Música, mais uma vez.
Há um tempo, em um momento em que eu definia algumas verdades para mim, após ter estabelecido que o sagu era a melhor sobremesa do mundo, estabeleci (para mim, para mim) que ‘Oceano’ do Djavan, era a mais bela música em língua portuguesa, principalmente pela parte de que diz “Vem me fazer feliz, porque eu te amo / Você desagua em mim, e eu, oceano' . Poesia pura.
Além disso, de tempos em tempos, como uma epifania, motivada por diferentes gatilhos, alguma música ressurge em minha consciência, e tenho de ouvi-la e passo os dias seguintes cantando-a mentalmente. E me maravilhando – mais uma vez – pela beleza da língua portuguesa, da poesia, do som, da música.
Está acontecendo, desde o final de semana, com ‘Força Estranha’, de 1978, composta por Caetano Veloso e inspirada por uma conversa dele com Roberto Carlos, que disse que ‘artista nunca envelhece’. Ela fala disso, do tempo – um dos meus temas preferidos - e sua relação com a arte, a vida e a imortalidade do artista. A versão gravada pela Gal Costa é a mais famosa e mais linda de todas.
Eu vi um menino correndo, eu vi o tempo
Brincando ao redor do caminho daquele menino
Eu pus os meus pés no riacho, e acho que nunca os tirei
O sol ainda brilha na estrada e eu nunca passei
Eu vi a mulher preparando outra pessoa
O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga
A vida é amiga da arte, é a parte que o sol me ensinou
O sol que atravessa essa estrada que nunca passou
Por isso uma força me leva a cantar
Por isso essa força estranha
Por isso é que eu canto, não posso parar
Por isso essa voz tamanha
Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista
O tempo não para e, no entanto, ele nunca envelhece
Aquele que conhece o jogo do fogo das coisas que são
É o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão
Eu vi muitos homens brigando, ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada vontade encoberta
E a coisa mais certa de todas as coisas
Não vale um caminho sob o sol
E o sol sobre a estrada
É o sol sobre a estrada, é o sol
Por isso uma força me leva a cantar
Por isso essa força estranha
Por isso é que eu canto, não posso parar
Por isso essa voz tamanha
Boa semana para todos nós.
Até.
Ah, espero todos quarta-feira (12/11) na Feira Livro às 19h na sessão de autógrafos do meu novo livro ‘Eu Pai, Eu Filho’.