segunda-feira, novembro 17, 2025

Quem Te Viu, Quem Te Vê

Há alguns anos, fui a um show do Chico Buarque.

 

Uma das lembranças mais antigas que tenho de música brasileira, de MPB, é dos domingos de manhã em que tocava no toca-discos de casa, colocados pelos meus pais, discos de música brasileira e, mais especificamente, Chico Buarque. Não lembro que idade tinha, mas é a origem da admiração que tenho por ele como artista, poeta e cantor.

 

Seus clássicos tocavam direto lá em casa. Desde ‘A Banda’, ‘A Rita’, ‘Roda Viva’, ‘Cálice’ (que muitos anos mais tarde a Marina cantaria belissimamente), até ‘Noites dos Mascarados’, que é a música que me faz ter saudades dos carnavais que não vivi. Fui alimentado por música brasileira, por poesia, pela beleza da língua portuguesa, outra de minhas paixões.

 

Mas falava de um show do Chico Buarque que assisti.

 

Foi mágico, e já era casado na época, ouvir ao vivo as músicas que ouvira desde a infância. Guardadas as devidas proporções, foi uma sensação do tipo que senti quando assisti ao meu primeiro show do Paul McCartney, em 2010, e no ano passado, quando – de novo – estivemos em um show dele, dessa vez com a Marina junto. Não parecia real.

 

O ponto alto, para mim, daquele show do Chico Buarque, e não lembro o ano em que isso ocorreu, provavelmente final dos anos noventa de século passado, foi – para mim, para mim – quando ele cantou ‘Quem Te Viu, Quem Te Vê’.

 

Poesia pura.

 

Hoje eu vou sambar na pista, você vai de galeria
Quero que você assista na mais fina companhia
Se você sentir saudade, por favor não dê na vista
Bate palmas com vontade, faz de conta que é turista

 

Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer

 

Poesia pura.


Até.