domingo, novembro 21, 2004

A Sopa 04/18

Outras Dimensões.

Estava eu a surfar pela “blogosfera”, lendo blogs encontrados ao acaso, quando me deparei com a seguinte frase, em meio a um texto: “Perdeu-se no universo paralelo para onde vão as ex-paixões platônicas da puberdade”. Parei, pensei, e sorri. Boa frase, boa idéia.

Percebi que não se aplicava ao meu caso. Não de forma direta, ao menos. As grandes paixões platônicas da minha puberdade não se perderam em nenhuma outra dimensão. Tá, posso dizer que as duas principais (únicas?) paixões platônicas que eu tive, não se perderam. Uma foi desmistificada ainda enquanto éramos púberes, quando ela me disse que também havia gostado de mim na mesma época que eu gostara dela, e, depois de bater a cabeça na parede várias vezes por ter sido tão tímido de não falar o que sentia, fui obrigado a me conformar porque ela já não era o foco de meus sonhos juvenis (além, é claro, de ela estar namorando um carinha do segundo grau…).

Esse, por sinal, foi um dos grandes mistérios da minha juventude, que já vejo longe no retrovisor: por que nunca era a nossa hora? Vocês sabem do que estou falando, certo? Quando estávamos no primeiro grau, as meninas eram encantadas pelos do segundo. Quando chegamos ao segundo, o que elas queriam – de verdade – eram os que estavam na faculdade… Tudo bem, um dia ia chegar nossa hora…

Mas eu falava das minhas paixões platônicas, ou das duas que foram significativas. A outra foi a menina mais linda do mundo. Era o que eu achava na época, claro, e mesmo depois, após outras namoradas e casos, ela era a referência de máxima beleza. O tempo passou, e a referência ficou fraca e distante. Deixou de ser a referência. Ela virou uma mulher, e a menina ficou no passado. Hoje é minha amiga. Distante, mas amiga.

Claro, não foram só essas duas histórias. Tenho uma mão cheia de histórias para contar, como quando passei anos tentando retomar uma relação com uma mulher que não existia no plano real, e – claro – nunca consegui. Mas, no fundo, não é de paixões platônicas do passado que quero falar. É das ex-namoradas, que – estas sim – são mandadas para universos paralelos.

Sim, universos. Tenho certeza de que existe mais de um universo paralelo, para onde vão as ex-namoradas. É até uma questão de lógica: não consigo imaginar todas as minhas ex-namoradas reunidas num mesmo ambiente, tramando contra mim, destilando mágoas. Não sei, pode ser que esteja passando uma imagem ruim das minhas ex-namoradas para você, estimado leitor. Não é minha intenção, mas é inevitável que haja mágoa no final de qualquer relacionamento.

Por que relacionamentos de verdade, intensos, terminam mal. Algumas vezes com sangue, até. Pratos quebrados, choros. Palavras duras, cruéis, é o mínimo que se espera de um bom final de relação. Aquela coisa de “terminaram e continuaram amigos” é eufemismo para dizer “nunca se envolveram de verdade” ou “era tudo sexo e amizade”. Não venham com aquele papo de seres civilizados. Civilizados… aqui ó!

Paixão e civilização, apesar de rimarem, nunca estão juntas. São antípodas (é a segunda vez que uso “antípodas” num texto nos últimos dias, agora esgotei a cota). Quando nos apaixonamos, perdemos o senso e a razão. Somos ridículos, com muito orgulho ( e como bom é ser ridículo – eu sou até hoje, e feliz).

Até esqueci do que falava… ah, das ex-namoradas que vão para universos paralelos. Pois é, tenho certeza que sim. Pelo menos as minhas, as suas você manda para onde quiser. Nunca mais as encontro, mas se por ventura eu vejo uma delas em qualquer lugar que seja, um restaurante, por exemplo, sei que só pode ser um clone. A original está presa em alguma dimensão diferente.

Será que elas pensam o mesmo de mim? Será que, na verdade, eu vivo num universo paralelo? Será que a realidade é como eu vejo?

