A Viagem (15).
Dia dos Namorados, Valentine’s Day, Dia de San Valentino.
Acampamos em Florença.
Mais ou menos, posso dizer. Acho que fica melhor dizer que “acampamos”, assim, entre aspas, em Florença. Sim, era um camping, mas – não – não ficamos em barracas. Já falo disso. Antes, vamos começar o dia saindo de Assis em direção à Cortona.
São aproximados setenta quilômetros entre Assis e Cortona, passando por Perugia e, contornando parte do Lago Trasimeno, por Passignano Sul Trasimeno, em um trajeto de cerca de uma hora e pouquinho. Trânsito tranquilo, boa parte do tempo com vista e montanhas ao fundo com alguns picos nevados.
A primeira vez que ouvi falar em Cortona acho que foi quando vimos o filme ‘Sob o sol da Toscana’, de 2004. A história de uma escritora americana que se divorcia, vai para Itália e compra uma casa em Cortona. No filme, há imagens da cidade, inclusive com uma fonte na Piazza dela Reppublica que na verdade não existe. Havíamos estado lá duas vezes antes, em 2005, quando fizemos a viagem ‘Milão – Sicília’ que, como o nome diz, começou em Milão, fez o caminho ao sul até a Sicília, de onde voltou para Napoli, Costa Amalfitana e terminou em Roma, que a Jacque e eu fizemos com meus sogros, e, também, em 2014, na viagem do Alfredo, meu sogro, com a família (esposa, filhas, netos e genro, eu).
Ao chegar em Cortona pela SP34, contornando o muro da cidade, dirigi e consegui uma vaga de estacionamento no parcheggio Piazza Mazzini, junto à Porta Colonia, acessando a pé por essa entrada. Pela Via Dardano, seguimos até a Piazza Signorelli, onde está o teatro de mesmo nome, e até a Piazza dela Reppublica, a praça central da cidade. Não é uma praça grande, e era ali que o cardo e o decumanus, se cruzavam, formando um eixo Norte-Sul, Leste-Oeste na época romana, e era ali também onde ficava o Fórum Romano, em toda sua majestade. Para quem não sabe, e eu não sabia até estudar o assunto, uma explicação.
Um decúmano (em latim: decumanus; plural: em latim: decumani) era uma rua ou via, orientada no sentido leste - oeste nas povoações romanas, castros (acampamentos militares), ou colônias. O nome deriva do fato de via decumana ou decimana (décima) separar a Décima Coorte (grupo de quinhentos homens armados) da Nona Coorte num acampamento das legiões romanas, à semelhança da via quintana, que separava a Quinta Coorte da Sexta. Quando havia mais que uma via orientada no mesmo sentido, uma delas, a mais importante, passava a ser designada por Decúmano Máximo (em latim: Decumanus Maximus), que habitualmente ligavam a Porta Pretória (nos acampamentos militares a porta mais próxima do potencial inimigo) à Porta Decumana (a porta mais afastada do potencial inimigo). A meio do seu comprimento, ou groma, a Decúmano Máximo cruzava-se perpendicularmente com a cardo ou Cardo Máximo (em latim: Cardus Maximus), a principal via norte-sul, tradicionalmente a via principal. O Fórum estava normalmente localizado próximo desta intersecção.
Voltando à Cortona e à praça.
Na Praça fica também o Palazzo Del Capitano Del Popolo, que no século XVI serviu como residência para o Cardeal Passerini e, hoje, ali mesmo, funciona uma agência dos correios. Próximo dali, na mesma Praça, fica o Palazzo Comunale, que no século XII aconteciam reuniões políticas, econômicas e sociais. Passamos pela praça, e seguimos pela Via Nazionale, a principal do Centro Histórico de Cortona, até a Piazza Garibaldi, onde há um belvedere com uma bela vista da região, e onde a Jacque – em 2005 – teve seu cantucci (famoso biscoito italiano extremamente crocante, recheado com amêndoas e com perfume de laranja) roubado por um corvo. Próxima à Piazza Garibaldi, ainda, está a Chiesa de San Domenico e um parque onde está o Monumento ai cadutti, lembrando os mortos nas grandes guerras, monumento comum em várias cidades italianas.
Fizemos o caminho de retorno pela Via Nazionale e paramos para um café no Café Vittoria, já de volta à Piazza Signorelli. Capuccinos, água, antes de irmos em direção ao carro. Para nosso próximo destino, havíamos reservado duas noites de camping. De Cortona até Florença, e até o HU Firenze Camping in Town, onde ficaríamos, via A1, autoestrada, são pouco mais de 110km e cerca de uma hora de vinte e poucos de distância.
Chegamos e pudemos fazer o checkin.
O hu Firenze Camping in Town, localizado Via Generale C. A. dalla Chiesa, 1/3, aproximadamente a 6km do centro de Firenze, mostrou-se uma excelente opção de estadia na cidade, com estacionamento gratuito, lugar para barracas, trailers e motorhomes, além de – nossa óbvia opção – cabanas, com banheiro privativo, ar-condicionado, Wi-Fi. Alugamos duas cabanas para três pessoas, com diárias muito em conta. Há também um mercado com boas opções e um restaurante / cervejaria junto a ele, no mesmo local em que é servido o café da manhã, pago à parte, mas que vale totalmente.
Os quartos eram realmente confortáveis, o aquecimento funcionou muito bom, o chuveiro tinha á quente e com boa pressão, apesar do Wi-Fi não ser nenhuma maravilha. Mesmo assim, não tivemos nenhuma crítica com relação à nossa estadia. Foi eleita, em votação, a melhor estadia da viagem...
A distância de cerca de seis quilômetros do centro nos deixava com duas opções, a saber, ir de carro ou ir de transporte público. Como éramos seis, ir de ônibus nos custaria dezoito euros, mais caro do que estacionamento público e estaríamos dependentes dos horários dos ônibus. A decisão de ir com o carro foi unânime. Nossa/minha única preocupação era com relação ao local onde estacionaríamos e as ZTL e suas multas associadas. Conversando com uma funcionária da recepção do camping, estabelecemos um plano. Deixaria o carro no parcheggio Beccaria, próximo à praça de mesmo nome, na Viale Giovanni Amendola, e faríamos a pé o resto do caminho.
Funcionou bem. Deixamos o carro nesse estacionamento, que fica a quatro quilômetros do camping, e saímos caminhando até a Lungarno (avenida que segue o curso do rio Arno), por onde caminhando algumas quadras procurando um lugar para almoçar, afinal já passavam das 15h. Desviando para longe do rio, encontramos o Blend Eat, na Corso dei Tintori, que fica aberto o dia todo (fecha à 1h da manhã). Ambiente legal, comida muito boa (comemos burgers e massas).
Após o almoço, começamos a visitar Florença.
A seguir.
Até.
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