terça-feira, abril 25, 2023

Perdidos Mãe e Filhos (30)

 A Viagem (18).

 

Outra maravilhosa noite de sono no camping em Firenze, e segundo dia de café da manhã foi no restaurante junto ao camping, com deliciosos croissants, pães, frutas, suco e café. Após, hora de deixar a cidade rumo ao norte.


Hu Firenze Camping in Town, um achado


Antes de pegarmos a A1 no sentido de Bolonha e Modena, fomo até a Piazzale Michelangelo para ver Florença. Construída em uma colina ao sul do Centro Storico, do outro lado do Arno, essa praça fornece uma ótima vista da cidade. No centro da praça está uma reprodução do David de Michelangelo. O dia estava – diferente dos outros da viagem – meio nublado e com uma névoa que restringia um pouco a vista e “prejudicava as fotos”.

 

Vista da Piazzale Michelangelo, com névoa


Após a visita e fotos, rumamos para a autoestrada e o trajeto de cerca de 250km até Peschiera del Garda, às margens do Lago di Garda, nosso ponto base para visitar Verona e Veneza. Havíamos discutido qual a melhor abordagem de visitas: ir direto à Verona, ou ir à Peschiera fazer o checkin, nos instalar e então ir para Verona. Optamos pela segunda opção.

 

Foi uma viagem tranquilo, com músicas variadas tocando (a partir das minhas playlists do Spotify, afinal, “meu carro (era como se fosse, já que eu era o motorista) minhas músicas” ... Como necessidade, parada em Autogrill para café e banheiro.

 

Pausa para um café


Chegamos em Peschiera e fomos até o apartamento. Honestamente, mesmo eu - que havia feito a reserva – não sabia bem o que esperar da nossa hospedagem de dois dias lá. Ao chegar, descobrimos que era um edifício de apartamentos de temporada, agora a maior parte vazios por ser inverno. E o apartamento era bem legal, dois quartos bons, e sofá cama em uma ampla sala em conceito aberto com a cozinha e mesa de jantar. Como eu havia recebido por SMS o código de uma caixa de correspondência ao lado da porta, conseguimos entrar no prédio e acessar o apartamento. Pouco depois, chegou a responsável pelo aluguel, que nos apresentou o apartamento e pudemos fazer o acerto das duas diárias. Em conversa com ela, nos sugeriu que fôssemos naquele dia mesmo à Verona, porque o dia seguinte seria dia de parada e muitas ruas estariam fechadas na cidade. Resolvemos (na verdade, era o plano original) ir para Verona.


Antes, porém, decidimos almoçar em Peschiera mesmo

 

Ela nos deu algumas indicações de possíveis locais para almoçarmos, e decidimos pelo – por ela indicado – Restaurante e Pizzaria La Plume, na Via Risorgimento. Fomos até ele de carro, pois dali iríamos para Verona. Após estacionar, todos descemos e fui na frente para saber se ainda estavam abertos (passavam das 14h20). O garçom, assim que perguntei olhando para o local com (ainda) algumas mesas ocupadas, me respondeu que sim, mas que teríamos que escolher os pratos rapidamente.

 

Olhei para o grupo e topamos ficar ali, afinal estávamos com fome...

 

Sentamo-nos à mesa e ele reafirmou o nosso tempo para a escolha: 

 

Tre minuti! 

 

E fico parado esperando escolhermos, o que fizemos rapidamente.

 

E per bere

 

E para beber, o que escolher? Eu escolhi uma Coca Cola Zero (simples, e eu tinha que dirigir) e a Marina perguntou se havia spremuta (No!), então ficou com uma água sem gás. A Roberta acho que pediu uma cerveja. E a Jacque, responsável normalmente por escolher o vinho, quase não conseguiu fazê-lo pela pressão de ter que fazer com tempo contado. Deu certo, afinal.


Pizza La Plume


A comida estava boa, porém a Jacque e a Karina pediram Cacio e Pepe, uma massa com – como o nome diz – queijo e pimenta, prato tradicional da cozinha de Roma, mas que se come bem em toda a Itália. O problema foi que porção pepe do prato delas era MUITO forte, e a Karina não aguentou comer todo. Acontece nas melhores famílias...

 

Após o almoço, saímos de Peschiera em direção à Verona.

 

A distância entre as duas cidades é de cerca de 30km, com um tempo estimado de trinta minutos de viagem pela A4/E70. Acontece que, mesmo com o Waze nos guiando, com música tocando e conversas o tempo todos, eu errei em uma das saídas e acabamos pegando um caminho alternativo, um pouco mais logo e bem mais demorado... sem problemas, afinal estávamos de férias (era o que eu pensava para diminuir a contrariedade com esses pequenos erros bobos...).

 

Chegamos em Verona após mais ou menos uma hora (o dobro do tempo esperado) e, seguindo indicações, deixamos o carro no Parcheggio Saba Arena, e seguimos caminhando pela Corso Porta Nuova, passando pelo I Portoni dela Brà para chegar até a Piazza Brà


Arena di Verona, na Piazza Brà


A Piazza Brà é a maior praça de Verona e acredita-se que seja a maior de toda Itália. Em seu redor, há diversos restaurantes e cafés, e prédios importantes, como a prefeitura, o Palazzo Barbieri. É ali que está a Arena di Verona, um anfiteatro romano construído no século I depois de Cristo, local que ainda hoje abriga apresentações de ópera e shows diversos. Quando foi construída, a Arena ficava fora dos muros da cidade.

