Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
sábado, julho 31, 2010
quinta-feira, julho 29, 2010
terça-feira, julho 27, 2010
segunda-feira, julho 26, 2010
domingo, julho 25, 2010
A Sopa 09/50
(Outra Sopa requentada, mas prometo edições inéditas para breve)
A Vaidade Masculina.
Até há uns poucos anos, esse era um assunto tabu: vaidade e masculinidade eram quase opostos. Mas – sabe como é, os tempos são outros – isso mudou.
Agora os homens se cuidam mais, desde o guarda-roupa, dietas, exercícios, cirurgias plásticas. Até cremes para pele. Confesso que sou um cara antenado com o meu tempo, mas usar creme para rugas, nem pensar… De qualquer forma, a vaidade deixou de ser um atributo feminino.
Até aí, nada demais. O risco que se corre é o de exagerar nessa coisa de cuidados com o cabelo, as unhas, etc., e transpor a linha imaginária que separa o metrossexual da frescura pura e simples. Para alguns, a fronteira é muito tênue, e até passam para o outro lado da linha, muitas vezes saltitando. Outros, ao contrário, jamais enfrentarão esse tipo de problema ou dilema. Tenho um amigo, não vou citar nomes, que nem se tentasse – pintando as unhas, por exemplo – ele conseguiria parecer afetado demais.
O que eu não sabia, a bem dizer, nunca havia me dado conta, é que existe toda uma linha de produtos para reforçar a idéia de que, além de ser homem, se é um troglodita, um dedo destroncado, um selvagem. E vende bem. Uma vez, vejam só, comprei um xampu “Para homens”, achando apenas que era para pessoas do sexo masculino. Ingenuidade minha. Homem que é homem não usa xampu, usa sabão de coco, e toma banho frio, sempre. O máximo que se permite é esse xampu, que além de lavar o cabelo, dá caspa. Porque homem que é homem tem caspa.
Assim como um desodorante que comprei esses tempo e que usei por alguns dias até descobrir que ele dava (ou tinha o odor de) asa. Podia ser até o desodorante Red Bull, “te dá aaasaaas”.
O que vem mais por aí?
PS – Essa é a Sopa que completa o 9º ano desse semanário. Semana que vem começa o décimo e provavelmente último ano de publicação.
Até.
A Vaidade Masculina.
Até há uns poucos anos, esse era um assunto tabu: vaidade e masculinidade eram quase opostos. Mas – sabe como é, os tempos são outros – isso mudou.
Agora os homens se cuidam mais, desde o guarda-roupa, dietas, exercícios, cirurgias plásticas. Até cremes para pele. Confesso que sou um cara antenado com o meu tempo, mas usar creme para rugas, nem pensar… De qualquer forma, a vaidade deixou de ser um atributo feminino.
Até aí, nada demais. O risco que se corre é o de exagerar nessa coisa de cuidados com o cabelo, as unhas, etc., e transpor a linha imaginária que separa o metrossexual da frescura pura e simples. Para alguns, a fronteira é muito tênue, e até passam para o outro lado da linha, muitas vezes saltitando. Outros, ao contrário, jamais enfrentarão esse tipo de problema ou dilema. Tenho um amigo, não vou citar nomes, que nem se tentasse – pintando as unhas, por exemplo – ele conseguiria parecer afetado demais.
O que eu não sabia, a bem dizer, nunca havia me dado conta, é que existe toda uma linha de produtos para reforçar a idéia de que, além de ser homem, se é um troglodita, um dedo destroncado, um selvagem. E vende bem. Uma vez, vejam só, comprei um xampu “Para homens”, achando apenas que era para pessoas do sexo masculino. Ingenuidade minha. Homem que é homem não usa xampu, usa sabão de coco, e toma banho frio, sempre. O máximo que se permite é esse xampu, que além de lavar o cabelo, dá caspa. Porque homem que é homem tem caspa.
Assim como um desodorante que comprei esses tempo e que usei por alguns dias até descobrir que ele dava (ou tinha o odor de) asa. Podia ser até o desodorante Red Bull, “te dá aaasaaas”.
O que vem mais por aí?
PS – Essa é a Sopa que completa o 9º ano desse semanário. Semana que vem começa o décimo e provavelmente último ano de publicação.
