terça-feira, janeiro 10, 2006

Hoje não vou falar

Habitualmente, quando chego de volta à Toronto, escrevo sobre a sensação de voltar para cá depois de ter estado fora, de como é ruim me despedir de quem gosto, etc, mas recebi um comunicado da central de estatística deste blog dizendo que se eu escrevesse mais uma vez sobre isso o blog seria tirado do ar por excesso de sentimentalismo ou – mais provável – eu seria atropelado por uma manada de elefantes.

Então não vou falar sobre isso.

Vou fazer um anúncio: vou largar as drogas.

Ou melhor, vou trocar de droga.

Explico.

Normalmente, para tolerar as dez horas de vôo noturno na classe econômica, que são difíceis em virtude da minha altura, eu costumo tomar um comprimido para dormir. Nunca tive problemas com o que costumo usar, o midazolan (o popular dormonid). Mas está descrito que ele pode causar reação paradoxais, ou seja, efeito contrário ao de relaxamento e alívio de ansiedade.

Não, eu não tive uma crise e saí correndo pelado pelo avião como possam estar pensando.

Deixa eu contar do vôo São Paulo – Toronto da Air Canada.

Airbus A340 (eu acho). Võo lotadaço. Minha poltrona, 28C, corredor. A última fila antes dos banheiros do meio do avião. Me instalo, e constato: ela não reclina nem um mísero grau, o que quer dizer que vou ter que passar a noite num ângulo de 90º. Chamo a primeira comissário de bordo, que diz que devemos esperar o avião decolar para tentar ajeitar a situação.

Decola a avião, o aviso de apertar o cintos apaga, todos reclinam suas poltronas e eu fico lá tal qual um “L”, lendo. Bate o sono, largo o livro, e cochilo por alguns instantes. Servem a janta, e eu a 90º. Converso com a segunda comissária, que pede mais um tempo para tentar resolver a situação. Termina a janta e começa o filme. O filme se desenrola e eu lá, sentado reto, tal qual um nobre inglês, postura impecável.

Chamo o terceiro comissário. Em inglês explico que não pretendo dormir sentado daquele jeito. Ele tenta consertar. Nada feito. Diz que vai me dar um carta para reclamar da companhia. Acaba o filme, apagam-se as luzes. A segunda comissária me diz que o único assento vago é no meio, na fila de quatro, entre um senhor que aquela altura babava no travesseiro, literalmente, e um obeso. Digo pra ela que prefiro que uma manada de elefantes me atropele. Ela diz que nada pode fazer.

Volto ao meu lugar. Passam-se dez, quinze minutos. E eu lá, a 90º. Tenho que fazer algo.

Vou ao fundo do avião, onde estão os comissários reunidos. Converso com o terceiro comissário, que descubro ser português. Quando digo que sou brasileiro, diz que vai me ajudar, mas comenta que a classe executiva está lotada (e lá se vai por água abaixo minha experança de me dar bem). Comenta, finalmente, que um dos assentos reservados a eles, comissários, está vago e que se eu quiser posso dormir ali, mas é em frente ao banheiro e, portanto, barulhanto.

Para isso servem as drogas, penso. Isso, vou tomar o comprimido e dormir. Tomo o comprimido. Me acomodo no último assento do avião, corredor, em frente ao banheiro, luz acesa. É só esperar que medicação faça efeito e vou dormir umas três ou quatro horas, certo. Estou tranqüilo. Para melhorar, o comissário me oferece o assento da janela, já que ele tem plugs de ouvido e uma máscara para dormir. Perfeito.

Durmo até ser acordado com o anúncio do café da manhã. Volto ao meu assento original e terminou o vôo lá.

A única coisa é que o comissário passa por mim e comenta que – durante a noite – houve turbulência e que nesse momento comentei algo que ele não entendeu bem: eu disse, segundo ele (não lembro de nada, amnésia é um dos efeitos da medicação):

“Seguuura, peão!”…

Pronto, nunca mais tomo dormonid.

Até.

4 comentários:

Anônimo disse...

HAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH! AH, MENTIRA!

Puta que o pariu que voce pegou a poltrona "premiada"! Eu ia pegar essa poltrona, ate papai se dar conta de que e a nao-reclinavel e fez trocarem la no guiche mesmo, haha!

Quanto ao segura peao, se for verdade, eu teria RACHADO o bico de rir de voce se visse isso.

E a temperatura nao esta tao fria mais, viu?! Acho que sua reza foi mais forte que a minha. Estou ficando e com medo do verao...

Beijos!!!

Anônimo disse...

Marcelo, bah é tri ruim ficar longe dos amigos, imagino as saudades de Porto Alegre!=]
Estou afim de trocar informções com a galera de outros países, baixei esse programa pra poder falar com outros países pelo computador que tá de graça!=]
Dai tu também pode ligar pros teus amigos e a namorada do Brasil!
Se tu quiser baixar, o link é esse:

http://voip.terra.com.br/html/do...ml/ download.htm

E se tu puder entrar no meu blog, ficarei feliz=]

=*beijos!

Anônimo disse...

Me confirma se é verdade isso, ou se tu inventou...se for, é muito engraçado! uahahha
Mas pensa, seria pior se tu gritasse, no meio da turbulência:

AAAAA LA PUCHA!!

Vitor.

Anônimo disse...

Dei várias gargalhadas. Pelo menos a viagem não foi tão ruim.... bjs,