 

No centro da praça há um jardim com cedros e pinheiros, onde estão – também – a Fontana delle Alpi e um estátua em bronze de Vittorio Emanuele II, primeiro rei da Itália unificada. Foi ali, na praça, em frente à Arena, que reproduzimos a foto tirada em 2014 da Marina e da Roberta juntos, uma mais alta que a outra, agora em posições invertidas de estatura (a Marina já era, agora, a terceira mais alta do grupo, atrás de mim e da Jacque). Saindo a Piazza Brà, seguimos pela elegante Via Giuseppe Mazzini, rua pedestres com lojas de grife, e muitas pessoas passeando por ela no final de tarde de quinta-feira pré-carnaval.    


2014 x 2023


A Via Giuseppe Mazzini termina (na verdade, começa) na Via Cappello, outra via importante de comércio de Verona. Chegando ali, vindo da Arena, ao olhar à esquerda temos a Piazza delle Erbe. À direita, a poucos metros dali, a Casa di Giulietta.

 

Piazza delle Erbe (praça das ervas) é onde havia um Fórum na época romana, quando era a praça central da cidade. Ali que acontecia a vida política, econômica e social de Verona.  Ainda hoje ocorre ali um mercado diariamente, com inúmeras bancas vendendo desde frutas, verduras e legumes até roupas, acessórios, artesanatos e souvenirs (um tipo de paraíso para minha mãe e as outras compradoras compulsivas...). Também a praça é circundada por restaurantes com mesas nas ruas. No meio da praça, ainda, está a Tribuna, espécie de tenda de pedra, que é um monumento histórico do século XIII. Do alto da Tribuna eram lidas novas leis e anúncio eram feitos, era onde se empossavam magistrados, onde se sentava o prefeito durante cerimônias e, também, onde se acorrentavam os condenados para serem expostos ao escárnio da população.


Piazza delle Erbe


Atrás da Piazza delle Erbe, e acessada através do Arco della Costa, está a Piazza dei Signori. Cercada por edifício históricos renascentistas, como a Loggia del Consiglio, o Palazzo del Podestà e o Palazzo di Cansignorio. No centro tem uma estátua de Dante Alighieri. Ali perto, com um acesso diferente de outras vezes que a havíamos visitado, está a Casa di Giulietta. 

 

Situada na Via Capello, 23 (mas cujo entrada atualmente é pela rua de trás, pelo Teatro Nuovo) a Casa di Giulietta é uma atração concorrida de Verona. A casa onde há a sacada onde ela estava quando Romeu teria se declarado e ela, é inspirada na lenda que deu origem à clássica e talvez mais famosa peça de Shakespeare, Romeu e Julieta.

 

Arquétipo do amor juvenil e escrita entre 1591 e 1595, a peça conta a história de dois adolescentes cuja morte acaba unindo suas famílias, anteriormente inimigas. Ela faz parte de uma tradição que remonta à antiguidade, e foi baseada em um conto italiano bem anterior à peça. É quase visita “obrigatória” para quem vai à Verona, e está sempre com muitos visitantes. Anteriormente, entrava-se pela Via Capello, por uma passagem cheia de inscrições com declarações apaixonadas feitas pelos visitantes, e um pátio retangular, estava a casa (e a sacada), e estátua em bronze de Julieta (em cujo seio direito a tradição manda colocar a mão) e – atrás da estátua – uma parede completa coberta por chicletes grudados a ela, numa ‘tradição’ do lugar.


Julieta e a tradição...


Com a mudança do local de acesso à casa, essa parede foi retirada e chegamos nesse pátio vindos do Teatro Nuovo, bem ao lado da estátua da Julieta e da loja de souvenirs. A saída é justamente pelo local onde entrávamos anteriormente, organizando o fluxo de visitantes sempre em um sentido único.

 

Após visitarmos a Casa, seguimos pela via Capello nos afastando da Piazza delle Erbe, por mais algumas quadras, quando decidimos parar e retornar, não sem antes visitar a Uppim, loja de departamentos, onde a Marina foi “agredida” por um elevador (na verdade, uma senhora que estava nele “fechou a porta” na Marina, aparentemente para que ela não entrasse...). Recuperada do acidente, e com a Mãe, a Karina e eu com dores, e em virtude do horário, resolvemos voltar para Peschiera para jantar em casa.

 

Voltamos via autoestrada, passamos em um supermercado já em Peschiera, compramos o necessário para um ‘queijos e vinhos’ (queijos e vinhos) e jantamos no apartamento. A Roberta, como todas as noites após o dia de passeios, tinha que trabalhar, já que – como eu disse – não estava de férias, mas, sim, aproveitando as maravilhas do trabalho remoto.

 

Queijos e vinhos...


Após a janta e as histórias e conversas de todas as noites, fomos dormir. O dia seguinte seria sexta-feira, começo de carnaval. E iríamos para Veneza.

 

A viagem chegava ao seu último final de semana.

 

Amanhã seria dia de carnavalzinho.

 

Até.

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