Matrix, matrix…

7 comentários:

Luly :) disse...

É, Marcelo!
Já vi que vc gosta mesmo de 'viajar', hein?! Em todos os sentidos! hehehe...
Boa semana pro cê!

Luly :)

Anônimo disse...

Nenê,
Claro que tu já sabes minha opinião a este respeito, mas como o assunto da sopa é "polêmico" e temos opiniões diferentes a este respeito, acho que os leitores da sopa tb podem saber da minha opinião. Eu, como ex-namorada (e atual esposa, lógico), lamento bastante (e não é demagogia não!) o fato de tu teres esta opinião sobre os relacionamentos que terminam...tudo bem, tu vais dizer que minha amostra é, no mínimo, "viciada", afinal além do nosso relacionamento, eu só tive outro longo namoro de 6 e ½ anos, enquanto tu teve uma dúzia de relacionamento curtos, mas eu discordo com o fato de dizeres que um relacionamento que acaba bem, que as pessoas continuam com algum grau de amizade, é porque a relação foi de pouca intensidade, ou não havia nada muito passional envolvido! calúnia! Um bom relacionamento é, na minha humilde opinião, aquele com muita parceria, amizade, união, amigos e família envolvidos, cheios de bons momentos, e que quando tem "brigas", discussões ou desentendimentos, ou até quando perde o "brilho" mesmo, pode terminar, podem ficar pequenas mágoas, mas as lembranças positivas e a amizade devem ficar prá sempre na memória, e serem de alguma forma parte positiva e agradável do teu passado. Eu acho o "fim da várzea" quando pessoas que tiveram namoros, longos ou não, e terminam, ficarem falando mal daquela pessoa que até pouco tempo só era alvo de elogios (isso é burrice ou despeito). Portanto, "graças a Deus" estamos juntos, mesmo que uma pequena distância nos separando, e muito bem e felizes, pois caso não tivéssemos tido essa sorte, eu tenho certeza que eu teria sido tua primeira "ex-namorada" a te fazer mudar de opinião! Beijos e beijos, faltam só 14 dias e contando... Da esposa "virtual" Jacque

Anônimo disse...

Marcelo
Acompanho tambem blog dos perdidos no espace ..Não vais colocar fotos para ilustrar???
Abraço. Flavinha

Anônimo disse...

Tadday , essa me pegou em cheio ! Tambem nao sei pra onde vao as ex-namoradas. A minha faz tao pouco tempo e eu ja perdi de vista!!!!! Ontem escrevi uma frase pra ela - Pior que a verdade so a duvida !
Continuo com o coracao vazio, mas terminou numa boa !
Um grande abraco do amigo Jeferson

marcelo disse...

RESPOSTAS:

Luly,
Espero que isso tenha sido um elogio... :-)

Flavinha,
As fotos virão só a partir de dezembro, quando vou à Porto Alegre e terei acesso a elas de novo...

Jacque e Patrícia,
Talvez vocês tenham razão, mas em parte. Paixões intensas, quando terminam, terminam mal. Aquelas que progridem para, digamos, algo maior (amor, amizade) provavelmente são as que - quando terminam - terminam numa boa. Taí, nunca tinha pensado assim... Ou talvez seja porque homens tenham uma visão diferente das coisas.

Jéferson,
Fica frio, porque nada acontece por acaso, não?

abraço a todos, os seus comentários são SEMPRE bem vindos!

Anônimo disse...

Marcelo:

Concordo plenamento com o que Jacque falou. Acho que num relacionamento a amizade é parte fundamental e quando o amor termina não significa que a amizade e o respeito também terminem.
Abraços da amiga Cláudia

marcelo disse...

RESPOSTA:

Cláudia,

Começo a concordar com vocês (tu, a Jacque e a Patrícia). Mas estava me referindo àquelas paixões intensas, arrebatadoras, ou não, que nem sempre evoluem para formas superiores de relacionamento, amor e amizade. Acho que estes, quando terminam, terminam mal...