Até.
sábado, julho 24, 2010
sexta-feira, julho 23, 2010
Sexta-feira...
... é dia de almoçar em churrascaria boa e barata.
Este blog está aberto a sugestões para a semana que vem.
Até.
Este blog está aberto a sugestões para a semana que vem.
Até.
terça-feira, julho 20, 2010
segunda-feira, julho 19, 2010
domingo, julho 18, 2010
A Sopa 09/49
(Uma Sopa de quase dois anos atrás, porque lembrei e tive as mesmas sensações de que falo ali, no encerramento do ano de dois mil e oito)
Foi um bom ano, sem dúvida.
Mas não é disso que vou falar.
Uma palavra, já citada alguma outra vez aqui nessa sopa dominical ou no blog, define o que representou o ano em geral, para o bem e para o mal. E essa palavra é epiphany (em português epifania, a súbita sensação de realização ou compreensão da essência ou do significado de algo). Foi, então, um ano em que tive revelações, percebi e entendi coisas que até então não tinha entendido ou não queria entender. De novo, para o bem e para o mal.
Não vou falar hoje da incrível experiência que foi a gestação, o nascimento e os primeiros quatro meses de vida da Marina, o que – certamente foi o principal acontecimento no meu (e da Jacque e da nossa família em geral) ano. E, em sendo o momento mais luminoso, mais incrível de todos, foi um dos desencadeadores das epifanias a que me referi anteriormente.
Em 2008, eu esperei demais de algumas pessoas que não conseguiram corresponder a essas expectativas, mesmo que o “demais” fosse um mínimo, uma palavra, um gesto. Não deveria surpreender, dirão alguns, as pessoas normalmente são assim. Pois é, talvez até tenham razão, e talvez esse seja uma lição que devo tirar de dois mil e oito: será que eu esperei (esperava, espero) demais das pessoas? Ainda acho que não, mas admito rever meus conceitos...
Percebi que ainda tenho dificuldades em lidar com a idéia budista da impermanência. Resisto muito à idéia de que pessoas que quero bem nem sempre vão estar próximas, que elas podem mudar e posso passar a não fazer parte de suas vidas. Gosto de estar perto de quem eu gosto, mas – como diz a moral de uma história que escrevemos, Igor (exemplo já distante no tempo disso) e eu, há mais de vinte anos, “não adianta gostar de quem não gosta da gente”.
No ano que passou, devo dizer, aprendi que não sou importante – conceito abstrato e de difícil quantificação - na vida de muitas pessoas na mesma proporção que elas o são para mim.
Ao mesmo tempo, vivi alguns dos momentos mais felizes da minha vida, de tamanha felicidade e paz de espírito que tudo o mais se tornou pequeno e insignificante.
Dois mil e oito não poderia ter sido melhor.
Até.
Foi um bom ano, sem dúvida.
Mas não é disso que vou falar.
Uma palavra, já citada alguma outra vez aqui nessa sopa dominical ou no blog, define o que representou o ano em geral, para o bem e para o mal. E essa palavra é epiphany (em português epifania, a súbita sensação de realização ou compreensão da essência ou do significado de algo). Foi, então, um ano em que tive revelações, percebi e entendi coisas que até então não tinha entendido ou não queria entender. De novo, para o bem e para o mal.
Não vou falar hoje da incrível experiência que foi a gestação, o nascimento e os primeiros quatro meses de vida da Marina, o que – certamente foi o principal acontecimento no meu (e da Jacque e da nossa família em geral) ano. E, em sendo o momento mais luminoso, mais incrível de todos, foi um dos desencadeadores das epifanias a que me referi anteriormente.
Em 2008, eu esperei demais de algumas pessoas que não conseguiram corresponder a essas expectativas, mesmo que o “demais” fosse um mínimo, uma palavra, um gesto. Não deveria surpreender, dirão alguns, as pessoas normalmente são assim. Pois é, talvez até tenham razão, e talvez esse seja uma lição que devo tirar de dois mil e oito: será que eu esperei (esperava, espero) demais das pessoas? Ainda acho que não, mas admito rever meus conceitos...
