Começou na pandemia.
Com boa parcela das pessoas – aquelas que podiam, claro – isoladas em casa, muitas trabalhando no sistema de home office, com muito tempo disponível, tornou-se, pelas óbvias circunstâncias, comum os eventos médicos (e aqui falo especificamente disso) realizados de maneira remota, online. Era extremamente conveniente para os promotores de tais eventos, principalmente os promocionais ligados à indústria farmacêutica: os gastos com os eventos eram mínimos, porque a audiência estava em sua casa.
Era perfeitamente compreensível.
De novo, não falo de congressos médicos, eventos científicos promovidos por entidades médicas. Falo daqueles científico-promocionais, que falam, claro, de ciência, mas também dos produtos das empresas promotoras.
Antes da pandemia, esses eventos – quando nacionais, locais – eram feitos em restaurantes, situações em que, além da parte de atualização médica, havia a oportunidade de encontro com colegas e amigos médicos em um local agradável. A pandemia, por óbvias razões, interrompeu, impediu esse tipo de evento. E virou uma festa: os eventos online – sempre noturnos – ocorriam quase que diariamente. Muitas vezes ficava difícil acompanhar todos os que gostaríamos.
Mas a pandemia acabou.
A partir de então, na minha percepção, acabou qualquer justificativa para eventos online, em dias úteis, à noite. Após um longo dia de trabalho, tudo o que não quero é chegar em casa e ficar em frente a uma tela assistindo aulas médicas. Pior que isso, só sábado pela manhã, e já falei antes sobre isso. A questão é do valor que cada um dá ao seu tempo. Tenho a sensação de que foi perdido pudor em tentar ‘sequestrar’ o tempo, a atenção das pessoas. Como se fossem dementadores e estivessem sugando nossa energia vital...
E não tem nada de mais valor do que o nosso tempo.
Até.
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