terça-feira, março 17, 2020

Crônicas de uma Pandemia - Segundo Dia


Hoje foi confirmada a primeira morte no Brasil. 

Em São Paulo.

Aqui no Sul do Mundo, o primeiro caso positivo em um aluno da Medicina, que voltou de viagem e talvez tenha circulado pelo hospital. Uma professora do curso, que deu aula a ele é minha colega de consultório. O filho de um colega do hospital testou positivo.

O círculo está fechando em torno de nós.

O diagnóstico positivo de infecção pelo coronavírus (COVID-19) não é uma sentença de morte, tem que ficar claro. Como eu já disse, a maior parte dos casos será leve e a pessoa se recuperará plenamente. O risco individual, na verdade é pequeno, exceto para pacientes acima de 60 (e 80, em especial) anos e com doenças crônicas cardiovasculares e/ou respiratórias. 

A partir de amanhã, todas as escolas estarão fechadas. Todos devem ficar longe de shoppings e outros locais de aglomeração. Pessoas estão lotando os supermercados em busca de provisões. Pão e ovos estão em falta. Com relação ao papel higiênico, ainda havia muito disponível. Já que eu estava lá, comprei. 

O que queremos, agora, é frear a velocidade de transmissão do vírus, para não sobrecarregar o sistema de saúde, que já tem suas precariedades conhecidas. O momento é de prudência, cautela.

Máscara para quem chega com tosse no consultório. Lavagem quase compulsiva das mãos e uso do álcool gel. Após cada paciente, independente do motivo da consulta, higienização do ambiente. Cuidado, sempre.
  
Hoje, à tarde, uma senhora de 76 anos que consultava comigo chorou quando eu disse que ela não deveria ver os netos por um período que ainda não sabíamos qual seria, e que era para sua segurança. Doeu em mim quase tanto quanto nela. Todos faremos sacrifícios.

Tempos difíceis, esses.

Mas vamos superar.   

Até.

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