domingo, abril 20, 2025

A Sopa

Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro.

 

Eu não quero, eu não preciso ser feliz o tempo inteiro, e tudo bem. A vida é assim, e apesar do que as redes sociais podem sugerir, não é possível passar pela vida sem dor ou sofrimento. Como se diz por aí, a vida é uma longa caminhada de dor e sofrimento entremeada por momentos fugazes de ilusão de felicidade.

 

Não concordo inteiramente com essa afirmação, mas todos temos, sim, nossa cota de dor na vida, física ou da alma, como dizem também, tanto faz. Tentar fugir, ou negar, a dor apenas prolonga e intensifica esse sentimento. Temos que, de um jeito ou de outro, vivê-la.

 

Quando estamos sentindo, a sensação que temos é de que ela durará para sempre, ou que a vida nunca mais será novamente o que era antes do acontecimento que a provocou. Lembraremos saudosos de como a vida era antes, e teremos (temos) dificuldade em vislumbrar um futuro enquanto a dor é presente.

 

Quanto mais longo o período de dor, de novo, física ou não, maior é o embotamento emocional ao qual somos submetidos. O mundo vai perdendo suas cores, perde-se lentamente a alegria de viver. Existe a vontade de desistir, de largar de mão.

 

Até que um dia, de repente, não mais que de repente, amanhece um dia sem vento e de céu azul. A luz do sol bate na janela e invade o quarto, e percebemos que o silêncio tem nesse momento o significado da ausência daquela dor que parecia que nunca ia ter fim, e conseguimos respirar fundo e olhar em frente, porque há um caminho a ser seguido, e somos nós que vamos caminhar.

 

O fim da dor é o renascer da vida.

 

Até.