Ainda sobre quarta-feira passada.
Como já contei a todos a quem tive oportunidade, após mais de vinte anos escrevendo crônicas e as pulicando online em meu blog, no final de 2023 eu decidi que estava na hora de publicá-las, ou começar a publicá-las. Para isso, tracei um plano ou, melhor, fiz um projeto, com etapas e cronograma, que encerraria em uma sessão de autógrafos na Feira do Livro de Porto Alegre, uma ambição que eu tinha, algo que eu queria fazer um dia.
Começou em janeiro de 2024 com a seleção das crônicas passíveis de serem publicadas, e que não fossem datadas, classificação delas em grandes temas (material para mais de um livro). Seguiu-se a essa primeira etapa o reler e reescrever, melhorar o que eu achasse necessário nas escolhidas para compor o primeiro livro. Etapa seguinte, “montar” o livro.
A partir daí, o que seria o mais difícil, a meu ver, que era encontrar uma editora que estivesse disposta a publicá-lo. Para isso, e aí já entrávamos em março do ano passado, fiz uma seleção de possíveis editoras para fazer contato. Por uma dica de uma paciente minha, a escritora Valesca de Assis, o primeiro contato que fiz por e-mail foi com a Editora Bestiário, do também escritor Roberto Schmitt-Prym. Para minha absoluta surpresa, já que eu imaginava vários meses de procura por editora e até meios de autopublicação, em vinte e quatro horas recebi a resposta positiva dele. Eu publicaria meu primeiro livro!
Eu seria um escritor publicado.
Foi lançado o livro, ‘A Sopa no Exílio’, em junho de 2024, em um café. Foram mais dois lançamentos na sequência, na Associação dos Médicos do Hospital da PUCRS e no Pavilhão Pereira Filho da Santa Casa de Porto Alegre. Faltava, então, a Feira do Livro.
A sessão do ano passado foi em uma segunda-feira à noite, e mesmo sabendo que eu já havia vendido e autografado o livro para a quase totalidade dos potenciais compradores, e que não havia sobrado quase ninguém para ir à sessão, alguns estiveram lá e foi uma experiência que curti bastante.
Mas não tanto quando a desse ano.
Novamente, não esperava que muitos estivessem presentes, afinal o lançamento havia sido em julho, e era uma quarta-feira final do dia e começou a chover logo antes. Ainda assim foi legal.
Houve um momento em que eu estava sentado em meu lugar, na posição indicada a mim, que era próxima onde também estava autografando o seu livro o meu amigo Daniel Wildt, só eu (as pessoas conversavam em grupos próximas a mim). Olhei para o plano geral, o final do dia (já não chovia) e as pessoas passando, próximas e mais distantes de mim, a praça, as bancas que via, e me dei conta que era ali que eu deveria estar, que era também o meu lugar, que eu fazia parte, que eu pertencia.
Que eu sabia meu lugar no mundo.
Até.