sexta-feira, setembro 02, 2005

Consultório Sentimental do Seu Sopa

Depois de meses sem mandar notícias, Ombro Amigo, consultor sentimental deste blog, reapareceu em Toronto. Quando perguntado sobre o que aconteceu em sua estada em Paris com Isabella, sua mais recente paixão, desconversou (“Ao trabalho, ao trabalho”). E volta respondendo a uma carta de uma leitora. Mas deixemos de conversa. Com vocês, Ombro Amigo:


Circunspecto Marcelo,

Sorria mais, meu caro amigo. Sinto uma volta da melancolia em teu blog? Não podemos deixar isso acontecer. Vamos trabalhar nisso, com certeza, mas não hoje. Hoje preciso ajudar uma leitora do teu blog que mandou um email. Depois de ajudá-la, vamos tratar do teu caso.

Diz a leitora:

“Caro Ombro Amigo,

Espero que possas me ajudar. Estou numa relação mais ou menos recente, e enfrentamos um problema: não sabemos lidar com momentos de "tensão" um do outro. Por algum motivo a comunicação se rompe e caímos no silêncio. Não nos entendemos e nos afastamos. O que fazer para resolver isso?

Grata pela atenção,

R (em.dificuldades@gmail.com)”

Cara Erre,

Pelo que pude depreender, vocês são um casal jovem, estão juntos há relativamente pouco tempo, ainda na fase em que as abóboras vão se ajeitando com o andar da carroça, se conhecendo, se entendo, entendo as razões e os motivos um do outro, conhecendo sua história passada (que é o que determina o hoje). Aprendendo a conversar, também.

Não é fácil, concordo e confesso que ainda lembro de como foi cada início de relação que vivi. Sabe como é, nem sempre falamos a mesma língua, ou, melhor, o que queremos dizer, a mensagem, às vezes ainda não é decodificada pelo nosso interlocutor da forma exata que gostaríamos. É um processo lento esse de encontrar a sintonia exata com o outro, e não falo aqui de gostar ou não, mas da comunicação, do olhar, das meias palavras, do significado dos silêncios e a medida certa da respiração.

São ajustes que levam tempo, e são trabalhosos. Até porque tudo isso dá trabalho, é um investimento de tempo e energia, como é com qualquer outra construção que temos de fazer. Criar uma terceira pessoa, que é o que vocês são quando juntos, é tarefa hercúlea, se quisermos ir além de uma relação superficial e curta.

De quem deve ser a inciativa de manter a conversa, de não deixar o silêncio ser uma barreira, um muro? Não importa, vocês só não podem deixar isso acontecer.

Como dizem por aqui, take care.

Eu volto.

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