um pouco de bom senso no meio de tanta estupidez.
Sim, porque até o Vaticano já deu palpite sobre o assunto, dizendo-se contra a suspensão do suporte de vida à italiana, e é a religião que tem pautado a discussão sobre o assunto (no caso da italiana, assim como foi no caso da americana Terry Schiavo e outros). O que mostra, indubitavelmente, o mal que as religiões podem fazer e efetivamente fazem ao mundo.
E é o que me irrita muito.
Quando ouvi falar desse caso pela primeira vez, até havia planejado escrever um texto sobre ele, mas com outro enfoque: como seria, para ela, acordar do coma dezessete anos depois. Aliás, como seria se isso tivesse acontecido comigo? Falo com relação ao longo tempo em coma, porque acidente automobilístico, com hospitalização e coma por alguns dias, eu tive, e tive há dezoito anos.
Ia falar em como o mundo mudou desde então, em tudo o que teria perdido, como seria recomeçar. Seria apenas ficção, assim como é ficção imaginar que ela ainda pode se recuperar, como é superstição acreditar que ela possa acordar depois desse tempo todo e voltar à vida.
Estado vegetativo permanente. Irreversível. Que parte da palavra irreversível as pessoas não querem entender? É contra a vontade de Deus? É mesmo?
A vontade de deus é que se enfiasse uma sonda direto no estômago dela e se passasse dezoito anos alimentando-a e dando água pela sonda, enquanto seu pai e sua mãe carregam a cruz de ver sua filha morta numa cama esse tempo todo, apenas com o coração batendo? Deus não é cruel a esse ponto.
A Igreja Católica, e qualquer um que apoie manter o sofrimento dessa menina e dessa família, o é.
Até.
De tempos em tempos, a história se repete, e somos obrigados a ouvir, ler ou assistir pela televisão a mesma ladainha vinda de grupos ditos “pró-vida”, ou seja, lá como se chamem. Falo do caso de Eluana Englaro, italiana, assim como falei há um tempo de Terry Schiavo, lembram?
Eluana tinha 20 anos em 1992 quando sofreu um grave acidente de carro que a deixou em coma. Dois anos depois, se não me engano, foi declarada em estado vegetativo permanente, ou seja, irreversível. Permanecia, desde então, sendo alimentada “artificialmente” (por uma sonda), até que há três meses, após cerca de dez anos de um árdua batalha judicial, conseguiu que a Suprema Corte italiana autorizasse que se suspendesse a alimentação para que ela pudesse morrer em paz.
Como seria de esperar (ou não) “meio mundo” resolveu dar palpites na história, e até parece haver uma divisão dentro do governo italiano sobre o assunto. Enquanto o – no mínimo – fanfarrão Primeiro-Ministro Berlusconi (o mesmo que disse que era impossível impedir os estupros porque era impossível ter tantos policiais quanto meninas bonitas) e seus ministros aprovaram um decreto-lei que proíbe a suspensão da alimentação e da hidratação a pacientes que não podem expressar sua vontade, o presidente italiano, Giorgio Napolitano, disse que não vai assinar o decreto, porque esse (o decreto) é contrário a uma sentença judicial já julgada e em execução.
Pelo menos um pouco de bom senso no meio de tanta estupidez.
Sim, porque até o Vaticano já deu palpite sobre o assunto, dizendo-se contra a suspensão do suporte de vida à italiana, e é a religião que tem pautado a discussão sobre o assunto (no caso da italiana, assim como foi no caso da americana Terry Schiavo e outros). O que mostra, indubitavelmente, o mal que as religiões podem fazer e efetivamente fazem ao mundo.
E é o que me irrita muito.
Quando ouvi falar desse caso pela primeira vez, até havia planejado escrever um texto sobre ele, mas com outro enfoque: como seria, para ela, acordar do coma dezessete anos depois. Aliás, como seria se isso tivesse acontecido comigo? Falo com relação ao longo tempo em coma, porque acidente automobilístico, com hospitalização e coma por alguns dias, eu tive, e tive há dezoito anos.
Ia falar em como o mundo mudou desde então, em tudo o que teria perdido, como seria recomeçar. Seria apenas ficção, assim como é ficção imaginar que ela ainda pode se recuperar, como é superstição acreditar que ela possa acordar depois desse tempo todo e voltar à vida.
Estado vegetativo permanente. Irreversível. Que parte da palavra irreversível as pessoas não querem entender? É contra a vontade de Deus? É mesmo?
A vontade de deus é que se enfiasse uma sonda direto no estômago dela e se passasse dezoito anos alimentando-a e dando água pela sonda, enquanto seu pai e sua mãe carregam a cruz de ver sua filha morta numa cama esse tempo todo, apenas com o coração batendo? Deus não é cruel a esse ponto.
A Igreja Católica, e qualquer um que apoie manter o sofrimento dessa menina e dessa família, o é.
Até.
sábado, fevereiro 07, 2009
sexta-feira, fevereiro 06, 2009
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
Diferença de classe
Em Porto Alegre, está instalada um polêmica entre o Ministério Público e o Hospital de Clínicas (HCPA) local. O primeiro está ameaçando acionar o segundo para que esse destine 100% de seus leitos para atendimento de pacientes do Sistema Único de Saúde.