Percebi que ainda tenho dificuldades em lidar com a idéia budista da impermanência. Resisto muito à idéia de que pessoas que quero bem nem sempre vão estar próximas, que elas podem mudar e posso passar a não fazer parte de suas vidas. Gosto de estar perto de quem eu gosto, mas – como diz a moral de uma história que escrevemos, Igor (exemplo já distante no tempo disso) e eu, há mais de vinte anos, “não adianta gostar de quem não gosta da gente”.
No ano que passou, devo dizer, aprendi que não sou importante – conceito abstrato e de difícil quantificação - na vida de muitas pessoas na mesma proporção que elas o são para mim.
Ao mesmo tempo, vivi alguns dos momentos mais felizes da minha vida, de tamanha felicidade e paz de espírito que tudo o mais se tornou pequeno e insignificante.
Dois mil e oito não poderia ter sido melhor.
Até.
sábado, julho 17, 2010
sexta-feira, julho 16, 2010
terça-feira, julho 13, 2010
domingo, julho 11, 2010
A Sopa 09/48
A passagem do tempo, mais uma vez.
Não volto a abordar esse tema, já exaustivamente tratado nessas Sopas dominicais de muitos anos, devido a alguma queixa que porventura pudesse querer eu fazer a respeito disso, do correr dos dias, do inexorável caminho em frente a que somos empurrados – digamos assim – quando nascemos. Quero falar da passagem do tempo, uma vez mais, pelo meu encantamento com a vida.
Prometo aqui que também não vou deixar essa Sopa se tornar uma ode à Marina, minha querida filha, fascinado eu que sou por essa maravilha que é a paternidade e a oportunidade de acompanhar o dia-a-dia do desenvolvimento de um ser humano, sua aquisição de habilidades, como a fala, e o amor incondicional que sentimos por alguém que é parte de ti e ao mesmo tempo um ser único, e que te pede para contar estórias antes de dormir, “na cama nova”, pois deixou de dormir em um berço, e deitamos os dois a ler o livro do “gato de botas”, e rimos antes de dormirmos, algumas vezes eu antes dela. Não vai ser disso que vou falar, fiquem tranquilos.
Assim como não vou falar de projetos antigos que hoje parecem possíveis e os novos que se tornarão realidade, e nem do que acontece de interessante e que não posso contar ainda, “para não estragar a surpresa”.
Nada disso.
Vou lembrar, com espanto, que em um mês completam-se vinte anos desde uma noite em que saí com amigos para irmos a uma festa e não voltei naquela madrugada e nem na manhã seguinte. Que voltei para casa quase um mês depois, já em fase de recuperação após ter sido retirado quase morto das ferragens do carro em que era carona e que era dirigido por um colega que dormiu e bateu em outro carro estacionado, ter ficado em coma por treze dias numa UTI e depois mais duas semanas internado no hospital em que eu era estudante de medicina. Lembrar que, apesar de tudo, não fiquei com sequelas, apenas com uma forma diferente de ver a vida e que isso foi o que determinou escolhas que me trouxeram até aqui, onde estou hoje, e me sinto feliz com isso. Saber que lembro de tudo como se fosse hoje.
E que eu tinha dezoito anos.
Até.
Não volto a abordar esse tema, já exaustivamente tratado nessas Sopas dominicais de muitos anos, devido a alguma queixa que porventura pudesse querer eu fazer a respeito disso, do correr dos dias, do inexorável caminho em frente a que somos empurrados – digamos assim – quando nascemos. Quero falar da passagem do tempo, uma vez mais, pelo meu encantamento com a vida.
Prometo aqui que também não vou deixar essa Sopa se tornar uma ode à Marina, minha querida filha, fascinado eu que sou por essa maravilha que é a paternidade e a oportunidade de acompanhar o dia-a-dia do desenvolvimento de um ser humano, sua aquisição de habilidades, como a fala, e o amor incondicional que sentimos por alguém que é parte de ti e ao mesmo tempo um ser único, e que te pede para contar estórias antes de dormir, “na cama nova”, pois deixou de dormir em um berço, e deitamos os dois a ler o livro do “gato de botas”, e rimos antes de dormirmos, algumas vezes eu antes dela. Não vai ser disso que vou falar, fiquem tranquilos.
