domingo, janeiro 22, 2006

A Sopa 05/27

Inacreditavelmente, acordo às 9h.

(Digo inacreditavelmente porque nunca durmo tanto. Nove horas! Não lembro a última vez que dormi tanto. Talvez há um ano e meio atrás, logo que cheguei aqui, naquele primeiro e doloroso final de semana sozinho nesta cidade que era estranha e misteriosa, mas que agora é minha casa também. Naquele vez, dormi muito na tentativa de fazer o tempo passar mais rápido, e também para não pensar em nada. Nada mesmo. Mas agora é diferente...)

Levanto da cama e abro a cortina: vento e gelo/neve por tudo. Mentalmente, reviso os meus planos para o sábado em que o inverno parece ter voltado, e decido suspendê-los. Tomo o café da manhã olhando para o cenário predominantemente branco da rua. Silêncio.

(Tenho pensado demais. Não que isso seja ruim, ao contrário, mas tem seu preço. Essa semana, perdido em pensamentos paralelos, cheguei – assim, como se fosse comum, parte de todos os dias – na finitude humana, na morte. Mais específico, no que acontece após a morte. E fiquei angustiado por alguns instantes. Há vida após a morte, ou tudo acaba? Pensei na não-existência, na negação do ser, na ausência de tudo. Sacudo a cabeça de um lado para outro, como se para recolocar as peças no lugar, para afastar pensamentos inúteis por que sem resposta.)

Preparo o chimarrão. Espero a água chiar (porque não pode ferver) e inicio o ritual solitário de matear enquanto leio o jornal, neste caso online. Ao mesmo tempo, cuido de pequenos afazeres domésticos, necessários ao bom funcionamento dos próximos dias.

(O silêncio me agrada. Em meio a tanto ruído vindo do mundo exterior, às vezes é bom sentar e observar o tempo passar. Se fores bem atento, concentrado, ouvirás o tempo passando, como os sons que vêm desde a criação do universo, que talvez sejam a fonte de todos os outros sons. Vê? Consegues ouvir a música que vem no ar?)

Assim passa a manhã, e a tarde avança em direção à noite. Desta forma, os dias viram semanas, que viram meses, e esses, anos.

(Nos é permitido isso, parar para ver o tempo que passar? Será que não perderemos o rumo ao não acompanhar o cortejo que insiste em que o sigamos? Saberemos o caminho, se tivermos que andar sozinhos?)

Não sei vocês, mas eu sei onde quero chegar.

Até.

Um comentário:

Anônimo disse...

Chimarrao...nao tomo desde que tenho uns 10 anos. Meu pai tem la em casa, ele preparava sempre no inverno, nham nham!

Eu tento nao pensar na morte, porque meus pensamentos nao sao como o seu, eles sao mais morbidos.

Beijos