quarta-feira, abril 30, 2025

As Pedras

Não é incomum, em meio às atribuições dos dias e em meio também às preocupações comezinhas que – apesar de, como o nome diz, serem banais, rotineiras – nos drenam energia e até tiram o sono, que percamos a noção de perspectiva, a noção do todo. O olhar em frente, com foco no porvir, nem sempre é fácil de alcançar e manter.

 

Enquanto mantemos o olhar para baixo, para o próximo passo, com o cuidado em onde estamos pisando, nem sempre conseguimos olhar o caminho, e poder perceber os detalhes e as características do que está à volta. Se insistimos em olhar para o chão, nunca veremos o céu.

 

Lembro, então, de uma situação de trabalho ocorrida há uns bons anos, e que não tem a ver com o que estou falando, em que comentei com um colega que eu deveria baixar minha cabeça e estudar determinado tópico, o ‘baixar a cabeça’ com o sentido de concentração e foco, da ausência de distrações, e que ele entendeu – diferente de minha intenção - como submissão, como aceitar passivamente algo.

 

Nada a ver comigo (prefiro acreditar).

 

Dizia eu que nem sempre conseguimos ter a noção do todo, da big picture, e que não é fácil ter o tempo todo essa perspectiva, e não deixarmos as (nem sempre) pequenas pedras do caminho nos afastarem do que e de quem somos. 


Até.