domingo, setembro 12, 2004

A Sopa 04/08

Uma vez, não lembro bem, vi na TV um teste que aplicaram para crianças e que tinha relação com satisfação imediata, não sei ao certo. Mas funcionava da seguinte forma: eles davam um doce para uma criança e diziam a ela que se ela guardasse o doce por um tempo, ganharia dois. Algumas conseguiam esperar, antecipando o prazer de receber dois doces, enquanto outros comiam na hora, pois necessitavam de satisfação imediata.

Pois é, percebi estes dias que eu comeria o doce na hora, talvez até tirasse da mão do pesquisador, ansioso por satisfazer o meu prazer. Como eu descobri? Com um livro, e já introduzo o assunto deste editorial, exatamente isso, um livro.

O livro em questão me foi sugerido pela minha professora de inglês, ainda em Porto Alegre. Fiz aulas de conversação por uns dois meses antes de viajar com a Nora, uruguaia formada em Sociologia, filha de um médico que foi integrante dos Médicos Sem Fronteiras, e que morou em vários países da América Latina e África. Ou seja, uma pessoa com uma grande experiência de vida e certamente muitas histórias para contar.

As aulas ocorriam no Hospital Mãe de Deus, no café, em consistiam em uma hora (às vezes até quase duas) de conversa, sobre qualquer assunto que surgisse. Antes de comecar, tinha dúvidas se conseguiria ter sobre o que falar nas aulas. Que bobagem, às vezes a aula terminava e ainda tínhamos coisas para falar…

Numa das últimas aulas, não sei por que, falávamos sobre as Portas Santas das igrejas católicas. Para quem não sabe, as Portas Santas são portas das igrejas que ficam fechadas e só são abertas a cada vinte e cinco anos, nos anos jubilares. Diz a tradição que quem passa pelas Portas Santas das catedrais de Roma (São Pedro, San Giovanni in Laterano, Santa Maria Maggiore e San Paolo fuori le Mura) num Ano Jubilar tem os seus pecados perdoados. Dizia eu a ela que em 2000, no último Ano Jubilar, coincidiu de visitarmos Roma em dezembro, e que, lá, tivemos – a Jacque e eu – a oportunidade de visitar estas igrejas e passar pelas Portas Santas.

Foi aí que que ela me sugeriu o livro que agora quero sugerir a vocês e que motivou a conclusão de que sou um selvagem atrás de satisfação imediata. Ela perguntou se eu conhecia o livro Código Da Vinci, do autor americano Dan Brown. Disse que sim, que estava ansioso em lê-lo, mas que, devido a toda correria pré-viagem a Toronto, não achava tempo para tal. Então ela sugeriu o livro anterior do mesmo autor, a primeira aventura do professor Robert Langdom, chamado ‘Angels & Demons’. Sugeriu que eu comprasse quando já estivesse em Toronto, em inglês, obviamente.

Pois bem, logo antes de ir à NY, no aeroporto em Toronto, encontrei a edição de bolso do livro. Comprei, e fui lendo no avião. Durante a estada em NY, não li praticamente nada, mas na volta, no avião, não consegui parar de ler. Chegando aqui, enlouqueci: aproveitava cada segundo livre, no metrô, esperando por uma reunião, todo momento servia para ler. E quando não conseguia, ficava ansioso em saber o que iria acontecer nos momentos seguintes do livro.

É muito bom mesmo, um thriller bem escrito, ação e suspense, corrida contra o tempo, e se passa em Roma, incluindo o Vaticano. Na sexta-feira, fui lendo até às duas da mannhã, não queria parar de ler para saber o final, surpreendente, cheio de reviravoltas. No sábado, acordei às nove e fiquei na cama lendo até às 10h, quando terminei o livro. Depois, aquele vazio: puxa vida, por que não li com mais calma, degustando o livro aos poucos?

Porque sou um troglodita. Satisfação imediata.

Até semana que vem.

2 comentários:

Anônimo disse...

As vezes temos vontade de devorar um livro mesmo, é legal. Mas é melhor nào ler muito rápido, da para refletir mais sobre o livro e suas passagens. Estou lendo Cem quilos de ouro, do Fernando Morais. Muito bom, são vários artigos de várias épocas reunidos em um livro. Realmente, dá vontade de ler tudo, mais estou lendo dois capítulos (artigos) por dias. Um abraço, Fernando Miranda.

Comedida disse...

Idem! Troglodita MOR respondendo! Foi assim com o livro Gula, do LFV, li num toque e me arrependi! Já o outro livro deste autor, O Código Da Vinci, é bastante criticado atualmente, no mundo todo. Ele é considerado o "Paulo Coelho" americano. Suas capas são escolhidas após longa pesquisa de marketing, etc. Ele se atropelou em datas e afirmações e foi tocar em assunto cristão...Gera polêmica sempre. Confesso que não li e quero ler. Os argumentos contra ele que sairam na Veja e Isto é são muito fortes. Mas mudando de assunto então tu anda fazendo faxina? Que vida...eu odeio fazer limpeza...e cozinhar então nem se fala!!!Quase morri com a foto do Times Square!!! Muito Tri!!!Não tem como sentir saudades daqui com tanta coisa legal por aí mesmo!!! Só das pessoas mesmo!!! Beijo, Aline