sábado, novembro 06, 2004

Sábado (10)

Mais um sábado em Toronto.

Não sei se vai ser assim todo o outono e inverno, mas os dias claros têm sido escassos. Deve ser por isso que todos me recomendavam não chegar aqui no inverno…

Hoje foi um dia de sol, então logo cedo decidi adiar para amanhã as lides da casa e aproveitar o sábado de sol. O plano já estava traçado desde a noite anterior: zoológico. O zoológico de Toronto é um dos mais famosos do mundo.

Por que as pessoas vão a um zoológico, excluindo-se levar filhos, sobrinhos ou crianças em geral? Pensei sobre isso enquanto estava lá e não encontrei uma resposta, mas não é importante, no final das contas. Eu gosto de visitar zoológicos. Em Buenos Aires, entre outros passeios, visitei o seu. Muito legal, bem organizado, coisa e tal. Mas não chega nem aos pés do Toronto Zoo.

Mas antes de falar sobre o zôo, deixa eu contar como cheguei lá. Foi uma longa viagem que começou com o metrô. Como moro na zona oeste (west side, se preferirem) e o zôo fica na região nordeste, pequei o metrô e fui até o fim da linha no extremo leste. Dali, segundo os guias de Toronto, pegaria o ônibus linha 86 até o destino. Longa mas simples viagem.

Depois de cerca de, digamos, uma hora de viagem de metrô, cheguei na estação Kennedy e li um cartaz que dizia: nos finais de semana – exceto no verão – a linha 86 não vai até o zôo. Para chegar lá, deve-se pegar a linha 86, seguir até o seu final, e pegar o 85, que vai até lá. Putz, pensei, vou levar horas para chegar lá. Desistir, essa foi minha primeira reação. Logo em seguida, mudei de idéia: não ia ser uma viagem de ônibus mais longa que ia estragar meus planos.

O 86 chegou após alguns minutos de espera,embarquei e fomos em direção à segunda conexão. Longa viagem pelo subúrbio da Grande Toronto. Na verdade, outra cidade, Scarborough, que desde 1988 faz parte de grande metrópole chamada Toronto. No final de mais um tempo que acabei não contando, chegamos ao final da linha: uma parada num cruzamento de duas grandes avenidas, sem quase nada à volta. Quanto tempo de espera, me perguntei. Quase nenhum, e o próximo ônibus chegou. Embarquei eu e mais um pai com seu filho pequeno. Viagem curta, acho que nem cinco minutos já estávamos na entrada do zoológico. Entrada: CAD 18,00.

Ele é imenso, evidentemente não consegui visitar todo. Vou visitar o que não vi numa segunda oportunidade no futuro. Tem mais de 5000 animais de 460 espécies diferentes. Em virtude do frio, além dos espaços ao ar livre, os animais todos têm pavilhões climatizados onde ficar no inverno. É dividido em grandes aéreas, ou trilhas, que podem ser percorridas: Savana Africana, Indomalaya, Américas e Eurásia. São 10km de trilhas e, para percorrer tudo, leva-se horas.

Não vi tudo, como já disse, e, depois de duas horas andando, decidi voltar. Desta vez, por um caminho diferente (mas não menos longo). De ônibus (o mesmo 85 que tinha me trazido no último trecho até aqui) até a estação Don Mills do metrô, mas não a mesma linha que uso para ir para casa. Mas mais simples de chegar nela (ou mais rápido). Com duas baldeações, cheguei ao metrô que uso regularmente e, ao invés de ir para casa, fui até o supermercado para “fazer rancho”.

Disse fazer rancho porque aproveitei que, já que teria que voltar de táxi do supermercado para casa, aproveitei e comprei gêneros para durar quase o mês todo.

Cheguei em casa por volta de 16h, ainda dia, guardei as coisas e saí novamente para aproveitar o resto de dia claro, afinal 17h30 já é noite. Fui até o High Park para umas fotos (para registrar a diferença na paisagem à medida que as semanas passam e as folhas caem). Depois, caminhei até o Bloor West Village, com a tradicional parada na Chapters, livraria que fica onde antes era um teatro. Lá, não resisti à tentação e comprei um livro que fui ler tomando um capuccino num dos cafés da região.

Bah, tô me sentindo um local.

Contudo, o “bah” é para não esquecer minhas origens...

Um comentário:

Anônimo disse...

Tadday:
É isso aí ...três meses é o período de adaptação!
Qua maravilha que já estás te sentindo em casa, isso estabelece vínculos locais e fazem a saudade ficar abrandada.
Um abraço do amigo Jéferson !
PS: Já observei que depois que eu escrevo primeiro, ninguém mais escreve ... estranho !