Arrancar o curativo.
Qual a melhor forma de dar uma má notícia, se é que existe uma forma ideal para isso? E, melhor para quem? Para quem vai dar a notícia ou para quem vai recebê-la?
A velha história do ‘gato subiu no telhado’, popular sequência de fatos que resulta em uma notícia ruim, que é uma fórmula usada para dar a esse tipo de notícia de forma sutil. Algo como ir preparando o interlocutor para o que virá, e que não será bom. Ou, ao contrário, ir direto ao ponto, dar a notícia sem maiores rodeios.
Penso que depende, obviamente, do contexto, e devemos sempre levar em conta os diversos fatores envolvidos. Read the room, é uma dica de ouro.
Como médico, não são poucas as vezes em que tenho que dar notícias ruins para pacientes e/ou familiares, e procuro sempre ser o mais direto, honesto e didático possível nessas situações, explicando diagnósticos, opções de tratamento, possíveis desfechos e prognósticos, até onde sou (somos) capaz (es) de predizê-los. Sempre, claro, ouvindo o paciente, e respondendo às suas perguntas, porque o paciente dá a entender até onde quer ouvir e saber. O tempo nos faz aprender que quem nos guia é o paciente nesses casos.
Por outro lado, uma dificuldade que não é incomum em nossos relacionamentos pessoais é o medo de magoar pessoas que nos são queridas, a quem queremos proteger e cuidar. É uma fronteira tênue entre sermos cem por cento honestos e o risco de sermos cruéis desnecessariamente.
Como fazer, então?
Como disse antes, basta ter bom senso, e read the room...
Até.