Sobre música e memória.
A minha formação musical, como com a maioria das pessoas, começou em casa, com meus pais. Nenhum dos dois tocava algum instrumento, mas tenho fortes lembranças de domingos em que ligavam o som e ouvíamos os discos do Chico Buarque e Paulinho da Viola. Roda Viva, a Banda, e outras eram a trilha sonora, e foram a base.
Depois, o primeiro disco de vinil que comprei, quando ganhei meu primeiro aparelho de som (na época, o que se chamava de vitrola) foi do Queen, ‘The Game’, porque havia ouvido na escola sobre a banda. E também um compacto da Blitz que no lado A tinha “Você Não Soube Me Amar” e no lado B uma faixa que dizia “nada, nada, nada” ...
A partir daí, a minha formação passou muito pelo rádio, desde – lá nos anos 80 – quando comecei ouvindo ao dormir a rádio Cidade (“Love Songs”) e a rádio Universal, com Clóvis Dias Costa e o ‘Ritmo 20’ e o ‘Ritmo 20 in Love’. Um repertório bem pop.
Até que conheci a rádio Ipanema.
E mudou tudo. Aí sim o meu gosto musical foi moldado definitivamente, e tenho lembranças boas do tempo em que ouvia direto, com a familiaridade com os apresentadores, desde a Kátia Suman, da noite, até o Alemão Vitor Hugo, das manhãs, passando pela Mary Mezzari, o Eduardo Santos e o grande Mauro Borba, entre outros. Foi – como os porto-alegrenses sabem – uma rádio lendária.
O tempo, como em tudo, foi implacável, e a rádio Ipanema terminou, com seus personagens se espalhando por outras rádios e projetos. Antes ainda, o Mauro Borba havia saído da Ipanema e ido para a Felusp que virou 107,1, Pop Rock e por último Mix FM, esta última um perfil de rádio que não faz o meu gosto pessoal. Na passagem de Pop Rock para Mix, acabaram dois programas que o Mauro Borba apresentava, ‘A Hora do Rush’ e ‘Boys Don’t Cry’.
Bom, há alguns dias foi anunciado e ontem ele voltou ao rádio (ou ao meu horizonte musical, digamos assim). Ele saiu da Mix e foi para a 102.3 FM, rádio “adulta” de música do Grupo RBS. ‘A Hora do Rush’ de novo no rádio. Eu ouvi, e foi como se estivesse voltando no tempo, a trilha (“a cortina”) do programa, as músicas tocadas. Senti como se o rádio ganhasse novamente uma dimensão maior e merecida depois de muito tempo. Me senti representado.
Foi legal.
Até.
Nenhum comentário:
Postar um comentário