domingo, fevereiro 19, 2006

A Sopa 05/31

Uma Sopa requentada.

Situação hipotética: um sujeito de nome, digamos, Vilmar. Não, o nome não é importante, deixa para lá. O nosso hipotético personagem, após uma noite de sono bem dormida num amplo quarto de uma pousada na serra gaúcha, toma seu lauto café da manhã por volta das nove horas da manhã. Experimenta um pouco de cada um dos vários bolos, tortas e pães com geléia que estão à disposição na grande mesa do buffet. Termina a refeição quase às dez horas.

A partir daí, passeia por várias atrações turísticas nesta também hipotética ensolarada manhã de outono, até que decide almoçar. Dirige-se a uma galeteria, onde - após pequena espera – consegue uma mesa e inicia uma longa refeição que vai durar cerca de uma hora. Fica no restaurante, então, das duas às três horas da tarde, quando sai e decide visitar outra cidade nesta mesma região. Dirige-se até ela, que fica a cerca de 100km de distância, em sonolenta viagem pós-prandial. Lá chegando, alguns passeios num final de tarde frio e dá-se conta que tem que tomar uma decisão: jantar àquela hora – 18h30 – ou voltar para casa e comer em sua cidade, num horário mais apropriado para a refeição noturna, até porque ainda não está com fome (lembre-se que ele almoçou há três horas atrás). A decisão: jantar, e praticamente abre o restaurante para comer um prato específico, que não vem ao caso.

Agora, finalmente, chego onde queria chegar. De todas as refeições que fez em todo o seu final de semana, a mais importante foi a que fez no final, quando ainda não tinha fome e nem era a hora certa para isso: porque jantou por prazer, não por necessidade. Acompanhe o meu raciocínio: normalmente, comemos por obrigação ou por necessidade. Quando acordamos, o café da manhã é para que nos preparemos para o dia que vem pela frente e para matar a fome de uma noite inteira sem comer. O almoço, a mesma coisa. Trabalhamos toda a manhã e usamos o nosso momento de folga do meio do dia para suprir uma necessidade, manifestada pela fome. E assim é com a janta. Por mais que comamos iguarias de nobre sabor em locais de extrema sofisticação, estamos sempre cumprindo uma obrigação.

O momento mais sublime para uma refeição é justamente quando não precisamos dela. Por que este é o momento em que buscamos o prazer, não a satisfação de uma necessidade orgânica. É o que chamamos de gula. A gula nada mais é que o comer por prazer, e não o que se convencionou associar com a obesidade. Por esta razão, por ser um momento hedonista, cujo único fim é o prazer, é que é chamada de um dos sete pecados capitais.

Viva a gula!

Até.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nao concordo, nao concordo, nao concordo...Para mim comer e sempre prazer, de manha de tarde e de noite! Eu adoraria ter que comer por obrigacao, assim nao teria que fazer dieta, sempre...hehehe...Leio sempre o teu blog Marcelo, agora vista o meu vai. Beijos