(Crônicas de uma Pandemia – Cento e Oitenta e Três Dias)
Amenidades. Ou não.
Falo daqui da minha bolha, como sempre.
E não é assim para todos? Tudo aquilo que vivemos, como vemos o mundo, nossa perspectiva de mundo, tudo isso mesmo, não é a visão de dentro da bolha? Vivemos em nossas bolhas de segurança, e a partir daí que emitimos nossas opiniões que ninguém pediu.
Assim são as redes sociais: pessoas julgando o mundo, o seu mundo, a partir de sua bolha. Gritando suas verdades, suas respostas a perguntas que em realidade ninguém fez. E eu?
Eu procuro não gritar, e – no máximo – convido as pessoas a virem aqui e quem sabe pensarmos juntos. Só entra quem quer, evito jogar minhas opiniões na cara dos outros. Penso que isso me exime um pouco da culpa, não estou obrigando a ninguém a vir aqui. Eu convido, e todos serão bem recebidos.
Mas falava da minha bolha.
Procuro, ao máximo, exercer o que chamam de empatia, tentar me colocar no lugar dos outros para quem sabe entender o quê e o porquê de fazerem o que fazem e pensarem o que pensam. Olhar a realidade sob diferentes perspectivas. É um trabalho diário, árduo, que deve ser feito.
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Hoje foi dia de treino de bicicleta pela manhã, que amanheceu nublada e úmida. Foram 25km, no único dia dos últimos dois finais de semana que pude sair, pela chuva. No somatório da semana, contudo, meta atingida.
Enquanto andava, ouvia um podcast sobre Anarcocapitalismo. Em meio a um episódio que era uma entrevista, o entrevistador falou que já era velho, afinal já tinha quarenta anos.
Quarenta anos!
O que dizer?
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Para não dizer que não falei de flores (e vírus).
Essa ideia de só voltarem as aulas quando houver vacina disponível é, além de pensamento mágico, de uma ingenuidade tocante. Daqueles momentos em que temos de sorrir, e dar tapinhas nas costas de quem falou e apenas murmurar “Pronto, pronto...”. E mais infantil ainda é a proposição de que só se retorne às atividades quando não houver risco nenhum.
Um dos efeitos conhecido do isolamento social, da quarentena, é um certo de grau de prejuízo das funções cognitivas. Aqueles que defendem a manutenção das crianças em casa, mesmo com os gigantes prejuízos que todas as crianças terão, em maior ou menor grau, só pode estar com seu julgamento prejudicado. É o medo vencendo a razão.
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Todos estamos cansados. Todos.
Mas temos que seguir com a vida, com os cuidados que o momento requer, sim, mas seguir com a vida.
E olhar para fora da bolha ajuda a entender o que se passa com os outros, em outras situações de vida.
Até.
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