Assim como não vou falar de projetos antigos que hoje parecem possíveis e os novos que se tornarão realidade, e nem do que acontece de interessante e que não posso contar ainda, “para não estragar a surpresa”.
Nada disso.
Vou lembrar, com espanto, que em um mês completam-se vinte anos desde uma noite em que saí com amigos para irmos a uma festa e não voltei naquela madrugada e nem na manhã seguinte. Que voltei para casa quase um mês depois, já em fase de recuperação após ter sido retirado quase morto das ferragens do carro em que era carona e que era dirigido por um colega que dormiu e bateu em outro carro estacionado, ter ficado em coma por treze dias numa UTI e depois mais duas semanas internado no hospital em que eu era estudante de medicina. Lembrar que, apesar de tudo, não fiquei com sequelas, apenas com uma forma diferente de ver a vida e que isso foi o que determinou escolhas que me trouxeram até aqui, onde estou hoje, e me sinto feliz com isso. Saber que lembro de tudo como se fosse hoje.
E que eu tinha dezoito anos.
Até.
sábado, julho 10, 2010
quarta-feira, julho 07, 2010
Há 20 anos
terça-feira, julho 06, 2010
segunda-feira, julho 05, 2010
Carta a Dunga
por Juremir Machado da Silva*
Caro Dunga,
Minha solidariedade, Dunga. Tu foste genial. Eu me tornei definitivamente teu fã. A eliminação contra a Holanda não abalará em coisa alguma a minha admiração. Tu és ingênuo, Dunga. Quiseste ganhar com base na seriedade, na lealdade e no caráter. Tiveste a coragem de dizer sempre a verdade e de enfrentar os mais poderosos. Cometeste erros, Dunga, mas isso é normal. Só os cretinos imaginam fazer tudo certo. Deixaste de fora alguns meninos talentosos, Dunga, e o velho Ronaldinho Gaúcho. Tiveste boas razões para isso. Tu havias ganhado tudo com o grupo que levaste a Copa. Desejavas valorizar os teus comandados e vencer ou perder com eles. És um capitão de navio à moda antiga. Aceitaste afundar com teu navio. Tua vitória teria sido uma revolução nos costumes. Que pena!
É verdade que não apostaste na beleza. Outros, no entanto, ganharam sem beleza alguma e tampouco sem tua valentia e tua nobreza rude. A derrota foi o resultado de alguns erros que podem acontecer com qualquer um: um gol contra de Felipe Melo, uma agressão boba de Felipe Melo, que determinou sua expulsão, e a perda do controle emocional pelo time todo. O mesmo Felipe Melo, entretanto, deu o lindo passe do gol do Robinho. Estiveste a um passo da glória, Dunga. Agora, voltaste, apesar dos triunfos anteriores, a ser um desgraçado, um maldito, um desprezado. Conheço isso, Dunga. Por mais que tu venças, serás sempre um perdedor. É tua sina. Os donos do mundo não suportam a tua franqueza, que chamam de arrogância. Detestam tua simplicidade, que rotulam de grossura. Odeiam tua transparência, que os impede de conceder privilégios e de fazer negociatas na tua cara.
Foste um exemplo, Dunga. O mundo, porém, não está preparado para a tua vitória. Espero que esteja para a de Maradona, técnico antagônico e completar a ti, mas não acredito. Tomara que eu me engane. Foste bravo, Dunga, impávido, colosso. Não mandaste Felipe Melo pisar no adversário. Buscaste o equilíbrio. Apostaste no talento de Kaká e Robinho. Sonhaste com a beleza. Ela não sorriu para ti. A mídia te condenou por não teres feito o jogo dela. Viste o jogo como um jogo e tudo fizeste para alcançar os teus objetivos. Não compreendeste que o jogo é também um teatro no qual alguns devem sempre figurar nos camarotes. Até o teu sotaque incomodou, Dunga, neste país onde os que debocham do teu sotaque têm sotaques tão ou mais caricaturais. Tiveste personalidade, Dunga. Isso é imperdoável. Há muita gente feliz agora. Teus inimigos podem sorrir triunfantes e sentenciar: “Eu não disse...”
