sexta-feira, abril 14, 2023

Perdidos Mães e Filho (24)

 A Viagem (12).

 

Domenica.

 

Roma, Città Eterna.

 

Café da manhã (iogurte, frutas vermelhas, pães, queijos e frios) em casa, antes de iniciarmos mais um dia de longas caminhadas pela capital italiana. Passando, claro, logo ao sair de casa, pelo Campo dei Fiori já com sua feira bem movimentada.

 

Nossa primeira parada foi na Piazza Venezia, para visitar o Monumento a Vittorio Emanuelle II, que ficava mais ou menos a um quilômetro e meio de onde estávamos. Manhã, um vez mais, de céu azul e sol.

 

A Piazza Venezia fica no final (ou início, não sei exatamente) da Via de Corso, via que a conecta com a Piazza de Popolo. E é ali que está, desde sua inauguração em 1911, o Monumento Nazionale, ou Monumento a Vittorio Emanuelle II, primeiro rei da Itália após a unificação do país. Desde 1921, abriga a tumba do soldado desconhecido, onde há uma chama eterna que está sempre guardada por dois soldados.



Monumento a Vittorio Emanuelle II


É um imenso monumento em mármore branco de 135 metros de largura e 70 metros de altura, composto por dezenas de majestosas colunas coríntias e intermináveis escadas (estudei isso...). Uma escultura equestre de Vittorio Emanuelle feita em bronze preside o conjunto e duas quadrigas (carros antigos, de duas rodas, puxados por quatro cavalos, no qual os romanos faziam sua entrada nas terras conquistadas) guiadas pela deusa Vitória coroam o pórtico de 16 colunas. No seu interior, ainda, estão o Instituto para a História do Ressurgimento e o Museu Central do Ressurgimento.


A loba, Rômulo e Remo


Foi muito criticado desde a sua construção, já que foi necessário derrubar diversos edifícios de grande valor para deixar o espaço suficiente livre, e os italianos não gostaram da ideia de instalar um edifício tão chamativo e carregado junto aos edifícios clássicos que o rodeiam, tanto que o chamavam (chamam?) jocosamente de “máquina de escrever do Papa”. Possuiu terraço panorâmico que permite vista e fotos da própria Piazza Venezia e, atrás dele, do Fórum Romano. Fizemos a visita ao Monumento e a seguir fomos visitar, ao lado dele, a Piazza del Campidoglio.


Situada no topo do antigo Monte Capitolino, a Piazza del Campidoglio, cujo acesso se dá através de uma escadaria, inclui três edifícios principais, os Museus Capitolinos, o Palazzo Senatorio e o Palazzo Nuovo.  O Palazzo Senatorio é, atualmente, a sede da prefeitura de Roma. A praça tomou sua configuração atual na metade do século XVI, quando o Papa Paulo III contratou Michelangelo para renová-la. Em seu centro, há uma estátua equestre de Marco Aurélio e, ao lado de um dos edifício, há a estátua de Rômulo e Remo com a loba. Segundo a lenda romana, Rômulo e Remo teriam sido encontrados por uma loba, às margens do rio Tibre, e amamentados por ela. São os protagonistas de um dos mitos mais importantes da história romana e considerados os fundadores da cidade.

 

Do Campidoglio, seguimos para o Fórum Romano por um caminho desde a Piazza até a Via dei Forum Imperiali, passando em frente, antes de chegar nela, do Cárcere Mamertinum, lugar onde ficaram presos os apóstolos Pedro e Paulo. O caminho entre o Monumento a Vittorio Emanuelle II e o Coliseu, nosso próximo destino, estava tomado por pessoas caminhando, músicos de rua, vendedores ambulantes. Domingo de sol de inverno, de temperatura agradável, não poderia estar melhor.

 

Via dei Fori Imperiali


A região próxima ao Coliseu, para quem chega por onde vínhamos, está cheia de tapumes e desvio devido a obras de uma (nova?) linha do metrô de Roma. Contornando os mesmos, chegamos em frente ao Coliseu, uma visão sempre grandiosa. Muita gente em frente, mesmo. Decidimos que não entraríamos para visitá-lo. Circundando-o para encontrar os melhores ângulos para fotos, fui abordado por um grupo de escoteiras perguntando (em inglês) se eu poderia dar uma entrevista. Claro que poderia.

 

Coliseu


Fizeram várias perguntas sobre de onde éramos, por que de estávamos visitando a Itália, o que estávamos achando do país, e qual nossos planos de viagem. Eu respondendo e a Marina junto a mim, respondendo também. No final, acabaram elogiando a roupa da Marina e a mochila do Friends (era da mesma idade dela). Se acharam: depois a Marina voltou e trocaram contatos no Instagram... Bem legal.

