Mesmo estando há pouco tempo morando fora do Brazil, já mudei. Por exemplo, a partir de agora, só escrevo Brazil com “z”, nunca mais com “s”. Porque assim, vocês sabem, aqui todos escrevem com zê, e não posso ser diferente. Outra coisa, já começo a ter dificuldades em lembrar certas, como é mesmo, ahn… ah, palavras, em português. É incrível as mudanças que se passam com a gente por morarmos fora de nosso país. Hoje, por exemplo, estava me olhando no espelho e juro que vi algumas escamas verdes…
Mas eu não falava de mudanças corporais, físicas. Certo, certo, estou mais magro, mas não é disso que quero falar. Quanto? Bem mais magro, não tinha falado para vocês? Não? Muito mais magro. Estou até preocupado com a minha magreza, acho que vou fazer alguns exames, agora que recebi minha carteirinha do plano de saúde. De qualquer forma, para estancar essa magreza toda fui no supermercado e comprei um pote de dois litros de sorvete de chocolate e um pote de Nutella, just in case.
Mas voltando às mudanças que se processam em mim desde que me mudei para o Canadá, devo dizer que elas são muito mais profundas. E olhe que nem todas ainda apareceram. Só para dar um idéia, decidi que a partir de agora, quando falar em português, só vou falar por metáforas. E todas as histórias que eu contar serão parábolas. E as frases sempre terminarão com proparoxítonas. Não é o máximo?
Mais! Quando alguém me perguntar alguma coisa, qualquer que seja, uma indicação de direção, uma rua, que ônibus pegar, as horas, antes de responder vou olhar para o céu, permanecer algum tempo em silêncio, suspirar profundamente com ar de desesperança, e sempre começar a resposta com”Isso me lembra uma tarde de outono em Paris…”, outro silêncio, suspirar novamente e dizer “Você não ia entender mesmo…mas passamos um pouco das quinze para as três…”.
Idéias, idéias.
Acho que tenho que aproveitar melhor meu tempo livre…
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