Nós, os ruins, os ressentidos, os malditos, os perdedores, apesar de todas as nossas vitórias, estamos contigo Dunga. Somos os teus representantes por toda parte. Tinhas razão, Dunga: boa parte da mídia estava dividida, torcendo pelo Brasil e, ao mesmo tempo, te secando. Para vencer neste mundo, Dunga, é preciso aprender a ser hipócrita. Tu nunca conseguirás. Tuas vitórias serão sempre laboriosas. Tuas derrotas te marcarão mais. Tu, ao contrário de outros, não te escondes jamais. Aceita, caro Dunga, meus cumprimentos.
*Publicado no jornal Correio do Povo de 03/07/2010
Caro Dunga,
Minha solidariedade, Dunga. Tu foste genial. Eu me tornei definitivamente teu fã. A eliminação contra a Holanda não abalará em coisa alguma a minha admiração. Tu és ingênuo, Dunga. Quiseste ganhar com base na seriedade, na lealdade e no caráter. Tiveste a coragem de dizer sempre a verdade e de enfrentar os mais poderosos. Cometeste erros, Dunga, mas isso é normal. Só os cretinos imaginam fazer tudo certo. Deixaste de fora alguns meninos talentosos, Dunga, e o velho Ronaldinho Gaúcho. Tiveste boas razões para isso. Tu havias ganhado tudo com o grupo que levaste a Copa. Desejavas valorizar os teus comandados e vencer ou perder com eles. És um capitão de navio à moda antiga. Aceitaste afundar com teu navio. Tua vitória teria sido uma revolução nos costumes. Que pena!
É verdade que não apostaste na beleza. Outros, no entanto, ganharam sem beleza alguma e tampouco sem tua valentia e tua nobreza rude. A derrota foi o resultado de alguns erros que podem acontecer com qualquer um: um gol contra de Felipe Melo, uma agressão boba de Felipe Melo, que determinou sua expulsão, e a perda do controle emocional pelo time todo. O mesmo Felipe Melo, entretanto, deu o lindo passe do gol do Robinho. Estiveste a um passo da glória, Dunga. Agora, voltaste, apesar dos triunfos anteriores, a ser um desgraçado, um maldito, um desprezado. Conheço isso, Dunga. Por mais que tu venças, serás sempre um perdedor. É tua sina. Os donos do mundo não suportam a tua franqueza, que chamam de arrogância. Detestam tua simplicidade, que rotulam de grossura. Odeiam tua transparência, que os impede de conceder privilégios e de fazer negociatas na tua cara.
Foste um exemplo, Dunga. O mundo, porém, não está preparado para a tua vitória. Espero que esteja para a de Maradona, técnico antagônico e completar a ti, mas não acredito. Tomara que eu me engane. Foste bravo, Dunga, impávido, colosso. Não mandaste Felipe Melo pisar no adversário. Buscaste o equilíbrio. Apostaste no talento de Kaká e Robinho. Sonhaste com a beleza. Ela não sorriu para ti. A mídia te condenou por não teres feito o jogo dela. Viste o jogo como um jogo e tudo fizeste para alcançar os teus objetivos. Não compreendeste que o jogo é também um teatro no qual alguns devem sempre figurar nos camarotes. Até o teu sotaque incomodou, Dunga, neste país onde os que debocham do teu sotaque têm sotaques tão ou mais caricaturais. Tiveste personalidade, Dunga. Isso é imperdoável. Há muita gente feliz agora. Teus inimigos podem sorrir triunfantes e sentenciar: “Eu não disse...”
Nós, os ruins, os ressentidos, os malditos, os perdedores, apesar de todas as nossas vitórias, estamos contigo Dunga. Somos os teus representantes por toda parte. Tinhas razão, Dunga: boa parte da mídia estava dividida, torcendo pelo Brasil e, ao mesmo tempo, te secando. Para vencer neste mundo, Dunga, é preciso aprender a ser hipócrita. Tu nunca conseguirás. Tuas vitórias serão sempre laboriosas. Tuas derrotas te marcarão mais. Tu, ao contrário de outros, não te escondes jamais. Aceita, caro Dunga, meus cumprimentos.
*Publicado no jornal Correio do Povo de 03/07/2010
domingo, julho 04, 2010
A Sopa 09/47
Pode ser que eu esteja ficando velho, segunda parte.
