quarta-feira, setembro 16, 2020

Diário da Bolha

(Crônicas de uma Pandemia – Cento e Oitenta e Seis Dias)

 

Alô?

 

Falo aqui direto da minha bolha, esperando que alguém consiga ouvir (ler) de dentro da sua. Tento um diálogo honesto, que possa romper o isolamento acústico que viver em uma bolha nos proporciona. Pensar junto, com calma.

 

Isso, vocês já sabem, é impossível em redes sociais, Facebook, Twitter e Instagram em especial. Lá, o muro que envolve nossas bolhas tem a espessura suficiente para não ouçamos nada ou ninguém de fora. São territórios de aceitação dos que pensam igual e de negação (cancelamento?) de quem discorda da gente. Ia falar sobre a “cultura” do cancelamento em redes sociais, mas estou sem saco para isso. É ridículo e infantil, não vale à pena perder tempo com isso.

 

Aqui na minha bolha tem chovido mais do que gostaríamos, a umidade relativa do ar está alta, e tentamos olhar o mundo de maneira o mais racional possível. Avaliar o mundo e tudo o que acontece baseado nos fatos, não na sensação. Nem sempre é fácil, às vezes nem é possível. Já venho fazendo esse exercício há mais tempo, e tem se mostrado útil na pandemia. Colocar as coisas em perspectiva sempre ajuda a termos mais clareza na interpretação dos acontecimentos.

 

Hoje fiz a vacina. Ou não.

 

Saberei só mais adiante, com o passar do tempo. Voluntário, contribuo como posso. Legal ver a enfermeira que me coletou sangue feliz com o fato de estar participando de um momento histórico, de estar contribuindo.

 

Sempre estamos, sempre estamos.


Até. 

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