Não é mais minha praia (ou estou em outra ou estou velho).
Há alguns meses, ainda no ano passado, recebi um e-mail de uma pessoa que se identificava como jornalista e perguntava se eu poderia dar uma entrevista por email. Queria saber sobre pessoas que se utilizam do Orkut (você não conhece? Ah… você é aquele que não conhece, ainda estão procurando o outro) para preparem viagens, fazer contatos, encontrar parceiros de viagem.
Disse que não tinha problema, mas achava que eu não era a melhor pessoa para isso, afinal, sim, até tinha conhecido gente pelo Orkut que está aqui em Toronto e que acabei conhecendo pessoalmente, mas não tinha usado isso para preparar a minha viagem. E disse que, muito mais interessante que comunidades do Orkut, achava que ele deveria pesquisar as comunidades de blogs que se formam. E dei o exemplo aqui de Toronto, que estava formando um grupo bem legal. Ele disse que tudo bem, pediu que eu enviasse uma foto minha aqui em Toronto e foi isso.
Na edição de março de 2005 da revista Viagem e Turismo com a seguinte reportagem:
“Quem tem Orkut vai a Roma (e a qualquer outro lugar)
O Orkut não serve só para colecionar fotos de estranhos e encontrar amigos sumidos: mais de 10 mil comunidades ajudam a viajar pelo mundo, sem pagar mico (e até sem gastar nada!)
Edição 113 - 03/2005
Por Rafael Lessa
Com mais de 3,5 milhões de usuários cadastrados (sendo 60% brasileiros), o Orkut acaba de completar um ano de vida. Até o fechamento desta edição, já existiam 10 446 comunidades registradas na categoria "Viagem", sem falar em tantas outras espalhadas em "Países e Regiões", "Cidades e Bairros" ou "Comida, Bebida e Vinho". Ou seja: bem mais que um detetive de amigos da época do colégio, o Orkut, o maior ponto de encontros virtual do planeta, é também ótima ferramenta para ajudar você a programar sua próxima viagem (…) Já o médico Marcelo Tadday descobriu a comunidade "Brasileiros em Toronto" dias antes de viajar para a cidade, onde estuda atualmente. Fez novos amigos e, ao chegar a Toronto, já tinha companhia para passeios e baladas.“
Pois é… eu li a revista junto com a Jacque, em Atlanta, e não teve jeito: ela pegou no meu pé. Virei “Marcelo, o Baladeiro de Toronto”, mesmo eu tendo – naquele momento – quase sete meses morando aqui, saído um única vez, no meu segundo dia aqui. Bom, tudo bem.
Sábado que passou, contudo, decidi ver qual era a verdadeira balada de Toronto. Havia sido convidado por um conhecido – brasileiro – e mesmo diante da quase exaustão física provocada pela semana que passou, decidi ir. No final da tarde, dei uma dormida para me preparar. Acordei, jantei, e saí de casa para o ponto de encontro.
Dez horas da noite, Union Station, o ponto de encontro. Estamos lá eu e R (preservo o sigilo). Conversamos enquanto aguardamos os outros que possivelmente virão. Chega A, brasileiro, baiano. E vamos os três para a The Guvernement, o ponto da noite (um dos, na verdade) em Toronto. Mesmo antes de ‘A’ chegar, ‘E’ já me orientava como funcionava a noite lá: começava, de verdade, por volta da 1 am, e ia até 8 às vezes 9 am. Techno, acid house era o som predominante, e o pessoal ficava dançando até de manhã. Como? Boleta.
Anfetaminas, e outras “balas”. Só assim para aguentar. No trajeto entre a estação do metrô e a casa noturna, o papo foi sobre isso. Quem tomava e o quanto tomava, de quem comprar, quanto custava, em que situações tomar. Que isso era culpa do governo que, ao sobretaxar as bebidas alcóolicas, “incentivava” o uso dos estimulantes, que acabavam saindo mais barato que as cervejas e destilados, por exemplo. Conheciam alguns traficantes que vendiam. E eu só quieto, ouvindo.
O local, muito grande, com vários ambientes, com sons diferentes em cada um. Para entrar, revista minuciosa por duas meninas observadas de perto por um dos tradicionais seguranças 2x2. Lá dentro, um espaço imenso que vai se ligar aos outros ambientes, ainda não muito cheio, pessoal dançando. Vou ao banheiro. Ao entrar, estão cantando lá dentro… o hino do Inter!! Muito louco, mas não totalmente impensável: a The Guvernement é um local onde muitos brasileiros vão (na rápida fila antes de entrar, ouvíamos português quase o tempo todo).
Lá dentro, o trânsito da “balas” é fluido. Alguns vendem, muitos tomam. Eu fico de longe, só olhando. O som, que não é música, é som para dançar (provoção minha, claro), é contagiante, quase impossível ficar parado, imagina ainda sob efeito de anfetaminas…
Fico um tempo por lá, até por volta das 1h15 e vou embora para pegar o último metrô para casa, onde chego às 1h45, exausto.
Algumas coisas não são para mim.
Ou estou velho ou careta. Tanto faz.
Eu gosto assim.
4 comentários:
Nao sabia disso nao. Alias, imaginava, mas nao sabia porque ninguem nunca falava sobre isso.
Nunca fui na The Guvernment, ate porque marido e caseiro e eu tambem(logico, gostamos do nosso querido pub de vez em quando). Beijo
Nao ta ficando velho nao, é essa criancada que é "so like, so totally, so so much" sem nocao. Voce teve sorte, anfetamina nao fede quando eu fui na The Guv o pessoal tava fumando maconha num dos ambientes. Na area de nao fumantes. Nunca mais eu me meto nessas baladas...
Eu mandei o invite pro seu email no terra, ve se chega agora. Ai a gente comeca a organizar o EBS, que isso sim é balada pra gente velha, hahahaa.
Outra coisa: estou com as 2 primeiras temporadas do Monk, 4 CDs cada. Ja assisti tudo, faz tempo, hehehe. Se vc quiser emprestado é só pegar aqui.
Beijos!
MyGodOf... meu texto sem virgulas ficou uma coisa bonita...
Bom, vc decifra ai, hahahah!
Marcelo,
Por favor, não confunda velhice ou caretice com sabedoria. :)
Ciao
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