terça-feira, novembro 16, 2004

Eu me tornei um blogueiro

O que significa isso, afinal de contas?

Significa que tenho um blog, óbvio, mas também que faço parte de uma comunidade, e começo a fazer amigos virtuais, que em breve podem se tornar reais. Que a lista de blogs que visito diariamente aumenta a cada dia, e na minha viagem diária pela rede vou descobrindo novas leituras – e leituras de qualidade – novas idéias, pontos de vista, etc.

É impressionante o mundo que é a internet. Já posso contar em quase duas dezenas os blogs que visito todos os dias, atrás de atualizações. Isso cria uma situação nova para mim: me sinto compelido a atualizar o meu blog todos os dias porque imagino que deve haver alguém como eu, que visita outros blogs diariamente em busca de atualizações e fica frustrado quando não as encontra… Então, estou tentando atualizar sempre, o que cria outro problema: devo escrever todos os dias.

Escrever é trabalhoso, todos sabem. É um prazer, sem dúvida, mas exige esforço. Uma vez, falei que escrever uma vez por semana (como era já há três anos, desde antes de A Sopa ir para o Exílio) às vezes era um parto. Escrever diariamente é um parto por dia, imagine só. Uma saída são as pequenas notas, quando não consigo um texto completo. Ainda não me senti à vontade de publicar apenas uma notinha (se bem que transcrever emails ou cartas que recebi é mais ou menos a mesma coisa). Vou tentar, prometo.

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Passeando pelos blogs nossos de cada dia, hoje descobri um que ainda não conhecia. Não vou revelar qual, nem o endereço. Mas li algo interessante e confirmei algo que já sabia. O autor deste blog comemorava seu retorno ao mesmo, e anunciava que havia se separado depois de estar casado por três meses (mais nove morando junto). Não foi uma surpresa para mim a sua separação. Isso que não o conheço. Por quê não foi uma surpresa?

Porque, antes de abandonar o seu blog, cerca de dez meses, antes ele justificava o fim do mesmo (o blog) dizendo que estava fazendo isso (abandonar o blog) porque sua noiva-quase-esposa tinha ciúmes, e não queria que ele continuasse escrevendo. Ponto. Quer melhor melhor razão para sabermos que uma relação não vai funcionar do que uma das partes “podar’ a outra? Pois é…

Amar também é aceitar que a outra parte não é parte, é inteira assim como também devemos ser. Aceita-se o “pacote” completo – qualidades, manias, defeitos, ect – ou é melhor nem tentar. Porque senão aí vai ser apenas a crônica de uma morte anunciada…

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Mudando de assunto. Já fiz vários comentários elogiosos à querida amiga (e agora “afilhada”) Lúcia (desde que li um texto em que ela dizia que não gostava ou não queria mais ser chamada de Lucinha, foi isso mesmo?). Dessa vez vai ser o contrário, vou fazer uma queixa.

Só para atualizar que não acompanha A Sopa há mais tempo (quando ainda não estava no Exílio). A Lucinha (se não gostas de ser chamada assim, me desculpa) passou um ano morando na Austrália, por conta do doutorado dela. Durante a estada lá, se tornou colaboradora d`A Sopa e publiquei uma série que ela escreveu chamada “Stories About Australia”, muito bem escrita, um texto leve, agradável de ler, com a sensibilidade de descrever o cotidiano e personagens que viviam ao seu redor.

Pois é, num dos textos, em que ela falava sobre sua adaptação ao idioma, ao inglês, ela nos contou do problema das portas. Pull ou push? O som das duas palavras em inglês lembra as suas traduções para o português, que têm o sentido contrário. Desde que cheguei aqui, lembro dela cada vez que vou me aproximando de uma porta, e esquizofrenicamente começo a mentalizar “pull é puxe, pull é puxe” até chegar na porta. Antes dela escrever sobre isso, nunca tinha me passado pela cabeça essa dificuldade.

Quem mandou ler demais…