domingo, março 01, 2020

A Sopa

Março, 2020.

Como disse uma vez anteriormente, ainda acho estranho viver qualquer ano depois de 1986. Mil novecentos e oitenta e sete, talvez, oitenta e oito no máximo. Depois disso, parece irreal.

Não, não vivo no passado. E também não, não idealizo o passado.

Confesso, contudo, que provavelmente isso tenha acontecido em algum momento, mas já passou. Não provavelmente. Certamente já vivi num passado idealizado ou que poderia ter sido. Foi importante em determinado momento, como um retraimento, um recolhimento para repensar e – sim – me reencontrar.

Mas isso já faz tempo, e muito.

Eu ia dizendo, então, que estamos em março de 2020. Passaram-se vinte anos desde que tive que ficar de sobreaviso na virada do ano porque podia ocorrer o bug do milênio e eu era militar na época. Veja só, já faz vinte anos que saí da Aeronáutica (época em que comecei o doutorado, que ia terminar – defender – quatro ano depois, quando já fazia o Pós-doutorado e morava em Toronto). Muita coisa aconteceu e muito mudou a vida nesse tempo todo.

E é assim que são as coisas, porque assim é o tempo.

O último ano, em especial, foi de mudanças, de desaceleração. E foi muito bom. Como contei aqui nessa Sopa há algum tempo, 2019 foi um ano sabático, em que eu não quis fazer nada em termos profissionais além de atender os meus pacientes, de ser médico. Defini que esse período começaria e terminaria num primeiro de março. E hoje é o dia final estipulado.

E agora, o que muda?

Praticamente nada, para ser honesto.

Gostei de como foi vida nesse período, de como as prioridades certas estiveram nos lugares certos. De como soube viver a vida no ritmo que eu determinei (como sempre deveria ter disso). De como não precisei dar satisfações dos meus atos e nem de onde eu estava para ninguém que não fosse quem realmente importa.

Ainda tenho que trabalhar algumas questões minhas, que levam tempo. Estou novamente aberto, contudo, a conversar, a novas possibilidades. Mas, agora, quem dá as cartas, sou eu.

Até.



  

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