O tempo passa e a vida continua mesmo eu não estando perto.
Óbvia constatação, e verdadeira. Mas houve um tempo em que não tínhamos essa certeza toda. Lembro de uma carta que o Radica (pra quem não sabe quem é: ele é um gênio, um cara brilhante, de quem tenho a honra de ter sido colega de segundo grau e de ser amigo até hoje) me escreveu há muitos anos que falava sobre isso. Sobre aquela impressão de que tudo era um grande teatro armado para nós e, mesmo que às vezes olhássemos para trás subitamente na tentativa de surpreender e vermos por trás do palco, os atores esperando para entrar em cena, mas nunca éramos rápidos o bastante, e tudo estava lá, todos estavam prontos. Também nunca consegui flagrar a armação, por mais que tenha tentado.
Pois bem, então a vida continua longe do nosso olhar, da nossa atenção. Agora, por estes dias, tenho a impressão de que ocorre o inverso: o tempo, os fatos, acontecem mais e mais rapidamente agora que estou longe. Que talvez a minha presença fosse importante para dar cadência, segurar o passo, puxar os arreios para o mundo não sair em desabalada carreira lomba abaixo. Impressões, apenas.
De qualquer forma, muita coisa tem acontecido. Boas e ruins. Casais que se encontram, outros que se separam, casamentos, nascimentos, pessoas queridas que se vão, outras que estão a caminho. A vida segue seu curso, independente de qualquer coisa.
Antes de eu ir, a certeza de que eu voltaria diferente de quando parti, o que é inevitável que aconteça. Mas uma obviedade que não tinha passado pela minha cabeça: tudo vai estar diferente de quando fui embora. Exceto as pessoas fundamentais. A essas sou ligado por algo imutável. A essência. E essa não muda nunca.
Um comentário:
Tadday :
Espero ter me tornado, neste médio tempo de convivência, e deste meu jeito turrão,uma destas pessoas. Tenho torcido muito por ti, e , embora a distância, me sinto cada vez mais teu amigo! Quando voltar não deixes de me avisar! Quem sabe não é essa a deixa do destino para as coisas começarem a voltar pro lugar???? Um grande abraço do Jéferson.
Continua agüentando aí, que nós tocamos aqui !
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