domingo, junho 19, 2005

A Sopa 04/48

Vocês não fazem idéia do que este tempo aqui no Canadá está representando e vai significar para a minha vida profissional e pessoal no futuro. Nem eu.

Melhor mudar de assunto, então.

O exílio (e falo do meu exílio canadense, que não o é no sentido mais comum da palavra) é composto ou formado por várias partes, ou etapas. Elas vêm em seqüência e se misturam, o início de uma não implicando necessariamente no final de outra. A melhor forma de ver – e a minha opinião é que conta, afinal é a minha vida e meu exílio – é como se fossem graus crescentes de complexidade.

A primeira fase, o início, foi a chegada aqui. O fato de ter vindo sozinho, deixando a vida que eu vivia para trás, fez com que fosse a fase mais difícil, ou mais sofrida. A culpa de ter vindo (não ter ficado ao lado daqueles que amava e amo) associada ao chegar a um lugar desconhecido, sem referências, sem contatos, foi como tirar o chão sob os meus pés. A sensação principal era a de ser um fantasma. As pessoas passavam por mim e não me viam, ninguém me reconhecia e eu não reconhecia ninguém. O momento desestabilizador. É como se te arrancassem do teu mundo e colocassem em outro, sem nada. Fica-se como um barco à deriva, perdido, flutuando no ar. É o momento de desistir: a tentação de fugir, voltar ao porto seguro é grande. É a primeira prova de resistência.

Respira fundo, uma, duas, três vezes. Para evitar o desespero, medidas práticas. Onde morar, burocracias mil, comprar coisas para o apartamento vazio. Isso enquanto não há uma rotina estabelecida, um roteiro a cumprir diariamente. Começar a criar as primeiras referências na cidade, no país.

A primeira fase é, em suma, “desintoxicação”. Aprender a viver sozinho, a conviver com e superar os fantasmas que todos temos. Viver sozinho (totalmente, sem conhecer ninguém, sem as referências locais próximas) não é simples, o início realmente é difícil. Mas é necessário, precisamos “ir ao fundo” para começar do zero. Temos que aprender por conta própria que somos capazes. Que somos fortes.

Continua no domingo que vem.

Até.

4 comentários:

Luly :) disse...

Bom dia!!!

Òtima semana pra vc!!

E pára de nos deixar com medo!! hahahahaha

Bjo

Anônimo disse...

Essa mudança não é nada fácil, mas nos faz aprender muita coisa. E pelo menos, você está em um ótimo país. Abraço.

Anônimo disse...

Uma mudanca dificil, complicada, dolorosa, mas que vai te ajudar muito no futuro! Beijo e continua firme na academia hein!

LRCD disse...

se eu fosse tentar explicar não conseguiria descrever melhor do que vc. Vc facilitou a minha vida. Se descrever já é difícil imagina viver! E eu acredito que só vou realmente conseguir ficar bem quando construir laços de amizade e identificação. Já estou trabalhando nisso ;o)