sexta-feira, abril 21, 2023

Perdidos Mães e Filhos (28)

 A Viagem (16).

 

Havíamos chegado em Florença, almoçado no simpático Blend Eat, localizado na Corso dei Tintori, e agora começaríamos nosso passeio pela cidade, caminhando, como dever ser. Apesar de estarmos bem próximos à Basílica de Santa Croce (que visitaríamos no dia seguinte), decidimos começar pela Piazza della Signoria, quinhentos metros de onde estávamos.

 

Piazza della Signoria é, nada mais, nada menos que a praça central de Florença, sede da prefeitura, o Palazzo della Signoria (chamado de Palazzo Vecchio), e “coração da vida social da cidade”. É uma praça em forma de “L”, e fica ao sul da Duomo e próxima ao rio Arno e à famosa Ponte Vecchio. A praça é, além de tudo, praticamente um museu a céu aberto. 


Piazza della Signoria à noite


Ao lado do Palazzo Vecchio temos a Fontana del Nettuno (o tio Vicente quando mais jovem, segundo crença familiar...) próxima à estátua equestre de Cosimo I, obra de Giambologna, além de uma cópia do David, de Michelangelo. Formando um ângulo de 90º com o Palazzo Vecchio temos a Loggia dei Lanzi, construída entre 1376 e 1381 para cerimônias oficiais e recepções, sendo posteriormente transformada em um museu a céu aberto. Ali estão, entre outras, as esculturas ‘Hércules e o centauro’, um dos dois leões de Medici, de Flaminio Vacca, e ‘Perseu e a cabeça da Medusa’. 

 

Passando entre o Palazzo Vecchio e a Loggia dei Lanzi, entra-se na Piazzale degli Uffizi,onde fica, justamente, a entrada da Galeria degli Uffizi, e que segue até a beira do Arno. Visitaríamos a Uffizi também no dia seguinte. Passeamos pela Piazza della Signoria e seguimos pela Via dei Calzauolli e Via Porta Rossa até o Mercato Nuovo (ou del Porcellino), onde – além de vendedores dos mais variados produtos – está a estátua em bronze ‘Il Porcellino’, um javali.

 

Il Porcellino

É um atrativo turístico de Florença - turistas põem uma moeda dentro da boca do Porcellino com a intenção de deixá-la cair no gradil inferior da estátua para pedir por boa sorte e esfregam o focinho do javali para assegurar que retornarão a Florença, em um ritual cheio de ciência envolvida, e nenhum pensamento mágico. O viajante literário escocês Tobias Smollett registrou essa tradição em 1766, notando que o focinho do Porcellino possuía uma aparência polida, em contraste com o marrom-esverdeado do restante da estátua. É claro que quase todos nós fizemos o ritual (não eu, que estava registrando e fotos e vídeos). Jacque, Marina, Karina e Mãe colocaram a moeda na boca do javali e conseguiram que a moeda caísse no local certo na primeira ou, no máximo, na segunda tentativa. Já a Roberta, por outro lado, quando fez, na primeira tentativa, teve sua moeda praticamente cuspida pelo javali, caindo para fora da fonte, na rua, quase como quando ela foi jogar a moeda na Fontana de Trevi e errou... 

 

A segunda tentativa foi frustrada também, mas a moeda ao menos caiu próxima ao gradil. Nesse momento, tivemos que dar lugar a outras pessoas que esperavam. Após um tempinho, mais uma tentativa e finalmente teve sucesso. Garantiu retorno à Florença (afinal, esse é um método certificado...).

 

Passamos pela Piazza dela Repubblica e seu carrossel e visitamos ali a LaFetrinelli, livraria onde a Roberta fez uma compra para poder utilizar o banheiro (foi informada da senha para entrar e repassou para todo o resto do grupo que precisou utilizar...). Dali, seguimos para a região da Duomo, aonde chegamos cerca de sete minutos depois de encerrar o horário de visitação... Deixaríamos para o dia seguinte, e perderíamos o horário mais uma vez... vai ficar para uma próxima vez...

 

Piazza della Republica


Em um rápido debate, foi decidido – contra minha vontade, que estava errado, admito – visitarmos naquele momento a Galleria dell’Accademia, onde está – como atração principal – o David de Michelangelo. Eu havia visitado esse museu na primeira vez em que estivera em Florença, com a Jacque, há mais de vinte anos, e confesso que me impressionou dessa vez ainda mais do que eu tinha lembrança. Mesmo inicialmente contrariado, foi muito bom ter ido e realmente aproveitamos todos a visita.

 

David de Michelangelo


Ao sairmos da Accademia, voltamos em direção à Duomo, Piazza della Signoria, fomos até ao rio Arno, e até a Ponte Vecchio, antes ainda de voltamos em direção ao carro. Mas ainda tínhamos que jantar, e por estarmos longe do carro, nossa decisão foi procurar um lugar no Centro Storico para jantar. Caminhamos, caminhamos e encontramos um local que não estava lotado (era Dia dos Namorados, lembram?). Ao conseguirmos uma mesa, o primeiro comentário – da Karina, eu acho - foi de que não estava com muita fome. Quem sabe apenas pedirmos umas entradas, uns petiscos. Enquanto ela falava isso, eu olhava o cardápio e me fixei num item, decidindo que deveria ter aquela experiência.

 

Ponte Vecchio


Bistecca alla fiorentina.

 

Bistecca alla Fiorentina é um prato típico da Toscana, e seu preparo é quase um ritual. É uma carne espessa com pouca capa de gordura, mas marmorizada. A peça é cortada com 3 cm de altura, com aproximadamente 1,3 Kg. Por isso, no cardápio, o preço é por quilo. Era o que eu queria comer. E “convenci” os outros, exceto a Roberta (que é meio que vegetariana) e a Mãe, a comer comigo.


Bistecca alla fiorentina, metade dela...


Conversando meio em italiano e meio em inglês com o garçom, pedi a Bistecca para nós quatro, imaginando que viria um quilo para nós quatro. Engano meu (ou ‘o golpe está aí, cai quem quer’). Vieram dois quilos e pouco de carne para os quatro. A carne estava maravilhosa, mas comemos como se fosse a nossa última refeição, ou se fosse a primeira depois de muito tempo. Saímos do restaurante – após pagar uma conta compatível com tanta carne e vinho – caminhando lentamente, “cheios”, de volta ao carro.

 

De volta ao camping, tivemos uma espetacular noite de sono.

   

Teríamos ainda um outro dia inteiro de caminhadas e visitas em Florença.

 

Até.

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