domingo, abril 02, 2023

A Sopa (Perdidos Mães e Filhos 17)

 A Viagem (5).

Não conhecíamos Lucca.

 

Entre as vezes em que estivéramos na Itália, Lucca nunca fora um destino que havíamos escolhido conhecer. Nenhuma razão especial para isso, devo dizer. A vida é assim, temos que fazer escolhas e arcar com suas consequências. Não ter conhecido Lucca até hoje havia sido uma delas.

 

A distância entre Vernazza e Lucca é de cerca de cento e dez quilômetros, mais ou menos, algo como uma hora e cinquenta a duas horas de viagem devido às condições tortuosas e estreitas da saída de Cinque Terre e entrar na cidade, até o local em que ficaríamos. Seguindo minhas próprias diretrizes de escolha de acomodações em cidades antigas e muradas, optei por uma pousada fora do muro da cidade e com estacionamento próprio. Tudo bem até aí. 

 

Chegamos em Lucca no cair da noite, e facilmente encontramos a Pousada Villa Lucrezia (Viale Cardona, 30). É um casarão antigo, com um jardim nos fundos, e a recepção no final do terreno. Estacionei o carro na rua, em frente à pousada, e entramos para nos informarmos sobre o checkin. Após nos certificarmos de que estávamos no lugar certo, as meninas ficaram fazendo o checkin e eu fui buscar o carro para estacioná-lo justamente no jardim, entre o casarão e a recepção.

 

Com o carro, segui na via até uma intersecção em círculo que contornei para retornar, passei em frente à pousada avaliando a entrada de carro, e segui para fazer novo retorno em uma nova intersecção em círculo em meio a uma grande avenida. Contornei-a, retornando em direção à pousada e fui acessar a entrada da pousada, cujo portão fora aberto. Provavelmente um Mini-Cooper, ou um Fiat 500 (carros bem compactos) passariam tranquilos por aquele espaço com a casa de um lado, e o muro do outro.

 

Eu passei com nosso Opel Zaffira, mas muito lentamente, os retrovisores passando a (muito) poucos centímetros da parede/muro. Apertado, espremido, mas passei, sem arranhões, na lataria ou no meu orgulho. Após passar pela entrada, mais uma passagem estreita entre árvores e arbustos, mas consegui estacionar. Vitória. Com calma, terminamos de nos instalar e saímos para visitar o que conseguíssemos em Lucca aquela hora.

 

Saindo da pousada, paramos em uma loja de celulares e compramos um chip de celular para a Mãe (cujo celular não comportava o e-Chip que estávamos utilizando). Acabou saindo mais barato para ela que para nós, mas tudo bem.

 

Estávamos bem próximos ao muro que circunda a cidade, junto à Porta Elisa. Já noite, mesmo sendo relativamente cedo, seis e meia da tarde, entramos na parte murada e seguimos e por ruas frias e desertas (o que seria uma constante nos próximos dias de viagem). Caminhamos até a Piazza San Michele, centro da vida de Lucca há mais de dois mil anos, que fica no local onde anteriormente havia um fórum romano, e onde fica a Igreja de São Miguel, que dá nome a praça. Deserta nessa noite fria de inverno. Ao centro da praça, um arco de corações iluminado em homenagem ao Dia de São Valentino (Valentine’s Day) que é comemorado dia 14/02. Fotos, claro.

 

Mãe e filha


Seguimos pelo centro da cidade até a Piazza dell’Anfiteatro que, como o nome diz, é uma praça oval no local onde havia um anfiteatro romano. É cheia de restaurantes, virtualmente todos fechados naquele dia. Entre os abertos (ou o que estava aberto) decidimos jantar na Osteria del Podere. A Jacque e a Karina pediram um galeto (?!), eu pedi o tradicional espaguete à carbonara. A Roberta, por seu turno, pediu ravioli, e – quando chegou o prato – voltei vinte e três anos no tempo: lembrei da minha primeira noite na Itália, em Roma, no longínquo ano de 2000. 


Piazza dell’Anfiteatro


Fomos jantar próximo ao hotel em que estávamos hospedados, na região da Piazza del Popolo, num restaurante chamado Il Brilo Parlante (o grilo falante) e o Magno, nosso companheiro de viagem no Natal na Neve, junto com o Petterson e a Aline, pediu um ravioli. Quando chegou o pedido, eram QUATRO raviólis em um prato. Só. Lembro da indignação dele até hoje.

 

A reação da Roberta foi parecida.

 

A cara de decepção/frustração com os QUATRO raviólis, enquanto nós ríamos da situação, foi parecida. Tudo bem, no final das contas. Mesmo com isso, foi um bom jantar.


Lucca, à noite


Saímos, caminhamos de volta no frio de 1ºC e uma noite de céu limpo e lua a iluminar nossos caminhos, e fomos dormir aquecidos após um banho quente (que seria diferente da noite anterior, em Rapallo, porque apesar do hotel ser muito bom, o banho havia sido entre o morno e o frio, infelizmente, sem falar que a Roberta havia sido “atacada” pelo chuveiro dela).

 

No dia seguinte, Pisa e adiante.

 

Até.

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