Assisti uma parte do show dos Rolling Stones no intervalo do XL Superbowl, no domingo que passou. Hmm…
Tenho que confessar.
Não vi o jogo (apesar de ter visto na véspera uma parte dos melhores comerciais da história do jogo, alguns bons) por achar chato (certo, certo, eu não entendo tudo). Só não é pior que o baseball, esse sim, uma tortura que não tem fim.
Mas é tudo uma questão cultural, eu sei. Eles acham o soccer, o nosso bom e velho futebol, boring. Relevemos, relevemos. Não vi o jogo, isso é o que importa. Mas assisti a um pedaço do intervalo, quando os Rolling Stones tocaram. E me senti constrangido com o que vi.
Pareciam uma banda geriátrica.
Estão com a aparência de muito, mas muito velhos.
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Falando em envelhecer ou, melhor, na passagem do tempo, esses dias estava pensando a respeito de conversas que nós, exilados por qualquer razão e que um dia vamos voltar, volta e meia temos. Numa delas, no final do ano passado, conversávamos sobre como era se integrar ao país, as diferenças que notávamos entre o nosso lugar de origem e onde estamos agora. Até que alguém falou que não há nada como o lugar de onde viemos.
Claro que não há, fiquei pensando.
É até injusto com o novo país ou nova cidade comparar com o lugar onde nos criamos. Por mais defeitos que tenha, no lugar de onde viemos é que estão as nossas referências, as nossas histórias. Como gostar mais de um lugar onde estou há um ano e meio quando comparado com outro em que vivi por trinta anos e, mais importante, foi onde cresci?
Evidentemente que é possível ir embora e mudar-se de “corpo e alma” para um outro lugar. Algumas vezes voluntariamente e outras por circunstâncias. Mas ainda assim é difícil comparar. A mesma coisa acontece com os amigos.
Percebi uma coisa, também por esses dias: é cada vez mais improvável, e em pouco tempo será impossível, conhecer novas pessoas, fazer novos amigos, que o serão pela maior parte da minha vida. Se levarmos em conta a expectativa de vida média do brasileiro, que é de setenta anos, esse é o último ano em que posso conhecer pessoas que poderão se tornar minhas amigas e assim ser por metade mais um dos ano que durou a minha vida. Isso se eu chegar ao setenta anos.
Tudo isso para dizer valorizo muito os amigos que já o são pela maior parte da minha vida. Porque se já temos vinte anos de amizade, por exemplo, caso do Márcio e do Radica, é sinal de que vamos continuar assim por, no mínimo, mais vinte. O que quer dizer muito sobre nós.
E que não somos mais crianças.
Até.