 

Era hora, agora, de almoçar.

 

Consultando o Trip Advisor, acho, a Roberta encontrou e nos guiou até um pub irlandês, o Shamrock Pub Roma (Via de Colosseo, 1/C). Burgers, cerveja (eu tomei caipirinha...). Descansamos e almoçamos, antes da tarde de caminhadas e mais visitas. Próximo destino: Santa Maria Maggiore.

 

A Basílica de Santa Maria Maggiore é uma das primeiras igrejas dedicadas à Virgem Maria, e foi erigida logo depois do Primeiro Concílio de Éfeso (431), que proclamou Maria como "Mãe de Deus". É uma Basílica Maior. Fato interessante: basílicas são igrejas que possuem características e estrutura para receber o papa, cardeal ou patriarca. São submetidas à jurisdição eclesiástica do Vaticano e não à jurisdição local. Por isso, essas igrejas têm status internacional, tipo – podemos dizer? – embaixadas do Vaticano... É na Santa Maria Maggiore onde está enterrado Gian Lorenzo Bernini, escultor de muitas obras por Roma e Vaticano, como já falado anteriormente. Quase ao lado dela, apenas atravessando uma rua, encontramos uma Upim, loja de departamentos, na qual entramos após visitar a Basílica. Longo tempo para elas olharem e comprarem alguns itens, enquanto eu ficava sentado em um confortável poltrona (ao menos isso...).


Santa Maria Maggiore

 

Após a visita e as compras, passamos a caminhar em direção – de certa forma – de casa. Passamos ao lado da Termini, principal estação de trens de Roma, onde – em 2005 – me despedi da Jacque (que voltaria para o Brasil) quando peguei o trem em direção ao aeroporto de Fiumucino onde embarcaria de volta a Canadá, cantando:

 

Rivedo ancora il trenoAllontanarsi e tuChe asciughi quella lacrimaTorneròCom'è possibileUn anno senza te

Adesso scrivi, aspettamiIl tempo passeràUn anno non é un secoloTorneròCom'è difficileRestare senza te

  

O tempo passará, um ano não é um século, voltarei, diz a letra. 


Passando pela Termini, seguimos até a Piazza della Repubblica, de onde entramos na Via Nazionale, que percorremos quase toda, entrando em lojas, parando para um sorvete, até estarmos de volta na Piazza Venezia e então de volta ao apartamento, passando pelo Largo di Torre Argentina e Campo dei Fiori. Rápido descanso antes de sairmos para nossa última noite em Roma, quando iríamos jantar no Trastevere.

 

Trastevere, do latim ‘além do Tevere’ ou além do Tibre, o rio que atravessa Roma, como o nome já diz, está do outro lado do rio, o lado contrário à maior parte dos principais pontos de Roma (exceto o Vaticano que, tecnicamente, não é Roma) apesar de bem perto deles. É o bairro “mais boêmio” da cidade, e conta com bares, restaurantes e lojinhas em suas ruas estreitas. Em 2014, o apartamento que alugáramos ficava ali, e até tem a famosa história da tentativa de ver o Papa Francisco em um missa na Basílica de Santa Maria in Trastevere em meio a uma chuva torrencial (da qual não participei, por estar em casa, abrigado e assistindo pela televisão).

 

Jantaríamos ali.

 

Saímos de casa pela Lungotevere em direção contrária ao estacionamento onde havíamos deixado o carro. Pretendíamos atravessar o rio na Ponte Garibaldi, junto à Isola Tiberina, ilha em meio ao Tevere, e que é uma das menores ilhas habitadas do mundo e cujas histórias remetem às origens de Roma, o que não vem ao caso agora. Iríamos atravessá-la, mas, antes de podermos chegar nela, quando passávamos próximos à Ponte Sisto, fomos atraídos com o que parecia ser uma festa sobre ela.


Entramos na ponte, nos aproximamos do que seria a “festa’, e descobrimos que era mais ou menos isso: havia um músico de rua, com sua guitarra, tocando e aproximadamente uma centena de pessoas em volta cantando enquanto ele tocava clássicos, desde Beatles, Oasis, Queen, até um ‘Don’t worry, be happy”, do Bob McFerrin. Muito legal mesmo. Ficamos ali acompanhando, cantando e filmando o “evento”. Após um tempo ali, seguimos para o “interior” do Trastevere a procura de um local para jantar

 

O Tevere (Tibre)


Após a janta, saímos caminhando lentamente de volta, mas fomos abordados pelo garçom do restaurante que correu atrás de nós para devolver a minha mochila que eu havia esquecido lá... 

 

Hora de descansar e para na manhã seguinte dizer, agora para valer, ‘Arrivederci Roma’, e iniciar o caminho em direção ao norte novamente.

 

Até.

Nenhum comentário: