Eu sou a favor da volta às aulas.
Mas entendo perfeitamente o resultado de uma pesquisa divulgada há poucos dias e que informa que cerca de 80% dos pais só quer voltar às aulas quando houver uma vacina disponível. Se eu baseasse minhas opiniões no que eu leio/ouço/vejo nos meios de comunicação ou mídias sociais, eu ainda estaria dentro de casa, vestindo um escafandro, com medo embaixo da cama. Porque é exatamente isso o que estão nos levando a pensar/fazer, de que – ao abrirmos a porta de casa – seremos atingidos por uma quantidade gigante de vírus que estão por aí e vamos morrer na hora.
Essa é, também, uma pandemia de desinformação.
Ou, para ser moderno, fake news.
Até já falei isso em algum momento, nesses últimos seis meses (!) de pandemia aqui no Sul do Mundo. Essa é a primeira pandemia que temos informações (e desinformações) em tempo real. Para o bem, e para o mal. Quase ninguém sabe nada, e quase todos acham que sabem tudo (como é típico das redes sociais).
Sobre as aulas, sobre as crianças.
O que temos de dados sobre crianças e coronavírus?
Estudo publicado recentemente sobre casos que internaram no Reino Unido na pandemia. Entre janeiro e julho de 2020, em 260 hospitais da Inglaterra, Escócia e País de Gales, houve cerca de sessenta e nove mil e quinhentas internações hospitalares. Destes, em 138 hospitais foram internadas 651 pacientes com menos de 19 anos com diagnóstico confirmado de coronavírus (0,9% do total). Dos que internaram (651) e temos que lembrar que quem interna por princípio é um caso moderado a grave, 6 morreram (0,009% se calculei certo) de todos que internaram. Mais, todos os que infelizmente morreram tinham doenças (comorbidades) graves.
Também por isso sou favorável que as crianças voltam às aulas.
Não é necessário (imagino) falar do prejuízo que elas estão tendo pela falta de convivência com colegas, pela socialização. Pela ansiedade, por estarem “presas em casa”.
Saindo da bolha dos que realmente podem ficar em casa e ter aulas online, quantas crianças estão ficando em “creches” clandestinas, sem os menores cuidados sanitários, porque seus pais precisam trabalhar para sobreviver, vemos o quão importante é esse retorno. Sem falar na hipocrisia dos que não querem que seus filhos vão para a escola mas levam aos shoppings, praias, pracinhas, etc. Nada contra que os levem, mas vamos ser coerentes.
Vamos nos informar nas fontes adequadas.
E os professores, você pode perguntar. Aqueles de grupo de risco, devem permanecer trabalhando de casa, sem dúvida nenhum. Assim como em todas as outras atividades, proteger grupos de risco. Os outros, com cuidados e protocolos, devem voltar, em minha opinião (e sou mais um dando “palpite”, eu sei).
Existem riscos? Sempre. Nossa função é reduzi-los o máximo que conseguirmos. E seguir a vida.
Mas educação não parece prioridade. Restaurantes, comércio e atividades de lazer devem estar a frente da educação? Todos têm seu pleito justo, mas não devemos deixar desinformação e política prejudicar – mais uma vez – o futuro de nossas crianças.
O que, em suma, é o futuro do país.
Até.
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