domingo, fevereiro 02, 2025

A Sopa

A Inquietude da Alma.


Uma das definições de tédio é a sensação de lenta passagem do tempo sem propósito, que muitos associam com monotonia, atividades repetitivas, entre outras. Pensei nisso a partir de uma mensagem recebida de um amigo, em um grupo, em que comentava que a última vez que havia ficado entediado havia sido há mais de trinta anos.

 

Minha primeira resposta foi de que eu não lembrava também, mas imaginava que havia sido ainda antes, lá pelos anos oitenta do século passado. Ou seja, há mais de quarenta anos.

 

Só que fiquei pensando se me referia a tédio mesmo ou a outra coisa, a momentos em que não havia preocupações com a vida, inquietações de qualquer tipo. Em que poderia passar longos períodos deitado olhando para o teto sem pensar em nada, ou em ninguém. Quando o futuro era um livro em branco esperando para ser escrito, e não se tinha nenhuma pressa em começar a escrever. 

 

Como aquelas tardes de verão na praia, logo após o almoço, quando os adultos estavam em período de sesta, e o silêncio dominava, e sentávamos em frente à casa na sombra das árvores, às vezes olhando em direção ao sol de olhos fechados sentindo o calor no rosto. O tempo realmente parecia passar mais lentamente, mas era tédio o sentimento presente?

 

Quando foi a última vez que pudemos passar um tempo sem nenhum pensamento sobre o futuro, próximo ou distante, não importa, ou sobre o passado? Sem ansiedades ou culpas, apenas estando presentes. Quando é que passamos a sempre estar com alguma obrigação ou compromisso ou plano? Quando perdemos a capacidade de abstrair da realidade e termos um momento livre, de mente inteiramente ‘vazia’?

 

Meditação seria isso? Seria a forma de nos desligarmos da realidade por um tempo e apenas sermos partes do todo?

 

Não sei.

 

Pensando assim, o tédio pode ser bom.

 

E você, quando foi a última vez que se sentiu entediado?


Até.