“O mundo é maior que teu quarto...”.
Tudo é a narrativa.
A realidade é o que vemos e como interpretamos o que estamos vendo, muito mais do que qualquer outra coisa. A vida é a história que nos contamos e que contamos aos outros. Tudo é, no fim, questão de interpretação.
Por isso que viver em bolhas nos dá segurança: todos ali, em nossa volta, compartilham a mesma visão dos fatos, e interpretam virtualmente da mesma maneira. Fala-se o mesmo dialeto que é interpretado do modo semelhante. E é por isso que pessoas que pensam diferente, vivem de forma diferente, falam outro idioma, podem ser perturbadoras para muitos. Porque podem abalar nosso viés de confirmação.
De novo: é bom viver em uma bolha.
É confortável, seguro. Na bolha estamos seguros, todos nos conhecem e sabemos o que esperar, sabemos o que dizer e sabemos que vamos ouvir aquilo que vai confirmar tudo aquilo em que acreditamos. E lembro do filme estrelado pelo John Travolta, The Boy in the Plastic Buble, de 1976, em que ele, por um problema de imunidade, é criado e vive dentro de uma bolha, que o protege de infeções. É mais ou menos o que acontece atualmente, em que vivemos em ‘bolhas’, livres do risco de sermos expostos a opiniões e visões de mundo. Bendita bolha.
Viva a bolha!
Porém...
A bolha é a caverna de Platão, em que vemos apenas as sombras refletidas na parede, e na bolha não conseguimos enxergar o mundo com toda sua luz, sua nitidez, com todas suas cores. Se não sairmos de caverna/bolha, se não ouvirmos e vermos outras visões e versões da realidade, nunca poderemos saber qual é a nossa própria realidade.
Devemos furar a bolha, o que pode nos deixar desconfortáveis e inseguros até, mas é a única forma de termos uma ideia melhor de como as coisas são, em sua incrível diversidade de cores e nuances e luzes.
Até.
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