domingo, novembro 23, 2025

A Sopa

O silêncio. 

Em meio aos sons do dia a dia, os ruídos da cidade, as buzinas, os gritos indistintos, as construções à volta, e a música que é parte importante de nossas vidas, em meio a tudo isso, de tempos em tempos o silêncio das manhãs de domingo é como um momento de paz absoluta, quase meditação. Ele vai acabar em breve, com o despertar das pessoas ou quando a chaleira chiar, avisando que não pode ferver para o chimarrão.

 

Entramos nos últimos dias de novembro, sua última semana. Dezembro é meio mês, porque envolvidos estaremos nas já tradicionais celebrações de final de ano, os encontros, churrascos, presentes trocados, brindes e planos. Promessas, para o dois mil e vinte e seis, de reuniões que nunca saem, de reencontros que mais um vez serão remarcados para um futuro que talvez nunca chegue, ou que talvez chegue tarde demais.

 

Esses dias, ao entrar em um cemitério para dar um abraço em um amigo de muitos anos, pensei nisso, que tenho frequentado despedidas bem mais do que gostaria, mas talvez não mais que o esperado. E lembrei daqueles que gostaria de (ou preciso) encontrar mais, o que não acontece porque muitas vezes o esforço necessário para desencadear, para catalisar esses encontros deve ser feito por alguém, e aí o ruido da urgências cotidianas não permite que seja eu, ou algum outro de nós, aquele que vai iniciar o processo, sabe como é, botar pilha.

 

Volto, então, ao processo lento e gradual de selecionar aquilo e aqueles que merecem maior atenção. Melhor dizendo: o processo é de descartar aquilo e aqueles que não fazem mais sentido. Aqueles cujo discurso não se traduz em prática, ou a prática é diferente do discurso. Procurar manter por perto quem vibra na mesma sintonia, aqueles que caminham na mesma cadência e na mesma direção, e cujo cuidado entre nós seja mútuo. Eliminar pessoas que nos atrasam, que nos tiram a energia. 

 

Procurar andar mais leve.

 

Em dois mil e vinte e seis e além.


Até.