domingo, novembro 30, 2025

A Sopa

Inevitavelmente, estamos sós.

 

Em meio à multidão, entre estranhos, conhecidos, amigos ou familiares, onde quer que estejamos, invariavelmente estamos sós. Como ilhas, mundos isolados em meio ao ruído do universo. Ontem, agora.

 

Essa estranheza, que toma conta enquanto o som das vozes aumenta, as risadas, as pequenas conversas para preencher o silêncio que pode ser desconfortável. Sentar no fundo e olhar de fora, a vida acontecendo em nossa frente como um filme familiar que assistimos pela milésima vez.

 

Por isso a importância das conexões, do encontro com aqueles que fazem o mundo ter sentido, que fazem valer à pena. Por isso que pessoas são importantes agora, e não em um improvável futuro em que haverá tempo e sentaremos na varanda da cabana no alto da montanha de onde veremos a planície, os homens pequeninos e a aldeia de longe, longe, longe, longe, longe*, e principalmente não esqueceremos Rosinha (que jogava futebol nos verões do Imbé... ops, nada a ver, momento déficit de atenção).    

 

O que temos é o agora, o hoje, que é onde a vida acontece.

 

Criar e cultivar conexões, a chave de uma boa vida.

 

E churrascos, sempre churrascos.

 

Até.

 

* referência à música Paisagem Campestre, Nei Lisboa