Falem o que quiserem, mas eu estava torcendo para Argentina contra a Alemanha no jogo de ontem (vencido por inapeláveis quatro a zero pela seleção germânica). Com a derrota, minha torcida agora é pelo Uruguai. Soy celeste.
Poderia eu alegar minha ascendência alemã – meu bisavô materno veio de lá – para justificar a torcida para esta seleção, mas prefiro que a proximidade geográfica e cultural, a essas alturas muito mais forte que linhagem sanguínea em influenciar o meu modo de ver o mundo, como razão para essa preferência sul-americana. Afinal, sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes e vindo do interior, como cantava Belchior. Sou do sul, não posso negar, é só olhar para ver que sou do sul, a minha terra tem o céu azul, é só olhar e ver.
Admito, contudo, que em certo momento, eu realmente ficava incomodado com o que chamaram de arrogância do técnico argentino, Diego Maradona. Depois, e após a derrota, principalmente, entendi que era folclore, ele estava ali representando um personagem. Era parte de jogo de cena. Ao menos eu vejo assim.
Mesmo que eu esteja errado, e ele seja um megalomaníaco e louco e drogado, não tem como não respeitar um profissional que participa, se envolve, e depois sofre como ele mostrou estar sofrendo na entrevista pós-jogo. Com a intensidade de um tango, estampada em seu rosto estava a tragédia, a dor. Ele merecia, dirão muitos.
Ninguém merece tamanha dor, fiquem sabendo.
Mas eu dizia que acho que estou ficando velho, e é a segunda semana consecutiva que digo isso, assim, claramente. Pois não consigo ficar feliz com a dor alheia. Sei que a rivalidade – futebolística apenas – entre brasileiros e argentinos é briga de irmãos, implicância de iguais, especialmente quando somos nós, todos gauchos, que “nos estranhamos”. Como eu disse, é birra entre irmãos. Por isso até entendo algumas poucas manifestações pós-jogo, mas apenas algumas.
As que são por intolerância, essas são muito pequenas.
Até.
Falem o que quiserem, mas eu estava torcendo para Argentina contra a Alemanha no jogo de ontem (vencido por inapeláveis quatro a zero pela seleção germânica). Com a derrota, minha torcida agora é pelo Uruguai. Soy celeste.
Poderia eu alegar minha ascendência alemã – meu bisavô materno veio de lá – para justificar a torcida para esta seleção, mas prefiro que a proximidade geográfica e cultural, a essas alturas muito mais forte que linhagem sanguínea em influenciar o meu modo de ver o mundo, como razão para essa preferência sul-americana. Afinal, sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes e vindo do interior, como cantava Belchior. Sou do sul, não posso negar, é só olhar para ver que sou do sul, a minha terra tem o céu azul, é só olhar e ver.
Admito, contudo, que em certo momento, eu realmente ficava incomodado com o que chamaram de arrogância do técnico argentino, Diego Maradona. Depois, e após a derrota, principalmente, entendi que era folclore, ele estava ali representando um personagem. Era parte de jogo de cena. Ao menos eu vejo assim.
Mesmo que eu esteja errado, e ele seja um megalomaníaco e louco e drogado, não tem como não respeitar um profissional que participa, se envolve, e depois sofre como ele mostrou estar sofrendo na entrevista pós-jogo. Com a intensidade de um tango, estampada em seu rosto estava a tragédia, a dor. Ele merecia, dirão muitos.
Ninguém merece tamanha dor, fiquem sabendo.
Mas eu dizia que acho que estou ficando velho, e é a segunda semana consecutiva que digo isso, assim, claramente. Pois não consigo ficar feliz com a dor alheia. Sei que a rivalidade – futebolística apenas – entre brasileiros e argentinos é briga de irmãos, implicância de iguais, especialmente quando somos nós, todos gauchos, que “nos estranhamos”. Como eu disse, é birra entre irmãos. Por isso até entendo algumas poucas manifestações pós-jogo, mas apenas algumas.
As que são por intolerância, essas são muito pequenas.
Até.
sábado, julho 03, 2010
sexta-feira, julho 02, 2010
Como fazer um argentino chorar...
Agora só nos resta observar...
Confesso que gostaria de ver um sul-americano campeão.
Até.
quinta-feira, julho 01, 2010
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