segunda-feira, novembro 10, 2025

Por Isso Eu Canto, Não Posso Parar

Música, mais uma vez.

 

Há um tempo, em um momento em que eu definia algumas verdades para mim, após ter estabelecido que o sagu era a melhor sobremesa do mundo, estabeleci (para mim, para mim) que ‘Oceano’ do Djavan, era a mais bela música em língua portuguesa, principalmente pela parte de que diz “Vem me fazer feliz, porque eu te amo / Você desagua em mim, e eu, oceano' . Poesia pura.

 

Além disso, de tempos em tempos, como uma epifania, motivada por diferentes gatilhos, alguma música ressurge em minha consciência, e tenho de ouvi-la e passo os dias seguintes cantando-a mentalmente. E me maravilhando – mais uma vez – pela beleza da língua portuguesa, da poesia, do som, da música.

 

Está acontecendo, desde o final de semana, com ‘Força Estranha’, de 1978, composta por Caetano Veloso e inspirada por uma conversa dele com Roberto Carlos, que disse que ‘artista nunca envelhece’. Ela fala disso, do tempo – um dos meus temas preferidos - e sua relação com a arte, a vida e a imortalidade do artista. A versão gravada pela Gal Costa é a mais famosa e mais linda de todas.

 

Eu vi um menino correndo, eu vi o tempo 

Brincando ao redor do caminho daquele menino
Eu pus os meus pés no riacho, e acho que nunca os tirei
O sol ainda brilha na estrada e eu nunca passei

 

Eu vi a mulher preparando outra pessoa
O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga
A vida é amiga da arte, é a parte que o sol me ensinou
O sol que atravessa essa estrada que nunca passou

 

Por isso uma força me leva a cantar
Por isso essa força estranha
Por isso é que eu canto, não posso parar
Por isso essa voz tamanha

 

Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista
O tempo não para e, no entanto, ele nunca envelhece
Aquele que conhece o jogo do fogo das coisas que são
É o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão

 

Eu vi muitos homens brigando, ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada vontade encoberta
E a coisa mais certa de todas as coisas
Não vale um caminho sob o sol
E o sol sobre a estrada
É o sol sobre a estrada, é o sol

 

Por isso uma força me leva a cantar
Por isso essa força estranha
Por isso é que eu canto, não posso parar
Por isso essa voz tamanha

 

Boa semana para todos nós.

 

Até.

 

Ah, espero todos quarta-feira (12/11) na Feira Livro às 19h na sessão de autógrafos do meu novo livro ‘Eu Pai, Eu Filho’.