A Viagem (11).
Sábado, manhã. O melhor momento da semana.
Roma, Città Eterna.
Caminhamos, nesse dia quase dezesseis quilômetros desde que saímos de casa após o café da manhã. Havíamos comprado, no dia anterior, todo o necessário para a primeira refeição do dia. Na hora, contudo descobrimos que não havia filtro para passar o café. Com filtro improvisado pela Roberta e pela Jacque, não faltou café passado...
A primeira (das muitas) parada do dia foi na (primeira de muitas) Iglesia Nacional Española de Santiago Y Montserrat, quase ao lado de nossa casa. Dali, seguimos pela margem do Tibre (Tevere) em direção ao Vaticano. Foi a chance que a Jacque e eu tivemos de reproduzir a foto que havíamos tirado de nós em dezembro de 2000 por ali mesmo. Um dia, como vinham sendo todos, de céu azul, sem nuvens, e sol.
Seguimos pela Lungotevere até a Ponte Vittorio Emmanuelle II, onde atravessamos o Tibre em direção ao Castel de Sant’Angelo. Uma multidão circulava ao redor do trajeto Castel de Sant’Angelo até o Vaticano, e foi esse o caminho que percorremos, pela Via della Conciliazone até a Piazza de San Pietro. Não é preciso dizer muito sobre a Praça de São Pedro, já no Vaticano, onde está a Basílica de São Pedro, erguido no local onde o apóstolo Pedro foi morto. A praça, e foi projetada por Bernini no século XVII.
Circulamos a praça porque queríamos visitar o Museu do Vaticano para ver, no final da visita, a Capela Sistina e – nossa intenção – sair do museu direto dentro da Basílica. Eu havia tentado comprar ingressos para o museu antecipadamente, direto do Brasil, mas o único final de semana que estava indisponível para ingressos antecipados era o final de semana que estaríamos em Roma. Imaginei que haviam esgotados os ingressos antecipados e estaria bem cheio, mas - enquanto caminhávamos para lá – descobrimos a verdadeira razão de eu não ter conseguido: o museu estava fechado, unicamente no nosso final de semana em Roma... Fazer o quê?
Entrar na fila para a Basílica.
Relativamente longa fila em plena praça, parte no sol (calor), parte na sombra (frio). Ficamos aproximadamente 1h30 na fila até passar pela segurança e pelos detectores de metal. Ao passar por ali, a Roberta ficou encantada com um carabinieri por quem passou, olhou para trás para vê-lo, que estava olhando de volta, sorriam, e mais um casal estava formado: mãe e o dono do café de Bolsena, Karina e o garçom perto do Pantheon, e Roberta e o carabinieri sorridente... (e eu me presto a escrever isso...).
A visita à Basílica de São Pedro é sempre impressionante.
Ela é o maior e mais importante edifício do catolicismo no mundo.É grandiosa, impactante. Ao entrar (e decidimos visitar apenas a Basílica, sem as tumbas ou o terraço), à direita de quem ingressa, está a Pietà, de Michelangelo, uma de suas mais famosas esculturas, representando Jesus morto nos braços de sua mãe. Ela está protegida, atrás de um vidro, para quem ninguém a toque. Diferente da estátua de Pedro, cujo peito do pé é preto e gasto, de tanto as pessoas passarem a mão nele, mas que agora também não é permitido, talvez efeitos da pandemia, não sei.
Todo o interior, além do exterior – claro – da Basílica impressiona.
Após a visita, saímos do Vaticano e voltamos à Roma, com o objetivo nesse momento de almoçar. Não muito distante dali, entre o Vaticano e o Castelo de Sant’Angelo, a região conhecida como Borgo tem vários restaurantes com mesas de rua. Paramos em um, e a Jacque pediu – sugestão do dia – alcachofra. Veio uma alcachofra em um prato, muito parecida com uma maçaneta, mas a Jacque insiste até hoje que era o que ela queria e ficou tudo bem. O almoço foi bom (eu até tomei um pouco de vinho...).
Após o almoço, era hora – uma vez mais – de caminhar por Roma.
De lá, fizemos um longo trajeto até a Piazza di Spagna, já do outro lado do Tibre. O trajeto, em certo momento, atravessa a Via dei Corso e, em seu final, seguir pela Via dei Condotti, com suas lojas de grife e pessoas fazendo compras em um sábado à tarde. Se nos dias anteriores havíamos passado por cidades com pouco movimento, Roma estava, em um sábado à tarde, cheia de gente.
A Piazza di Spagna tem em seu centro a Fontana dela Barcaccia, obra dos Berninis pai e filho, e cujo nome é uma referência ao seu formato de um barco semiafundado com água jorrando das amuradas. Este formato foi escolhido pois, antes da construção dos muros na margem do Tigre, o rio geralmente provocava enchentes e, em 1598, houve uma particularmente ruim e a Piazza di Spagna ficou pelo menos um metro debaixo d'água. Quando a enchente cedeu, um barco ficou encalhado na praça.
A fonte está ali, aos pés da Scalinata di Spagna. A escadaria, também chamada de Scalinata dei Trinità dei Monti, leva da praça até a Igreja conhecida por Trinità dei Monti, ou Igreja da Santíssima Trindade dos Montes. Em frente à igreja (e escadaria) tem um obelisco romano imitando um obelisco egípcio. A escadaria, e a praça estavam, como já falado, lotadas.
De certa forma já cansados, optamos por seguir da Piazza di Spagna em direção à Piazza del Popolo, não muito longe dali, pela Via del Babuino. Foi por ali, entre a Piazza di Spagna e a Piazza del Popolo, onde nos hospedáramos na primeira vez em que estivéramos em Roma, e quando eu caí de/em uma banheira pela primeira vez na vida, e - que segundo a Jacque – foi o que deu início à série de eventos (quedas de banheiras) que levou à minha cirurgia de hérnia de disco lombar vinte e dois anos e três meses depois, mas não acredito nessa teoria.
A Piazza de Popolo é uma grande praça que muito tempo foi uma das entradas principais de Roma, em sua parte norte, com a Porta del Popolo. Junto a elas, está a Igreja de Santa Maria del Popolo, na extremidade norte da praça. O extremo oposto é composto pelo “tridente”, três avenidas que saem da praça, as vias del Babuino, dei Corso e di Ripetta. Também ali, constituindo dois polos do tridente, estão duas igrejas “gêmeas”, uma a lado da outra: Santa Maria in Montesanto e Santa Maria dei Miracoli. No centro da praça, um obelisco.
Circulamos por ela, visitamos a Santa Maria dei Miracoli e, cansados, queríamos nos sentar, tomar um café e um sorvete. Ali, na praça mesmo, mesinhas na rua, fina de tarde, os cafés estavam cheios. Apesar de sabermos que ali era um ponto “turistão”, resolvemos ficar em um dos cafés. Preços, como esperado, exorbitantes, mas já havíamos sentado. Mesmo sabendo da velha expressão popular, ‘o golpe está aí, cai quem quer’, pedimos cafés (e Karina um café gelado). O garçom, por sua vez, aparentemente havia acordado de manhã, descido da cama, pisado no penico e se molhado todo, tal era o humor dele naquele momento...
Café ruim e caro.
Ficou marcado com o pior custo-benefício da viagem...
Mesmo assim, aproveitamos para descansar um pouco antes de iniciar a longa volta para casa, com direito a paradas em algumas lojas e, claro, sorvete. Após o longo dia, decidimos jantar em casa, queijos e vinhos.
Domingo seria dia mais caminhada ainda.
Até.
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