O HCPA, hospital-escola da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atende pacientes do SUS e tem reservados 11% de seus leitos para pacientes de convênios, o que - segundo o hospital, ajuda a cobrir o déficit financeiro do SUS e ainda financia o hospital para se manter entre os top do estado e do Brasil em qualidade de atendimento e pesquisa.
Um questão complexa, mas que sempre me faz lembrar um outra situação, trazida pela constituição de 1988, que terminou com a "diferença de classe".
Outro dia falo mais sobre isso, mas existe um princípio simples que diz que somos todos iguais e temos os mesmos direitos, o que é 100% verdadeiro. Mas devemos saber que alguns "podem mais", no sentido de condições financeiras. Por que é tão errado assim pensar em quem tem mais, paga mais?
Não seria uma solução para a falta crônica de dinheiro para a Saúde? Quem tem muito paga mais, quem tem pouco paga menos, quem não tem não paga. Remuneraria melhor os hospitais e os médicos.
Que mal há nisso?
Para pensar...
Até.
O HCPA, hospital-escola da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atende pacientes do SUS e tem reservados 11% de seus leitos para pacientes de convênios, o que - segundo o hospital, ajuda a cobrir o déficit financeiro do SUS e ainda financia o hospital para se manter entre os top do estado e do Brasil em qualidade de atendimento e pesquisa.
Um questão complexa, mas que sempre me faz lembrar um outra situação, trazida pela constituição de 1988, que terminou com a "diferença de classe".
Outro dia falo mais sobre isso, mas existe um princípio simples que diz que somos todos iguais e temos os mesmos direitos, o que é 100% verdadeiro. Mas devemos saber que alguns "podem mais", no sentido de condições financeiras. Por que é tão errado assim pensar em quem tem mais, paga mais?
Não seria uma solução para a falta crônica de dinheiro para a Saúde? Quem tem muito paga mais, quem tem pouco paga menos, quem não tem não paga. Remuneraria melhor os hospitais e os médicos.
Que mal há nisso?
Para pensar...
Até.
quarta-feira, fevereiro 04, 2009
Correria
Férias de verão?
Nada mais longe da verdade. Trabalho, e muito.
Consegui entregar o projeto mais urgente bem antes do prazo.
Vambora que tem mais.
Até.
Nada mais longe da verdade. Trabalho, e muito.
Consegui entregar o projeto mais urgente bem antes do prazo.
Vambora que tem mais.
Até.
segunda-feira, fevereiro 02, 2009
A Sopa 08/26
O mundo está dividido entre aqueles que querem ganhar na Mega-Sena, mas querem que o prêmio seja de um ou dois milhões, e aqueles que querem ganhar o prêmio acumulado por seis semanas, quarenta milhões, e sozinhos. Isso deve significar alguma coisa, mas não tenho a menor ideia do que seja.
Um dos argumentos dos que querem o prêmio, mas que não seja muito grande (como se dois ou três milhões não fosse) é que o prêmio muitas vezes acumulado, aquela “dinheirama” toda, estragaria a vida do ganhador. Sabe como é, inveja, muitos parentes surgiriam do nada, teria que mudar de casa, de cidade, de país. Ou quem sabe andar com seguranças, mas não se pode nem confiar em seguranças contratados...
Sequestros, grande de risco de vida. Um inferno, enfim.
Eu?
Eu sou do grupo que gostaria de ganhar o prêmio acumulado sozinho, mas não acho que seria um inferno. Tudo é um questão de ter um plano. É só saber o que fazer em caso ganhar. Explico: tenho, em uma gaveta, um roteiro completo de minhas ações caso eu ganhasse, de forma a não precisar pensar sobre o assunto e não correr o risco de fazer bobagem.
Simples.
Só seguir o protocolo. As pessoas talvez nunca soubessem que eu ganhei, e continuaria a vida normalmente, apenas com férias mais frequentes para lugares caros e alguns luxos. Aliás, talvez eu tenha ganhado há algum tempo e hoje esteja escrevendo essa Sopa de minha casa na beira do lado, em Hallstat.
Até.
Um dos argumentos dos que querem o prêmio, mas que não seja muito grande (como se dois ou três milhões não fosse) é que o prêmio muitas vezes acumulado, aquela “dinheirama” toda, estragaria a vida do ganhador. Sabe como é, inveja, muitos parentes surgiriam do nada, teria que mudar de casa, de cidade, de país. Ou quem sabe andar com seguranças, mas não se pode nem confiar em seguranças contratados...
Sequestros, grande de risco de vida. Um inferno, enfim.
Eu?
Eu sou do grupo que gostaria de ganhar o prêmio acumulado sozinho, mas não acho que seria um inferno. Tudo é um questão de ter um plano. É só saber o que fazer em caso ganhar. Explico: tenho, em uma gaveta, um roteiro completo de minhas ações caso eu ganhasse, de forma a não precisar pensar sobre o assunto e não correr o risco de fazer bobagem.
Simples.
Só seguir o protocolo. As pessoas talvez nunca soubessem que eu ganhei, e continuaria a vida normalmente, apenas com férias mais frequentes para lugares caros e alguns luxos. Aliás, talvez eu tenha ganhado há algum tempo e hoje esteja escrevendo essa Sopa de minha casa na beira do lado, em Hallstat.
Até.
Assinar:
Postagens (Atom)