quinta-feira, dezembro 19, 2024

Gente Humilde

Senso de comunidade.

 

Lembro de passar por locais de menor poder aquisitivo, vamos dizer, da cidade, e me admirar com as pessoas sentadas em cadeiras em frente de casa, na calçada, conversando talvez com os vizinhos, ou olhando o movimento da cidade, por vezes um tonel e um churrasco acontecendo, quase como se fosse uma cidade do interior, e sentir saudades de um tempo em que não vivi.

 

Essa expressão, ‘saudades de um tempo que não vivi’, surgiu – para mim – a partir de uma música do Chico Buarque, ‘A Noite dos Mascarados’, que remonta a carnavais de um tempo anterior ao meu, dos bailes de salão, mesmo que eu tenha ainda ido a alguns desses, mas não como a música descreve e que despertou essa nostalgia por tempos não vividos. Tenho outras, também.

 

Falava, então, de pessoas e suas casas simples com cadeiras nas calçadas, e na fachada escrito em cima que é um lar... Pela varanda, flores tristes e baldias, como a alegria que não tem onde encostar. E aí me dá uma tristeza no meu peito feito um despeito de eu não ter como lutar, e eu que não creio. Peço a Deus por minha gente, é gente humilde, que vontade de chorar... Não tem como não lembrar dessa outra música, ‘Gente Humilde’, também do Chico Buarque, claro.

 

Perdemos, ao longo do tempo, esse senso de comunidade, de proximidade entre as pessoas. Li ou ouvi isso, que – à medida que as pessoas melhoram de vida economicamente – vão se isolando, levantando muros, a ponto de não conhecer seus vizinhos. Claro que a violência urbana tem um papel nisso, mas como é bom quando podemos sair e caminhar nas ruas, olhar a paisagem, a cidade, e passar pelas pessoas e dizer ‘Olá, como vai?’ ou simplesmente ‘Bom dia”.

 

Eu procuro fazer isso em todos os ambientes por onde circulo.


Até. 

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